segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A volta dos gauleses

Alonso e Flavio Briatore, chefão da Renault: acordo firmado (foto: Motorsport)

Por Otto Jenkel

Acabou. Depois de tantas especulações, Fernando Alonso acabou tomando a decisão mais provável e a menos arriscada: voltar à Renault, equipe em que foi bicampeão mundial em 2005/2006. O veredicto do espanhol acabou decepcionando algumas pessoas que esperavam uma decisão mais ousada. Pode ser. Mas não resta dúvida que, colocadas as opções na mesa, o retorno à equipe francesa seria a mais viável. Algumas dessas, aliás, beiravam o absurdo.

Duas foram muito cogitadas: ter um ano sabático, ou seja, retirar-se por um ano, e voltar numa equipe mais forte, leia-se Ferrari, em 2009. Em primeiro lugar, se ausentar durante um certo período é sempre um risco. O piloto perde o contato com as inovações técnicas e, além disso, tem uma perda de habilidade motora e física, que só a disputa de corridas regulares pode suprir. Muitos falam que Alain Prost - que se retirou em 1992 para retornar à F1 pela Williams no ano seguinte e ser o campeão - seria um bom exemplo. Nada mais falso.

A equipe inglesa era muito superior às demais na época, mas ficou evidente que, mesmo sendo campeão, o francês já não era o mesmo piloto. Tanto que, embora ele tenha se retirado definitivamente no final de 1993, com o título e sete vitórias, todas as glórias ficaram para Ayrton Senna, que conseguiu inacreditáveis cinco vitórias com um McLaren nitidamente inferior, no que é considerado o maior vice-campeonato da história.

Tão absurda como essa hipótese foi a que surgiu na última semana, quando colocaram Alonso de volta à McLaren. O motivo: os dois principais patrocinadores da equipe de Wöking - Vodafone e Santander - serem espanhóis e não terem engolido o seu compatriota ser alijado da equipe. É provável que eles não tenham gostado. Certo até. Mas depois de tudo que aconteceu esse ano, não haveria a menor hipótese de uma reconciliação entre Alonso e a cúpula da McLaren, qualquer que fosse o patrocinador.

As outras possibilidades para o espanhol envolviam uma boa dose de risco. Desembarcar na Red Bull, Honda, Toyota ou BMW. Não se sabe até que ponto houve interesse de uma dessas equipes em ter os serviços do espanhol em 2008, talvez nunca se saiba. Mas é certo que houve um affair entre alguma(s) e Alonso. Não é todo ano que um piloto do quilate do espanhol fica dando sopa no fim de uma temporada. No fim de 1983, Alain Prost foi despedido da Renault, e Ron Dennis não pensou duas vezes em mandar embora John Watson e colocar o francês em seu lugar para fazer companhia a Niki Lauda, no que seria uma das maiores duplas da história da F1. Começava então uma Era de ouro para a equipe inglesa.

Mas os tempos são outros. Das opções, fora Renault, todas seriam mais ou menos arriscadas. Talvez a mais interessante fosse a da BMW, que surgiu como a terceira força da temporada de 2007. No entanto, existe uma política nacionalista dentro da equipe que favorece os pilotos alemães (como Heidfeld e Vettel) ou com histórico no automobilismo germânico (que é o caso de Kubica). Talvez nunca tenha existido sequer uma proposta para o espanhol vindo dos alemães. Seria a melhor proposta, se ela tivesse acontecido.

As outras hipóteses envolviam um processo de recuperação de equipes que perderam o bonde da história, como Toyota e Honda, e outra que ainda precisa se firmar como uma equipe de fato da F1, como é o caso da Red Bull, que parece ainda se preocupar mais em festas e eventos do que em resultados em pista. O risco para o espanhol seria altíssimo se a decisão caísse em qualquer dessas equipes. A Renault seria a decisão natural, como acabou sendo.

A pergunta que fica agora é: será que Alonso é candidato ao título em 2008? Numa primeira análise, não. A equipe francesa não ganhou sequer uma corrida este ano, e pior do que isso, ficou em um patamar muitíssimo inferior tanto à Ferrari quanto à Mclaren. Mas voltemos a 2005. Alguém poderia imaginar no início daquela temporada que a Renault seria a campeã? Ela venceu uma única corrida em 2004, no sempre imprevisível GP de Mônaco, quando Jarno Trulli fez a corrida de sua vida. No resto, foi engolida pela Ferrari, que ganhou 15 dos 18 GPs da temporada. Em poucos meses de intervalo de um ano para o outro, tudo mudou. Nem sempre a história se repete, e a tarefa do espanhol não será nada fácil. Mas seria prematuro descartá-lo como um aspirante ao título.

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O sobrenome Piquet volta à F1 depois de 17 anos de ausência. Nélson Ângelo Piquet foi confirmado como piloto da Renault para a temporada de 2008 desbancando Giancarlo Fisichella e Heikki Kovalainen, os outros postulantes à vaga. Nelsinho se tornou o primeiro piloto brasileiro a correr na equipe francesa na história da F1, e o terceiro que representará o país no Mundial que se inicia em março, com o GP da Austrália.

Mal a notícia foi divulgada, a mídia brasileira já bombardeou o público com duas afirmações completamente distintas. A primeira é a de que Nelsinho não terá a menor chance na Renault tendo Alonso como companheiro de equipe. E a outra diz o contrário, que ele pode se tornar uma nova pedra no sapato do espanhol como foi Lewis Hamilton na McLaren. Qual será o peso dessas duas afirmações? Esse será o tema da próxima coluna.

* * *

Depois de um ano terrível em que a melhor colocação foi um segundo lugar conseguido, por acaso, no conturbado GP do Canadá, com Kovalainen, a Renault teve essa semana o seu melhor momento de toda a temporada. Flávio Briatore ao anunciar a volta de Fernando Alonso à equipe francesa e a contratação de Nelsinho Piquet como companheiro do espanhol, voltou aos holofotes, um lugar que ele sempre gostou de estar. Em uma só cartada, ele juntou a experiência de um bicampeão do mundo com a juventude de uma futura promessa. Uma tacada de mestre. A Renault de mera coadjuvante em 2007, passa a ter uma das duplas mais interessantes para a próxima temporada. Os gauleses estão de volta.

Otto Jenkel trabalhou no FOCA TV, cobrindo o GP do Brasil, quando a prova era disputada no Rio. Acompanha Fórmula 1 desde meados da década de 70, "quando a F1 era perigosa e o sexo seguro, hoje inverteu". Leia sua última coluna sobre automobilismo clicando aqui.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Show me the money!

Boras, o negociador mais odiado da MLB, é homenageado no cartaz

Por Fernando Andrade

Certamente, quem viu o filme Jerry Maguire conhece a frase “Me mostre o dinheiro!”, tão gritada por Rod Tidwell (Cuba Gooding Jr.) para seu agente, Maguire, interpretado por Tom Cruise. Se jogasse beisebol, Tidwell não teria dúvidas sobre quem contratar para defender seus interesses.

Como sempre acontece entre as temporadas de qualquer esporte, as negociações seguem fortes no beisebol americano, mas um dos nomes mais comentados, e odiados, não é de um jogador, mas do agente Scott Boras que, entre outras coisas, foi o responsável pela decisão do terceira base Alex Rodriguez, que optou por encerrar seu contrato com os Yankees três anos antes do previsto, tornando-se um free agent.

Muitos os criticam, dizendo que Boras fez o beisebol um esporte pior. Obviamente, se referem ao fator econômico, já que o agente super-inflacionou o mercado do beisebol, com suas altas exigências e contratos que, para muitos clubes, tornam-se intangíveis. Como diz o slogan em seu site na internet, a Boras Corporation está sempre “Servindo os Atletas do Beisebol”. Ao lado disso, está sempre irritando os proprietários dos clubes da Major League.

Ninguém é ingênuo a ponto de acreditar que Scott Boras lutaria tanto por seus clientes, se não fosse receber polpudas comissões todas as vezes em que concluísse uma negociação. Até aí, não vejo problema nenhum. Afinal, os jogadores são atletas profissionais e podem lutar para ter contratos melhores. Assim como os agentes que os representam têm direito a lutar por melhores valores de contratos e, conseqüentemente, maiores comissões. Afinal, eles também têm família, por mais que alguns pareçam não ter mãe.

Apesar de considerar justo que um representante de jogadores lute para dar mais dinheiro a seus clientes, a ganância de Scott Boras parece não ter limites. Mais que isso, extrapola o mundo do beisebol.

Fazendo pesquisa para escrever essa coluna, descobri uma estória que, se verídica, é para revoltar qualquer pessoa, exceto Scott Boras, claro!

De acordo com algumas páginas da internet, em 2004 Boras teria pedido 35 milhões de dólares para ajudar Danny Corgin, um garoto de oito anos que se afogava no mar perto da casa do agente, em East Hampton, no estado de Nova Iorque.

A criança nadava em uma praia particular quando foi pego por uma correnteza e começou a se afogar. Enquanto o garoto chorava desesperado por socorro, Boras relaxava em seu iate e, ao escutar os apelos da avó do garoto, Scott Boras recusou a acudir o menino, a menos que a avó aceitasse sua proposta.

Por fim, o garoto foi resgatado por um barco de pesca que se aproximou para ajudá-lo, uma vez que o proprietário do iate mais próximo não conseguiu a merreca que pediu para evitar que Danny morresse afogado.

Depois, para seu grupo de amigos, Scott Boras explicou que não deixaria o garoto morrer afogado, mas que estava apenas exercitando o bom senso de negociador. Além disso, se disse muito decepcionado a avó da criança, que se recusou a pagar o valor pedido por ele. Afinal, “quanto vale a vida de uma criança de oito anos”?

Não sei se essa estória é verdadeira ou não, mas, a julgar pela fama de Scott Boras, não duvido dela.

***

Em tempo, desculpem-me por minha ausência nas últimas semanas, mas o gênio que vos escreve deletou o Office por engano.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Fim de uma novela, começo de outra

Varejão: lua-de-mel com a torcida pode ter terminado (foto: AP/Mark Duncan)

Por Marcelo Monteiro

Fim da novela. Uma novela marcada por muita discussão, brigas, um suposto vilão a impedir o “casamento”, flertes com outros “amores”, blefes, emoção, reviravoltas e, no fim, os dois protagonistas terminam juntos, felizes para sempre. Felizes? Para sempre?

Anderson Varejão e Cleveland Cavaliers discutiram por meses a renovação do contrato do jogador. Aparentava ser uma negociação simples. O clube estava satisfeito com o atleta, que parecia também demonstrar alegria em jogar pelo clube, e a torcida queria sua permanência. Mas o dinheiro entrou na jogada e “contaminou” a relação que parecia ser um conto de fadas.

Contratado pelo brasileiro, o agente Dan Fegan, detestado pela maioria dos dirigentes de times da NBA, teria feito um pedido inicial de US$ 52 milhões por seis anos de contrato (8,6 milhões por temporada), segundo a imprensa dos EUA. O Cleveland achou a proposta absurda e ofereceu US$ 32 milhões por cinco anos (6,4 milhões por temporada). Foi a vez de o brasileiro rejeitar. Depois, o Cavs acenou com US$ 1,2 milhão por uma temporada. Pouco mais do que Varejão embolsou na temporada passada (US$ 945 mil). Também recusada.

Quando já se comentava nos EUA que o brasileiro iria recorrer a um tribunal para tentar se livrar do Cleveland, surgiu a esperança: na terça-feira, dia 4, o Charlotte Bobcats apresentou uma proposta de US$ 17 milhões por três anos (5,6 milhões por temporada), com a possibilidade de o jogador ser liberado do clube após o segundo ano de contrato. Varejão topou.

Pelo fato de o ala-pivô ter passe livre restrito, o Cleveland tinha o direito de igualar a oferta e ficar com o jogador. Tinha uma semana para decidir. Precisou apenas de um dia: aceitou pagar o valor, com a mesma cláusula de liberação.

Quem saiu vencedor da negociação? Na minha opinião, nenhuma das partes. O Cleveland Cavaliers vai pagar menos do que chegou a oferecer ao jogador, mas terá “sob controle” um atleta de muito potencial por apenas duas temporadas.

Varejão passa a ter um ótimo salário (o mesmo de Leandrinho no Phoenix) e poderá aumentá-lo daqui a dois anos, se mostrar evolução, o que é provável. Vai jogar em um elenco bem melhor que o do Charlotte, onde certamente comemoraria um número bem menor de vitórias. Mas o desfecho não deve ter lhe agradado. Afinal, ele disse que gostaria de jogar em uma outra equipe. Fora isso...

Se não houve vencedor, pode-se se dizer que alguém perdeu? Para essa resposta, marcaria um X em uma das alternativas: Anderson Varejão perdeu mais com a novela.

Sua imagem com a diretoria do clube, com os demais jogadores do Cavs e com a torcida está seriamente abalada. Com os dirigentes, por motivos óbvios e nem tão graves: tentou se valorizar ao máximo, contratou um dos agentes mais duros da NBA e volta com um contrato bem reajustado e flexível.

Com os colegas de time, deverá encontrar um clima pouco amistoso. Na semana anterior ao acordo, o brasileiro concedeu uma entrevista ao site ESPN.com, afirmando que estava ganhando bem menos do que outros atletas do elenco que não tinham conseguido em quadra um desempenho tão bom quanto o dele. Uma declaração obviamente mal recebida.

"Acho que ele constrangeu alguns de nós de um modo errado. Uma das coisas que você não faz nessa liga é comparar sua situação com a de outro, porque todos são diferentes. Quase não acredito que ele disse isso, porque antes ele havia dito que adora todos seus companheiros", afirmou um atleta do Cavs, sem ser identificado, ao diário "Plain Dealer", e citado pelo UOL.

Com a torcida, também deverá encarar um ambiente adverso. Se, na temporada passada, era um dos favoritos da galera - muitos torcedores vestiam nos jogos uma peruca simulando sua cabeleira -, agora precisará jogar muito para não ouvir vaias. O torcedor típico não entende que o atleta é profissional. Tem que jogar por amor ao clube. Se manifesta o desejo de sair, é mercenário. E a tendência é que o atleta, que perdeu a pré-temporada da equipe, leve tempo para entrar em forma.

Varejão volta às quadras em um outro patamar. Com mais dinheiro no bolso, mas também com muito mais responsabilidade. E não será recebido com sorrisos nos rostos (se surgirem, serão falsos). Terá que convencer dirigentes, colegas e torcedores. E até os árbitros, orientados pela liga a punir faltas cavadas, uma das especialidades do brasileiro. É um desafio. Uma nova novela começa.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

No centro do universo

Egocentrismo de Alonso anda saciado nas últimas semanas (foto: Reuters)

Por Otto Jenkel

Nesse fim de ano, todas as atenções poderiam estar sobre Kimi Raikkonen, que ganhou merecidamente, diga-se de passagem, o Mundial de F1 de 2007 estabelecendo a maior reação da história. Ou mesmo sobre Lewis Hamilton, que foi a grande sensação do ano, apesar dos erros infantis no fim da temporada que o fizeram perder o campeonato mais ganho já visto. Mas não. Nem um, nem outro. Todos os holofotes estão sobre o bicampeão mundial Fernando Alonso, que, sozinho, trava praticamente todo o mercado de pilotos para 2008. E isso não é exagero.

Das 11 equipes que participarão do Mundial do ano que vem, apenas duas, Ferrari e Williams, declararam definitivamente a sua dupla de pilotos para a próxima temporada, que são, respectivamente, Kimi Raikkonen/Felipe Massa e Nico Rosberg/Kazuki Nakajima. Todas as outras estão, direta ou indiretamente, esperando a decisão do espanhol. Queiram ou não, o homem está podendo, e seus inúmeros detratores, que não são poucos, devem estar em polvorosa.

Arrogante, mimado, mal-caráter, egocêntrico, são alguns dos adjetivos utilizados para definir a personalidade desse espanhol. Se essas definições são verdadeiras não cabe aqui discutir, mas a última deve estar incomodando demais esses detratores: egocêntrico. Se ele o é, deve estar se sentindo no centro do Universo e não é à toa. Qualquer mudança de peça do espanhol mexe com todo o tabuleiro do mercado de pilotos. Vamos a ele.

Das nove equipes indefinidas, em cinco Alonso pode desembarcar: Renault, Red Bull, Honda, BMW e Toyota. As outras quatro podem ser modificadas com essa decisão: McLaren, Toro Rosso, Super Aguri e a Force India (ex-Spyker). A cada semana surgem boatos jogando o espanhol de um lado para o outro. Se, há um mês, a Renault era favorita, passadas essas semanas este favoritismo já passou para a Red Bull, voltou para a Renault, e depois passou rapidamente até surpreendente Honda, que aparentemente corria por fora. Hoje, Renault e Red Bull, nessa ordem, encabeçam a lista. Essa onde de boatos deixou o mercado agitado, todos esperando a palavra final de Alonso.

Comecemos pela Renault. Heikki Kovalainen, Giancarlo Fisichella e Nélson Ângelo Piquet, dependem da definição do espanhol. O finlandês pode parar na McLaren, o que seria uma troca de pilotos com Alonso indo para a Renault. Piquet parece ter a equipe francesa como única opção, já que a Williams, o outro possível destino do brasileiro, definiu sua dupla. Vira piloto titular ou continua como piloto de testes. Fisichella corre o risco de pendurar o capacete. Não seria má a idéia. Flávio Briatore parece ter chegado no limite da paciência com o italiano.

A Red Bull, caso seja o novo endereço de Alonso, se livraria de David Coulthard, que seria transferido, ou rebaixado, melhor dizendo, para a irmã menor, a Toro Rosso, que teria que deixar o francês Sebastien Bourdais na mão. Mark Webber está garantido na Red Bull, assim como Sebastian Vettel na Toro. O mesmo caso aconteceria com a Honda com a chegada do espanhol: manteria Jenson Button e rebaixaria Rubens Barrichello para a Super Aguri para fazer dupla com Takuma Sato. O inglês Anthony Davidson ficaria de stand by.

Em stand by ficariam também Robert Kubica, da BMW, e Jarno Trulli, da Toyota, caso o "Príncipe (ou sapo, como queiram) das Astúrias" aterrisasse por essa bandas. Garantido apenas Nick Heildfeld na equipe alemã e Timo Glock na japonesa. Até a nanica estreante Force India se envolve nesse imbróglio todo, e curiosamente com a gigante McLaren. Enquanto Lewis Hamilton reina absoluto na equipe de Wöking como principal piloto, o alemão Adrian Sutil da Force, um dos candidatos à vaga na McLaren, pode não se tranferir para a equipe inglesa caso esta acerte com Kovalainen, que estaria de saída da Renault, por causa de... Alonso.

Pronto. Demos um giro rápido no mercado de pilotos, qualquer movimento de peça do espanhol altera todo o tabuleiro. Essa coluna já falou semana passada dos possíveis destinos de Alonso. Agora, do mercado em geral nas mãos de um só homem. Essa história já está se arrastando demais. O egocentrismo do espanhol parece mais do que justificado, para a tristeza dos detratores. Não se fala de outra coisa. Nem poderia.

Otto Jenkel trabalhou no FOCA TV, cobrindo o GP do Brasil, quando a prova era disputada no Rio. Acompanha Fórmula 1 desde meados da década de 70, "quando a F1 era perigosa e o sexo seguro, hoje inverteu". Leia sua última coluna sobre automobilismo clicando aqui.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Impasse na NBA

Varejão ajudou Cavs, de LeBron James (esq), a chegar à final da NBA (foto: nba.com)

Por Marcelo Monteiro

Se você perguntar para dez jogadores de basquete do planeta onde eles gostariam de jogar, a resposta das dez será NBA. Apesar da má fase do basquete nacional, alguns brasileiros conseguiram realizar o sonho de atuar ao lado dos melhores jogadores do planeta. Atualmente, a liga conta com três representantes do Brasil. Leandrinho (em excelente fase no Phoenix Suns), Nenê (mais uma vez às voltas com problemas físicos) e Marquinhos, último dos reservas do New Orleans Hornets (dois minutos em quadra na temporada, zero ponto, zero rebote, zero assistência).

Mas não está faltando alguém? Um brasileiro não disputou a final da NBA na temporada passada, se tornando o primeiro a conseguir o feito? Sim, disputou. Mas, no momento, em vez de estar cruzando os EUA de Leste a Oeste atrás da bola laranja, está em Vitória (Espírito Santo), treinando para não perder ainda mais a forma física.

Se o sonho de dez em cada dez atletas da bola ao cesto é jogar na NBA, Anderson Varejão admite mudar de ares, fugindo da unanimidade. Em entrevista ao site da ESPN, o brasileiro afirma que não deseja continuar no Cleveland Cavaliers após as feridas causadas por meses de impasse sobre a ampliação do contrato. Seu desejo seria ser trocado, vestindo outra camisa na NBA. Mas não descarta fazer o caminho de volta, trocando a liga milionária pela Europa, onde defendeu com sucesso as cores do Barcelona.

Varejão diz não se sentir confortável em ganhar menos do que colegas de time que tiveram, em sua opinião, um desempenho inferior ao dele. E afirma apenas "querer ser tratado de forma justa. E acho que Danny não está fazendo isso".

O citado é Danny Ferry, ex-jogador do Cavs e Spurs e principal dirigente da equipe do estado de Ohio. Ele garante que a proposta feita pelo clube é muito boa para o jogador.

Varejão nega estar exigindo um salário anual na casa dos US$ 10 milhões, conforme noticiado por veículos de imprensa dos EUA. E teria recusado uma oferta de US$ 32 milhões por cinco anos de contrato (US$ 6,4 milhões anuais), segundo o ESPN.com.

O Cavs tem a seu favor o fato do jogador ter "passe livre restrito". Pela regra, tem direito a ficar com o atleta se igualar qualquer oferta feita por outra equipe. Para o Cavs, só interessa assinar um contrato de longa duração. Na próxima temporada, Varejão passa a ter 'passe livre irrestrito', liberado para acertar com qualquer time. Detalhe: Varejão tem contrato em vigor, mas o impasse sobre a ampliação do acordo afastou o jogador das quadras.

Varejão foi peça importante para o Cleveland ganhar o título da Conferência Leste na temporada passada. Nada mais lógico que seu agente desejasse capitalizar para seu cliente esse sucesso. A expectativa do staff do jogador era que vários times fizessem ofertas para contar com o ala-pivô. O Memphis Grizzlies teria mostrado interesse, mas diante da resistência do Cavs em não ceder o jogador, desistiu.

Agora, no mercado de rumores da NBA, se comenta o interesse do Miami Heat. Aos 25 anos, Varejão levaria força e juventude ao time, ajudando Shaquille O'Neal, que já sente os efeitos do passar dos anos.

O brasileiro é assessorado pelo agente Dan Fegan, considerado um dos mais duros negociadores da NBA. A questão é saber se até que ponto resistir e quando se deve ceder. Ter um ano sabático é uma faca de dois gumes. Ficar um ano parado tira o atleta dos holofotes e faz ele correr o risco de perder espaço. Mas se o Cavs, sem o brasileiro, não repetir a boa campanha do ano passado, sua falta pode ser muito sentida. E seu passe ser valorizado. Quem vai jogar a toalha? Façam suas apostas.

Bandejas

- Seguem minhas escolhas para o All-Star 2008:

Leste: Jason Kidd, Dwayne Wade, LeBron James, Kevin Garnett e Dwight Howard
Oeste: Steve Nash, Kobe Bryant, Dirk Nowitzki, Carmelo Anthony e Tim Duncan

E as suas? Escale seus times na caixinha de comentários.

- Se você optar por Tim Duncan como eu, saiba que o supercraque do San Antonio deverá ter que se contentar com o banco de reservas. Os bilhões de chineses dificilmente deixarão de garantir o posto para Yao Ming.

- Escolha rápido dois nomes desta lista: Allen Iverson, Kobe Bryant, Manu Ginobili, Steve Nash, Tony Parker, Tracy McGrady? É, fica difícil para Leandrinho arrumar uma vaga no All-Star com esses concorrentes pelas vagas de “guard” na seleção do Oeste.

Marcelo Monteiro mal chega a 1,70m, mas é mortal nas bolas de três. Torcedor fanático do Atlanta Hawks, trabalhou por nove anos em sites das Organizações Globo. Hoje, empresta seus conhecimentos à Textual Assessoria. Escreve sobre basquete às quartas-feiras.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Ameaça ao ecossistema das celebridades

Xuxa com Pelé: hoje, jogadores preferem celebridades prontas (foto: arquivo pessoal)

Por Odisseu Kapyn

É fato que no mundo das celebridades de hoje, os jogadores de futebol são figuras importantíssimas. Há alguns anos, eles não eram tão famosos. Quer dizer, quem se ligava em futebol sabia quem era aquele sujeito se desse de cara com ele ou citassem seu nome. Mas era difícil um cidadão de classe média passar por um jogador na rua, já que os craques muitas vezes moravam mal, em comunidades afastadas. Ganhavam pouco. Mas o tempo foi passando, o futebol virou uma máquina milionária e os caras começaram a faturar mais alto.

Ao mesmo tempo que o esporte bretão se profissionalizou e enriqueceu, o culto às celebridades foi ganhando corpo. Aí, é claro, não tinha como os dois universos se cruzarem, fazendo de alguns jogadores verdadeiros pop stars. Nada contra. Afinal, os jogadores têm muito mais talento do que o sujeito que simplesmente ficou alguns meses falando besteira dentro de uma casa trancada e aparelhada com câmeras escondidas.

Mas hoje os jogadores de futebol estão criando um problema sério de desequilíbrio no ecossistema das celebridades. E tudo tem a ver com sua procriação, que saiu dos eixos habituais. Vejam bem a situação e acompanhem o intrincado raciocínio, que carece de atenção do leitor, além de um certo conhecimento de mídia (mas nada com que todos nós já não estejamos acostumados).

Jogador de futebol bem sucedido sempre teve direito de pegar mocinhas bonitas, como qualquer pessoa de dinheiro. Eles faziam isso com Marias Chuteiras, namorando e até casando com beldades que se tornariam conhecidas apenas como a mulher do craque Fulanílson. Era mais uma forma de distribuição de renda através do futebol, beneficiando não só o pobre sujeito bom de bola, mas também a pobre gostosa boa de cama.

Ora, quem era Mônica Santoro antes de conhecer Romário? Foi só graças ao Baixinho que a moça chegou a ter um programa na TV. E, pelo amor de Deus, quem era Xuxa antes de ser mais um dos mais de mil gols de Pelé?

Mas, ultimamente, os atletas passaram a pegar mulheres já famosas, desde dançarinas até apresentadoras de TV. Os jogadores estão entrando definitivamente para o clubinho VIP das celebridades. Isso é péssimo para nosso ecossistema, está causando um desequilíbrio que precisa ser denunciado e combatido.

Ora, se antes uma desconhecida beldadezinha qualquer quisesse tirar o pé da lama desposando um jogador de passe valorizado, bastava aparecer nos pontos de abate habituais desses predadores, como boates e churrascarias. Agora elas vão precisar primeiro se tornar famosas para só então poderem chegar até os atletas. Isso gera a necessidade de um número ainda maior de famosos nos cenários, acentuando o desequilíbrio de nosso já frágil meio ambiente, saturado de pessoas conhecidas pelo público.

Assim, para que cada craque encontre sua parceira – não apenas para cópula, mas para procriação –, será necessário que surjam, digamos, seis ou sete novas celebridades de status mediano (os estudos ainda não estão em estágio avançado e o número é impreciso). A mídia já encontra dificuldades em construir todas essas novas celebridades para servir à cama dos jogadores.

Uma das formas encontradas pela indústria foi transformar simples modelos e manequins em gente famosa, chamando-as de top model. Muitas chegaram a cruzar e até desposar nossos craques, mas já há riscos de que elas não dêem vazão. A indústria dos ex-BBBs também já está tendo seus recursos esgotados.

Ou criamos uma nova categoria de “profissionais famosas” (há propostas de transformarem as melhores atendentes de telemarketing em novas celebridades), pondo em risco a capacidade de tolerância do público, ou voltamos com os hábitos antigos dos jogadores.

Eu voto pela segunda opção, num processo que poderia contar com a reeducação sexual dos craques, deixando-os isolados por um tempo em casas trancadas com câmeras, em convívio apenas com Marias Chuteiras. Dali, o craque só sairia ao casar e engravidar a moça. As fitas com o registro das cenas seriam postas à venda, é claro.

Odisseu Kapyn acredita na capacidade das profissionais do ramo. Ganhou fama no Cocadaboa. Hoje, escreve na Revista M... e no blog Humor Marrom, e faz comédia stand-up com o grupo Ponto Cômicos na Casa da Piada, em Copacabana. Faz suas gracinhas aqui aos domingos.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Pobreza e riqueza

Peça da coleção de Marcelo Monteiro: cartão de identidade de Juvenal na Copa de 50

Por Marcelo Monteiro

Nos últimos dias, alguns fãs do futebol - inclusive este escriba - ficaram chocados com dois fatos divulgados pela imprensa nacional: o estado de abandono em que se encontra o ex-zagueiro Juvenal, titular da seleção brasileira na Copa de 50, e a decisão do “patriota” Zagallo de vender no exterior peças históricas do futebol brasileiro.

A triste situação enfrentada por Juvenal, vivendo quase preso a uma cama de um casebre em péssimo estado no interior da Bahia, com problemas de saúde e contando apenas com a boa vontade de vizinhos que também sobrevivem com dificuldades, é algo revoltante. Revoltante por saber que a Confederação Brasileira de Futebol não se interessa por quem já defendeu o país, por saber que o Palmeiras, que fez festa para comemorar a suposta decisão da Fifa de considerar a Copa Rio de 1951 como título mundial, não sabia - ou fez pouco caso - da situação vivida por um dos titulares do time que deu ao clube a sua maior glória.

Considerado um dos vilões da derrota para o Uruguai na final de 50 - junto com Barbosa e Bigode -, Juvenal, após deixar o futebol, sempre procurou evitar o contato com jornalistas. Algo compreensível. O assunto das conversas quase sempre era um só: tentar explicar algo inexplicável, a derrota no Maracanã em 16 de julho de 1950.

Não defendo que CBF e clubes tenham que sustentar todos os jogadores que representaram suas cores. Mas estas instituições deveriam se preocupar com o destino daqueles que um dia foram alvo de muitos tapinhas nas costas por parte de cartolas. Em 2001, o Palmeiras fez festa para lembrar os 50 anos da conquista. Levou Juvenal e outros ex-jogadores para uma comemoração em São Paulo. E depois...

Enquanto um zagueiro com passagens pelo Flamengo, Palmeiras, Bahia e titular do Brasil na final de uma Copa do Mundo vive na miséria, outro ex-titular da seleção brasileira colocou mais uns bons trocados no bolso. Zagallo sempre foi questionado por grande parte da imprensa: para muitos, não foi um grande jogador - teve sorte por Pepe se machucar pouco antes das Copas de 58 e 62 e, assim, figurar na foto dos dois títulos mundiais. Como treinador, sempre foi questionado: ganhou a Copa de 70. Mas também com aquele time? Seria ultrapassado, mais sortudo do que competente.

Sempre tive um respeito pelo Velho Lobo. Nas vezes em que estive diante dele em entrevistas, sempre me tratou bem. Fora seus inimigos, sempre foi cortês com os jornalistas. Mas o único tetracampeão mundial caiu muito em meu conceito ao saber que algumas das relíquias que cultivou na longa carreira esportiva seriam vendidas em um leilão na Christie's. Mas logo ele, que sempre defendeu a amarelinha como segunda pele, iria se desfazer de amarelinhas como a que usou na final de 62 e a que Pelé lhe presenteou no intervalo da decisão de 70? E mais a azulzinha que vestiu na final de 58?

Qual o argumento para isso? Nenhum plausível. Se há algo que Zagallo não pode reclamar é de sua situação financeira. Vive confortavelmente em um dos mais conhecidos condomínios da Barra da Tijuca (lembra da casa em que vive Juvenal? Pois é. Nada a ver). Fruto de anos de trabalho muito bem remunerado no Oriente Médio, onde recebeu alguns milhares (milhões quem sabe) de petrodólares, e na CBF, onde também era muito bem pago.

Para colocar o Velho Lobo nessa triste situação entrou em cena o filho Mário César, que se apresenta como empresário de jogadores e ficou conhecido pela patética cena de choro em uma entrevista de TV, defendendo seu pai das críticas de jornalistas e torcedores na época da Copa de 98. E teoricamente o herdeiro da coleção de relíquias esportivas do país (camisas e chuteiras). Filho mais velho do ex-treinador, Paulo Zagallo, em entrevista a Thiago Dias (GloboEsporte.com), se manifestou contra a venda da camisa de Pelé no primeiro tempo da final de 1970, que teria sido um pedido dele ao pai.

Indagado sobre a razão de comercializar no exterior artigos tão caros ao futebol brasileiro, Mário César foi insensível ao dizer que "se os clubes brasileiros não conseguem segurar os jogadores, eu também não consigo segurar estes itens". Por qual razão não consegue segurar? Está passando fome? Precisa do dinheiro para uma cirurgia de emergência? Para fazer um curso? Em se tratando de um dos herdeiros de Zagallo, difícil acreditar em questão de necessidade.

A empáfia do 'Zagalinho' virou revolta dias depois com os valores alcançados pelas peças, bem abaixo da expectativa. O valor arrecadado foi de R$ 480 mil. Se descontar a taxa da casa de leilões (em torno de 20% em leilões nacionais) e impostos, o que o filho do Velho Lobo vai embolsar deve cair pela metade. Ou o equivalente ao que o pai ganhava em um, dois meses trabalhando como assistente-técnico de Carlos Alberto Parreira. Trabalho cuja parte do tempo usava para aumentar sua coleção de camisas. Lembra da cena ridícula do veterano tentando passar uma camisa da seleção (não usada) para um jogador croata e sendo solenemente ignorado?

Zagallo tem lugar reservado no panteão dos grandes nomes do futebol mundial. Mas sua biografia ficará manchada pela decisão - influenciada pelos maus conselhos do filho - de vender sem razão compreensível peças que deveriam permanecer no Brasil, apesar do descaso de dirigentes e governantes em relação à memória esportiva do país. Descaso que também atinge jogadores que, por inúmeras razões, não conseguiram vencer uma Copa do Mundo (talvez por não contarem com Pelé e/ou Garrincha ao lado) e acumular a fortuna de outros mais sortudos. E que hoje não tem mais o que leiloar.

Marcelo Monteiro trabalhou por nove anos
em sites das Organizações Globo. Hoje, empresta seus conhecimentos à Textual Assessoria.
Escreve no Por Esporte às quartas-feiras.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Viva a banda larga!

MyP2P: Jogos da NBA todas as noites, ao vivo, de graça, para quem tem banda larga

Por Vitor Sérgio Rodrigues

Ver cinco jogos da NBA, ao mesmo tempo, no Brasil sempre foi algo impossível. Foi, pois atualmente basta ter uma internet banda larga, que qualquer amante do basquete consegue conferir todas as emoções do melhor basquete do mundo. Graças à popularização desse tipo de acesso no país e à “caridade” de alguns americanos, que conseguem disponibilizar o sinal de canais de televisão do mundo todo pela grande rede.

Foi vendo toda a rodada da NBA que passei a noite de sexta-feira (ainda que essa informação me custe ser “sacaneado” por Bernardo Calil, o notívago “publisher” deste Por Esporte). Graças ao um link bendito que eu descobri no site MyP2P (um site específico para quem quer ver televisão de outros países pela internet), tive acesso a todos os jogos da noite, o NBA League Pass. Tudo com ótima qualidade, sem aquelas famosas “congeladas”, comuns em transmissões via internet.

Assim, me esbaldei. Primeiro, vi a reação do Toronto Raptors no fim do jogo contra o Indiana Pacers, que resultou na vitória do time canadense por 110 a 101. Terminada a partida, foi só clicar em “voltar”, para ter toda a relação de jogos que ainda estavam rolando. De cara, cliquei no link de Seattle Sonics x Atlanta Hawks, que faziam um jogo muito disputado, no último período. Os dois times estavam se revezando no placar e, no fim do último quarto, igualdade: 107 a 107.

Como iria ter prorrogação, eu cliquei em “voltar” novamente e, usando o “live score” da NBA, vi que Utah Jazz x Cleveland Cavaliers estava nos últimos três minutos e fui acompanhar o jogo. Quando a imagem apareceu no meu player, Carlos Boozer tinha acabado de fazer uma cesta e empatar o jogo em 92. A partir daí, show de LeBron James, que meteu seis pontos para o Cleveland e ainda garantiu a vitória por 99 a 94, ao dar um toco em Boozer (que podia empatar a partida), para delírio da torcida (Boozer é persona non grata na cidade, após ter acordado a rescisão de seu contrato com o Cavs para assinar em seguida um compromisso de longa duração e na verdade, ter se mandando para Utah).

Terminado mais um grande jogo, voltei para Seattle x Atlanta. Jogaço. Pelo Atlanta, Joe Johnson arrebantando (39 pontos). Do outro, quem roubou a cena foi Damien Wilkins, com o recorde de sua carreira, 41 pontos, sob o olhar atento de seu tio, Dominique Wilkins, ídolo eterno do Hawks e um dos maiores ala da história da NBA, que estava na arquibancada. Assim, nova prorrogação, após empate em 114.

Então, pulei para Miami Heat x Boston Celtics, quando faltavam apenas quatro minutos para o fim. O Boston ganhava por 86 a 82. Jogo teoricamente decidido para o líder da liga, o Boston. Só que o Miami renasceu, comandado por Dwayne Wade. Em um minuto e meio marcou nove pontos e virou para 91 a 90. Na jogada seguinte, Ray Allen deu linda assistência para a cesta de Paul Pierce, desequilibrado. Wade ainda arriscou a última bola, mas errou. Pelo menos, ficou claro que este Miami não será um mero saco de pancadas no campeonato.

Depois, ainda “dei uma passada” em New Orleans Hornets x Memphis Grizzlies, com destaque para as duas cestas de três pontos do ala Rudy Gay, do Memphis, em apenas seis segundos, que mandaram o jogo para prorrogação (no fim, vitória do surpreendente Hornets por 120 a 118, com 40 pontos do consistente ala-de-força David West). E voltei a tempo de ver o calouro Kevin Durant meter de três, todo desequilibrado, a cesta de vitória do Seattle sobre o Atlanta, no estouro do relógio (para a tristeza do companheiro de Por Esporte Marcelo Monteiro).

E enquanto via isso tudo na tela do computador, acompanhava, com rabo de olho, o clássico do Oeste entre Houston Rockets e San Antonio Spurs, na ESPN. Mais uma atuação opaca, mas sólida do Spurs, desde já meu favorito para o bi. Seis jogos da NBA em uma noite. Só a banda larga para proporcionar isso.

Vitor Sérgio Rodrigues casou e não mudou. Trabalhou no Jornal dos Sports, Diário Lance, por onde cobriu Atenas 2004, e Globoesporte.com. Hoje, é comentarista da TV Esporte Interativo. Escreve no Por Esporte às terças-feiras.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Cartas na mesa

Os marketeiros da Red Bull e a Renault correm na frente por Alonso

Por Otto Jenkel

Começa a se aproximar o momento de decisão de Fernando Alonso. Para onde, afinal, o espanhol irá correr em 2008? Restam cinco opções: Renault, Red Bull, Toyota, BMW Sauber e Honda. Quais seriam os prós e contras de cada uma delas?

RENAULT

Esta seria a opção mais natural e a menos arriscada para o espanhol. A Renault teve um mau ano em 2007, sem obter uma mísera vitória. Mas Alonso é o típico piloto que consegue levantar a performance de uma equipe graças a seus conhecimentos técnicos. É bom lembrar que a McLaren não venceu nenhuma prova em 2006, e com a chegada do espanhol, a equipe teve uma subida de produção acentuada. O mesmo pode acontecer caso ele volte à Renault.

A história da Renault na F1 foi dividida em duas fases. A primeira, que começou em 1977, representou o pioneirismo na introdução do motor turbo na F1. Os franceses, a princípio, chegaram a ser ridicularizados, principalmente pelas equipes inglesas, por mal conseguirem concluir as provas, por inúmeras falhas no turbo, quanto mais vencê-las. Foram dois anos de sacrifício, até que no GP da França de 1979, Jean Pierre Jabouille deu à Renault, sua primeira vitória na F1.

Curiosamente, o primeiro título de motores turbo na F1 não iria para a Renault e sim para a BMW, em 1983, que havia estreado esses motores apenas um ano antes. Um duro golpe para os franceses, que não se recuperariam até se retirar da F1 em 1985. Essa retirada não incluiu os motores, que foram campeões com a Williams em 1992, 1993, 1996 e 1997, e com a Benetton, em 1995. Esta passou a ser a equipe oficial da Renault sob o comando de Flávio Briatore.

Em 2002, a Benetton deixou de existir e passou a ser denominada Renault de fato. Mas boa parte dos mecânicos e da equipe técnica continuaram. Começava a segunda fase, que teve em 2003 a contratação do piloto que a levaria a atingir seus vôos mais altos, Fernando Alonso. Era o casamento perfeito. Se a Ferrari teve Schumacher, a Renault tinha Fernando Alonso, que terminou bicampeão em 2005/2006. Com o desquite com a McLaren, Briatore tem certeza que Alonso é o único piloto capaz de fazer os franceses de novo campeões. E está fazendo tudo para convencê-lo a voltar.

RED BULL

A equipe do milionário austríaco Dietrich Mateschitz parecia ser nessas últimas semanas a opção mais provável para Fernando Alonso. A Red Bull vê no espanhol o piloto perfeito para que ela dê o "pulo do gato" que levaria a equipe a ser o que a Benetton conseguiu quando contratou Michael Schumacher em 1991. Até então, a Benetton, uma grife de roupas italiana, não era levada muito a sério e, mesmo quando contratou Nélson Piquet em 1990, não parecia ter cacife para disputar um título mundial. Mesmo porque, era evidente que Piquet estava no final de sua carreira e não teria tempo para um projeto a longo prazo. Schumacher era o piloto perfeito e tinha ainda a juventude a seu lado. Foi bicampeão pela Benetton em 1994 e 1995, e depois foi para a Ferrari. Para a Benetton, era o princípio do fim que chegaria em 2001.

A Red Bull, assim como a Benetton, também não é levada muito a sério. A equipe da bebida energética sabe usar como ninguém o marketing para divulgar seu patrocinador, que neste caso leva o próprio nome do carro. É uma equipe ímpar na F1, que já colocou personagens da série "Guerra nas Estrelas", patrocinado pela Red Bull, desfilando nas ruas de Monte Carlo, numa mistura inimaginável. Por outro lado, no plano esportivo, que é afinal o que interessa, teve como melhor resultado apenas um terceiro lugar com David Coulthard em Mônaco, em 2006, e outro com Mark Webber em Nürburgring este ano.

O risco para Alonso é que, por mais talentoso que seja, dificilmente conseguirá elevar de maneira considerável o nível da equipe em apenas um ano. Disputar o título então, é impossível. Como o espanhol parece não se interessar por um contrato mais longo com a Red Bull, o casamento pode parecer apenas uma mera formalidade, com a data de encerramento já anunciada para 2009.

TOYOTA

Com um orçamento calculado em 600 milhões de dólares anuais, só inferior à McLaren Mercedes com seus inatingíveis 800 milhões, a equipe japonesa até hoje ainda não conseguiu se firmar como uma força na F1. A vinda de um piloto do porte de Fernando Alonso, que surgiria como um verdadeiro "Messias", seria a esperança final para que os japoneses não façam as malas e voltem de vez para o arquipélago nipônico.

Desde que estreou na F1 em 2002, a Toyota teve anos desastrosos, com a exceção de 2005, quando terminou em quarto lugar no Mundial de Construtores. Foi também o ano em que obteve seus melhores resultados em corridas: dois segundos lugares, na Malásia e no Bahrein, ambos com Jarno Trulli. Números pouco significativos para uma equipe que já tem mais de 100 gps e com um orçamento quase sem limites.

Talvez esta seja a única cartada da equipe para cativar Fernando Alonso: dinheiro. Porque, entre as outras opções, é a que está mais longe de se tornar uma equipe de ponta. Com certeza, o espanhol terá muito mais trabalho em elevar o patamar da equipe do que em qualquer outra. Pior do que isso: para que se torne possível essa evolução, somente um contrato longo, de no mínimo três anos, interessaria aos japoneses, já que esse processo de equipe média para grande requer tempo. E se prender a um contrato longo é tudo que Alonso não quer, por enquanto. De todas, parece ser a opção menos provável do espanhol. Mas com uma oferta irrecusável, nunca se sabe.

BMW SAUBER

Se Fernando Alonso levar em consideração a possibilidade de crescimento de uma equipe e mais o seu desempenho no último campeonato, a BMW Sauber surgiria como franca favorita para ter em seu cockpit o espanhol em 2008. Um problema para a equipe germânica seria se livrar de um de seus (ótimos) pilotos. Nick Heildfeld parece intocável, por ser alemão e por ter sido, fora o G4 (Raikkonen-Hamilton-Alonso-Massa), o melhor piloto no Mundial de 2007. Acabaria sobrando para o polonês Robert Kubica, que surge como um dos melhores da nova geração na F1, mas que não resistiria à pressão da chegada de um piloto do quilate de Alonso.

O crescimento da equipe tedesca tem sido surpreendente. Após conquistar o primeiro título de um motor turbo na F1 em 1983, os alemães se retiraram da categoria no final dos anos 80. Voltaram fornecendo motores para a Williams em 2000. Juntos, venceram 10 GPs em 6 anos, mas acusações mútuas entre as partes fizeram a BMW comprar a pequena equipe suíça Sauber e montar a sua própria equipe em 2006. Já no ano de estréia obteve um bom quinto lugar, e em 2007, um excelente terceiro, que virou segundo com a desclassificação da McLaren.

Falta pouco para a equipe chegar ao patamar de uma Ferrari ou uma McLaren. Mas falta. Para romper essa barreira nada melhor do que ter um bicampeão do mundo ao seu lado. No entanto, essa não é a opinião geral dentro da BMW. Alguns membros acreditam que Alonso seria uma figura estranha dentro de uma equipe com uma forte tendência nacionalista. Além de Heildfeld, a BMW tem o talentoso alemão Sebastian Vettel, piloto de testes, que está "emprestado" à Toro Rosso. O próprio Kubica, embora polonês, fez toda a sua carreira nas categorias de base alemãs e, portanto, é considerado da casa.

HONDA

Esta opção surgiu nos últimos dias e pegou muita gente de surpresa. A contratação de Ross Brown, ex-diretor técnico da Ferrari, acabou por colocar lenha na fogueira. O problema é que a entrada de Alonso já implicaria na demissão imediata de um de seus pilotos, Jenson Button ou Rubens Barrichello. Se levarmos em consideração o pífio desempenho em 2007, o brasileiro pode estar com a batata assando. Mesmo porque, como diz uma velha máxima na F1, "contratos foram feitos para serem rompidos".

A Honda teve uma breve passagem pela F1 nos anos 60 e obteve duas vitórias. Só voltaria como equipe em 2006, quando comprou a BAR, a quem fornecia motores desde 2000. Já no primeiro ano de existência, conseguiu o que a BAR não conseguiu em seis: uma vitória, Jenson Button no GP da Hungria. Foi uma ótima temporada, com o quarto lugar obtido no fim do Mundial. O ano de 2007 parecia ainda mais promissor.

Mas não foi. Com um horrível carro pintado com as cores da Terra, um protesto contra a poluição do planeta (tem local menos propício para falar sobre isso do que um carro de corridas?), o projeto não poderia ter dado mesmo certo. O Honda foi muito bem apelidado de "tartaruga ecológica" e se afogou, literalmente, terminando o mundial em oitavo lugar, atrás até da pobre Toro Rosso. Button somou oito pontos. Barrichello, nada.

Alonso, como em todos os casos anteriores, seria o salvador da pátria, o "Messias", como queiram chamar, e a contratação de Ross Brown pode servir de estímulo para o espanhol. Com um orçamento apenas inferior ao da McLaren e da Ferrari, seria uma boa opção para que o espanhol não tenha um ano sabático.

RETIRADA

Ano sabático. Esta é uma expressão muito utilizada no automobilismo quando um piloto faz uma retirada estratégica, quando vê que está sem opções para o ano seguinte. O caso mais famoso foi o de Alain Prost, que foi demitido da Ferrari em 1991 e preferiu ficar sem correr em 1992, assinando, secretamente, um contrato com a Williams Renault em 1993. O truque deu certo, Alain acabou sendo campeão e se retirou das pistas definitivamente.

Esta seria uma opção arriscada de Alonso. O caso de Prost não deve serrvir de exemplo, porque a Williams teve um carro muito superior aos demais naquele ano e ficou claro que o francês já não era o mesmo piloto de antes, mesmo sendo campeão. Ficar um ano parado prejudicaria não só as habilidades físicas do piloto, como o próprio conhecimento técnico em um esporte que evolui com enorme rapidez.

Alonso dificilmente não estará no grid do GP da Austrália de 2008. Mas em qual equipe? Façam suas apostas, as cartas estão na mesa.

Otto Jenkel trabalhou no FOCA TV, cobrindo o GP do Brasil, quando a prova era disputada no Rio. Acompanha Fórmula 1 desde meados da década de 70, "quando a F1 era perigosa e o sexo seguro, hoje inverteu". Escreve sobre Fórmula 1 às segundas-feiras.

domingo, 18 de novembro de 2007

Os maiores salários da NBA


Estes são os 25 maiores salários da NBA, a liga americana de basquete, para a temporada 2007/08, segundo o diário Dallas Morning News.

Os jogadores em negrito atuam em franquias do Texas, estado do jornal. Com um asterisco, Steve Francis e Michael Finley recebem os salários de seus atuais times e mais um valor garantido de seus ex-times, New York e Dallas, respectivamente. O salário de Chris Webber se refere ao seu contrato com o Philadelphia 76ers.

A lista completa, com os salários de todos os jogadores da NBA, está aqui.

Leandrinho receberá esta temporada 5,6 milhões de dólares do Phoenix Suns, o quinto maior salário da franquia. Nenê receberá 8,84 milhões de dólares do Denver Nuggets, também o quinto maior salário de sua equipe.