Grego, presidente da CBB: prós e contras de um técnico estrangeiro (foto: CBB)
Por Marcelo Monteiro
Ao contrário da maioria da população brasileira em relação ao Lula de Brasília, a direção da CBB decidiu não renovar o mandato do Lula do basquete. A decisão era inevitável. Depois de quatro anos e meio no comando da seleção masculina, Lula Ferreira conseguiu dois títulos pan-americanos, mas falhou nas principais competições do time no período (sétimo no Pré-Olímpico de 2003, 17° no Mundial de 2006 e quarto no Pré deste ano).
Agora, a questão é saber quem terá a responsabilidade de tentar classificar o país no difícil Pré-Olímpico Mundial a ser realizado no ano que vem. Para conseguir a tão sonhada vaga em Pequim 2008, a equipe terá que, pelo menos, superar dois times europeus muitos bons, mais Nova Zelândia e o fantasma Porto Rico, além de outros times menos cotados.
Com a decepção em Las Vegas, uma posição defendida inicialmente por alguns analistas do basquete passou a ser praticamente norma: a necessidade de um treinador estrangeiro na seleção. A possibilidade precisa ser analisada com atenção. Será que não temos no país nenhum profissional antenado com o que ocorre no basquete internacional, com as táticas usadas pelos times estrangeiros, com os sistemas de jogo usados na Europa? Se a resposta for sim, realmente há algo muito errado com o basquete nacional e precisamos recomeçar do zero.
Trazer um treinador do exterior poderia ser muito bom para a seleção, mas ele não teria condições de trabalhar sozinho. Este técnico certamente sabe quem é Leandrinho, Varejão, Splitter, Nenê. Mas também certamente desconhece revelações que estão espalhadas pelos clubes brasileiros e até por vários países. Esse profissional precisaria contar com o apoio de assistentes nacionais para conseguir algum resultado.
Além disso, tenho dúvidas se os frutos viriam já em 2008. O gringo teria pouco tempo de treinamento com a equipe - um mês, se muito, com o grupo principal, com os astros da NBA, antes do Pré-Olímpico Mundial. Poderia trabalhar com um elenco formado por atletas brasileiros antes do encerramento da temporada da liga profissional dos EUA e dos campeonatos da Europa, mas seria uma peneira para selecionar, sendo otimista, metade do time principal.
Diante disso, não devemos considerar que a pura importação de um treinador resolverá os problemas da seleção. Com pouco tempo de trabalho, será muito difícil superar dois times europeus de alto nível para ir a Pequim. Mas pode ser o começo de uma nova era, que faça esquecer os recentes fracassos do time.
Diante disso, não devemos considerar que a pura importação de um treinador resolverá os problemas da seleção. Com pouco tempo de trabalho, será muito difícil superar dois times europeus de alto nível para ir a Pequim. Mas pode ser o começo de uma nova era, que faça esquecer os recentes fracassos do time.
Bandejas
- A CBB tenta trazer o Pré-Olímpico para o Rio de Janeiro. Para a seleção, seria um fator importantíssimo jogar diante da torcida contra adversários fortes. É uma batalha na qual a Confederação deve se empenhar. Pode ser decisivo para um sucesso nacional no torneio. Não custa lembrar: mesmo com Kobe e companhia, os EUA fizeram questão de organizar o Pré das Américas em Las Vegas.
- O Pré-Olímpico Europeu mostra o quanto está equilibrado o basquete no velho continente. A Sérvia, campeã mundial em 2002, não passou da primeira fase e está fora dos Jogos Olímpicos. E até esta terça-feira, os dois únicos invictos da competição não eram Espanha (atual campeã do mundo) ou a Grécia (vice), e sim Eslovênia e Lituânia. Qualquer um dos quatro times que disputar o Pré-Olímpico Mundial será uma pedreira para o Brasil.
Marcelo Monteiro mal chega a 1,70m, mas é mortal nas bolas de três. Torcedor fanático do Atlanta Hawks, trabalhou por nove anos em sites das Organizações Globo. Hoje, empresta seus conhecimentos à Textual Assessoria. Escreve sobre basquete às quartas-feiras.
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