quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Travessia sem os fortes

Okimoto e a Travessia dos Fortes, cancelada por falta de patrocínio (foto: cbda.org.br)

Por Lydia Gismondi

O Brasil vem se destacando nos últimos anos na maratona aquática. Mas, apesar de o país ter uma geografia que facilita a prática do esporte, a maratona nem de longe tem o mesmo apoio que a natação. Um dos exemplos disso é o cancelamento da tradicional Travessia dos Fortes deste ano, que seria realizada dia 6 de outubro.

O principal evento do país na modalidade não será realizado este ano por falta de patrocinadores. Nem mesmo a visibilidade conquistada em sua estréia nos Jogos Pan-Americanos animou os investidores. Segundo a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, essa falta de investimento é explicada pelo fato de as grandes empresas já terem gastado muito com a realização do Pan.

O grande nome da maratona aquática do país, Poliana Okimoto, é uma das principais prejudicadas com isso. O técnico dela chegou a dar entrevistas logo após o cancelamento da Travessia dizendo que outras importantes provas nacionais de maratona aquática sumiram do calendário também.

Poliana, que já sofre com o fato de praticamente não ter adversárias dentro do país, agora terá que contar apenas com as experiências em competições internacionais. O que tem feito muito bem, por sinal. Na última etapa da Copa do Mundo, em Shantou, na China, a brasileira conquistou a inédita medalha de ouro para o país. Mas é claro que, para uma maior evolução de Poliana, e também para a modalidade se desenvolver no país, as competições nacionais precisam aumentar ao invés de diminuir.

A conclusão que se chega é que o que seria para ficar melhor depois da realização do Pan, piorou. Se agora as justificativas para a falta de apoio são o fim do Pan, será que os esportes amadores vão ter que esperar a realização de um grande evento no país novamente? Se tudo der certo, então a solução pode vir apenas em 2016.

Mas, mesmo durante o Pan, os atletas não lucraram tanto. A própria Poliana Okimoto, que foi prata na maratona da competição, mal pôde comemorar a conquista. A atleta estava preocupada porque a Universidade de Montserrat decidiu acabar com o centro de treinamento onde ela treinava para construir um shopping de automóveis. Poliana aproveitou o curto momento de evidência na mídia para pedir uma solução para o seu problema. Depois disso, a atleta começou a treinar no clube Pinheiros.

Diante desse quadro triste de falta de estrutura, resta dizer que os atletas brasileiros, como Poliana Okimoto, são verdadeiros heróis.

Lydia Gismondi lamenta a falta de fôlego dos empresários. Foi remadora do Botafogo. Trabalhou na assessoria Media Guide, e atualmente é repórter do Globoesporte.com. Escreve sobre esportes aquáticos às quintas-feiras.

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