sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Pitacos sobre a Davis

Equipe brasileira passeia na linda Áustria (foto: Marcelo Ruschel/Poa Press)

Por Bernardo Calil

Neste fim de semana, acontecem as semifinais da Copa Davis 2007, paralelas aos playoffs para o Grupo Mundial em 2008. Sem muita conversa, vamos às análises dos confrontos, privilegiando as disputas decisivas que ocorrem em Moscou e Gotemburgo.

Rússia x Alemanha
Atuais campeões, os russos são favoritos neste confronto, não só porque têm Nicolay Davydenko (4° no ranking mundial de simples) em grande fase, mas porque jogam em casa e são mais versáteis – o confronto será no saibro indoor. Safin não vai atuar, nem Tursunov, e a Rússia pode se dar o luxo de guardar Youzhny para as duplas. Todos têm ranking melhor que Igor Andreev (37°), o escolhido para encarar as simples. Vale lembrar, entretanto, que ele foi fundamental na vitória sobre o Chile na primeira rodada, ganhando de Massú e Gonzalez, e contra a França, nas quartas, vencendo as duplas ao lado de Davydenko. À Alemanha, resta apostar em Tommy Haas (11°), quadrifinalista do US Open, e Philipp Kohlschreiber (32°), ambos sem grandes resultados em quadras lentas.

Suécia x Estados Unidos
Roddick (5°) e Blake (7°) contra os Johansson, Thomas (56°), o mais experiente, e Joachim (162°), o mais jovem. Pelos rankings, poderíamos apontar um favorito destacado, mas nunca devemos descartar a Suécia dentro de casa. O piso escolhido foi o carpete, o que favorece os potentes saques de Roddick e Joachim. Sábado guarda ainda o esperado duelo entre os irmãos Bryan, melhores duplistas do mundo, e Aspelin/Bjorkman. Ainda aposto em uma vitória dos Estados Unidos, maiores campeões de Davis, 31 vezes, mas que vivem um jejum desde 1995, o maior de sua história.

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Pelos playoffs, três confrontos merecem atenção especial: Sérvia versus Austrália, Grã-Bretanha versus Croácia, e República Tcheca versus Suíça. O Brasil? Não tem a menor chance contra a Áustria – a fraca Áustria, diga-se. Os vencedores dos oito confrontos estarão na elite do tênis mundial em 2008, junto com os semifinalistas de 2007 e mais Bélgica, França, Espanha e Argentina. Confira:

Áustria x Brasil
Provavelmente, o duelo mais desequilibrado do fim de semana. Só um milagre salva a equipe tupiniquim no carpete indoor de Innsbruck. Não que Jurgen Melzer (42°) e Stefan Koubek (54°) estejam em grande fase, mas, se com Saretta e Marcelo Melo já estava difícil, imaginem sem os melhores jogadores em simples e duplas, respectivamente? Gustavo Kuerten claramente não queria atuar no duelo, mas foi forçado a jogar ao lado de André Sá nas duplas. Em simples, Ricardo Mello (204°) fará o (pouco) que puder, e Thomaz Bellucci (248°), de apenas 19 anos, foi escalado para ganhar experiência. E é só isso que o Brasil ganhará. Aliás, o COB não quis bancar este passeio até a Europa, e, se não fosse o Ministério dos Esportes, os brazucas iriam ao Velho Continente a nado.

Grã-Bretanha x Croácia
Disputado na grama de Wimbledon, o confronto é um dos melhores do fim de semana. O experiente Tim Henman (92°) e o garoto Andy Murray (18°) tentarão parar a campeã de 2005, que aposta no astro da companhia, Ivan Ljubicic (12°), e no garoto Marin Cilic (108°), 18 anos, quadrifinalista em Queen’s este ano. Mario Ancic e Ivo Karlovic, gigante de 2,08m, possuidor do saque mais poderoso do mundo, estão fora do confronto. A partida de duplas Andy Murray/Jamie Murray contra Ljubicic/Lovro Zovko deverá ser fundamental no resultado final.

Sérvia x Austrália
Quem já acompanhou uma partida de basquete na Sérvia entende qual será o clima deste confronto. Ana Ivanovic e Jelena Jankovic, no feminino, e a sensação Novak Djokovic, no masculino, fizeram do tênis uma febre no país. O Beogradska Arena, em Belgrado, tem capacidade para 20 mil pessoas e estará completamente tomado. Lleyton Hewitt (21°), entretanto, não costuma se preocupar com multidões. Quem não se lembra das quartas-de-final contra o Brasil em 2001, em Floripa? Desta vez, o confronto também será no saibro, mas a quadra é coberta. O australiano Peter Luczak (91°) e o sérvio Janko Tipsarevic (53°) completam os duelos em simples. Djokovic/Zimonjic (5° melhor duplista do mundo) e Hanley/Hewitt duelam nas duplas. Sei não, mas acho que dá Sérvia.

República Tcheca x Suíça
É em Praga, e é no carpete. Mas a Suíça tem Roger Federer, o que permite dizer que os suíços começam dois pontos à frente. O problema são os outros três jogos. Stanislas Wawrinka (44°) é franco-atirador contra Radek Stepanek (34°) e Tomas Berdych (10°). Nas duplas, Federer e Yves Allegro encaram o número 5 do mundo em duplas, o veteraníssimo Martin Damm, de 35 anos, jogando ao lado de Lukas Dlouhy. Está aí a chave da vitória no confronto.

Israel x Chile
Único confronto que começou na quinta-feira, Israel e Chile empatam em 1 a 1. Dudi Sela (105°) surpreendeu e superou Massú (72°) por 3 sets a 1. Gonzalez, um Top Ten (6°), deu o troco na partida seguinte, contra Noam Okun (186°), pelo mesmo placar. Acredito em uma vitória do Chile, mas, nas duplas, os israelenses podem dar trabalho. Erlich/Ram estão, ambos, em 18° no ranking de duplas. Uma vitória chilena favorece ao Brasil, que não terá o país como adversário no Zonal Americano.

Peru x Belarus
O país de nome controverso (segundo o IBGE, Belarus, popularmente conhecido como Bielo-Rússia) não terá vida fácil em Lima, no saibro. O veterano Max Mirnyi (97°) e seu bom saque terão dificuldades na quadra lenta e ao nível do mar, mas o bielo-russo ainda é um grande trunfo nas duplas. Seu companheiro, Vladimir Voltchkov (463°), ajudou na vitória nas duplas contra a Suécia na primeira rodada do Grupo Mundial. Do outro lado, Luis Horna (86°) e Ivan Miranda (231°) tentam levar o país pela primeira vez ao Grupo Mundial, após os fracassos em 1989 e 1994. Difícil prever o vencedor, apesar da maior experiência de Belarus.

Japão x Romênia
No carpete de Osaka, Andrei Pavel (88°) e Victor Hanescu (106°) são favoritos contra os japoneses, que participaram do Grupo Mundial pela última vez em 1985. Takao Suzuki (216°) e Go Sueda (230°) tentarão surpreender. Florin Mergea e Horia Tecau devem repetir a vitória nas duplas conquistada sobre os franceses, na primeira rodada, a única dos romenos na derrota por 4 a 1.

Eslováquia x Coréia do Sul
Sem Dominik Hrbaty, os eslovacos surpreenderam e escalaram a jovem promessa Martin Klizan, de apenas 18 anos, sétimo no ranking nacional e 418° no ranking mundial. Finalista da Davis em 2005, quando perdeu por 3 a 2 para a Croácia em Bratislava – mesmo local do confronto com a Coréia -, a Eslováquia contará ainda com Lukas Lacko (165°) e com a dupla Ivo Klec/Michal Mertinak. A principal força dos coreanos, que tentam ser a primeira nação da Ásia no Grupo Mundial em 10 anos, está em Hyung Taik-Lee, 39° do mundo. O coreano, porém, prefere as quadras duras, rápidas, e o confronto acontecerá no saibro, em ambiente coberto.

Bernardo Calil ainda se pergunta por que Ivanovic tem tanto e Jankovic tão pouco. Trabalhou como jornalista no UOL, no Globoesporte.com e na Globosat. Hoje, milita em outros fronts. Escreve sobre tênis às sextas-feiras.

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