No começo do ano, Felipe Massa era considerado o favorito ao título mundial. A três corridas do fim da temporada, é candidato a perder o emprego na Ferrari e ter que aceitar um "rebaixamento" à Toyota para continuar correndo em 2008. Por enquanto, tudo não passa de especulação (já desmentida por Massa), pois tudo vai depender do destino da relação entre Fernando Alonso e McLaren.
Mas o que levou a situação do piloto brasileiro a opostos tão extremos em pouco mais de seis meses? Será que Massa decepcionou tanto a ponto de a equipe negociar a sua vaga com outro piloto? Ou foram os erros da própria Ferrari que tiraram o brasileiro da disputa pelo título (e por tabela deixaram Kimi Raikkonen em posição nada confortável)?
Na tentativa de descobrir a resposta para essas perguntas, fiz um pequeno levantamento, superficial e nada científico, dos fatores que afetaram negativamente o desempenho de Massa em 2007. A primeira constatação é que ele foi o que mais colecionou "zeros" entre os quatro primeiros: nas 14 etapas já realizadas, o brasileiro não marcou pontos em três, contra duas de Raikkonen, uma de Hamilton e nenhuma de Alonso.
O primeiro zero veio no Canadá. Massa não foi bem nos treinos e largou apenas em quinto. Mas fazia uma boa corrida e chegou a liderar antes de começarem as bandeiras amarelas. Na primeira delas, saiu do box quando a luz ainda estava vermelha e acabou desclassificado. Errou o piloto, por não prestar atenção nesse "detalhe", mas errou também a equipe, por não avisá-lo. Ficou meio a meio.
O segundo veio na Hungria. Começou no treino de classificação, quando a equipe "esqueceu" de abastecer o carro do brasileiro, que saiu atrasado para a pista, sem tempo para aquecer os pneus, e não passou do 14º lugar. Na corrida, o carro continuou desequilibrado, e Massa não passou do 13º lugar. Em condições normais, é difícil imaginar uma Ferrari fora dos oito primeiros lugares. Falha da equipe.
E na Itália, não há nem o que discutir. Massa largou em terceiro, chegou a atacar as McLarens na largada, mas ainda no começo da corrida um misterioso problema na "parte traseira" do carro o obrigou a abandonar. Mais uma falha da equipe, que vai "ganhando" o duelo de lambanças por 2 a 0.
Nas três vitórias do brasileiro em 2007 (Bahrein, Espanha e Turquia), mérito para ambas as partes - com destaque para o "chega pra lá" de Massa sobre Alonso na primeira curva em Barcelona -, assim como nas três vezes em que ele chegou na mesma posição em que largou (3º em Mônaco e Estados Unidos, 2º na Bélgica) e na única corrida em que melhorou sua colocação em relação à largada (Europa, de 3º para 2º).
Nos quatro GPs que restam, Massa chegou à zona de pontuação, mas marcou menos do que poderia. Começando pela Austrália, aonde chegou como favorito, mas teve problemas de câmbio nos treinos, largou na última posição e terminou em sexto. Mais um na conta da Ferrari. Já na Malásia, Massa deixou a desejar. Saiu na pole, mas perdeu posições para as duas McLarens. Afobado, tentou dar o troco em Hamilton na hora errada, saiu da pista e teve de se contentar com a quinta colocação. Resultado parcial: 3 a 1.
Na França, o brasileiro mais uma vez saiu na frente e deixou a vitória escapar. Perdeu para Raikkonen na "estratégia", o que é culpa da equipe. Mas também não fez a parte dele na pista, que era abrir vantagem suficiente sobre o adversário para voltar do pit stop à frente. Mais um empate, segue 3 a 1. E na Inglaterra, Massa ficou parado no grid de largada com o motor apagado. Largou dos boxes e fez várias ultrapassagens para chegar em quinto. Poderia ter conseguido coisa melhor.
Placar final: 4 a 1 para a Ferrari. Ou seja, as falhas da equipe prejudicaram o desempenho de Massa em quatro oportunidades, enquanto o piloto se embananou sozinho apenas uma vez (em dois casos, ambos contribuíram para o mau resultado). É claro que é uma análise simplista, mas ainda assim mostra que, se Massa não rendeu o esperado, é porque teve a "ajuda" da mesma Ferrari que agora cogita demiti-lo.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Os verdadeiros culpados
Massa, de favorito a possível desempregado em seis meses (foto: autosport)
Por Vicente Toledo
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