Por Vitor Sérgio Rodrigues
Enquanto, no Brasil, alguns contestam - de forma muito injusta - o futebol jogado pelo provável campeão brasileiro São Paulo, pelo fato de o time do Morumbi estruturar sua estratégia a partir de um sistema defensivo impenetrável, nos Estados Unidos começa a temporada que promete ser uma das mais ofensivas da história do futebol deles: o americano, aquele que é jogado com as mãos e que historicamente é ganho na defesa.
Depois da temporada que finalmente consagrou como campeão do Super Bowl o Indianapolis Colts e o excepcional Peyton Manning - que muitos apostavam que nunca ganharia um título da NFL -, é nítido que a temporada começa com os times pensando em vencer os jogos apoiados em seu ataque, em vez de um forte esquema defensivo.
É uma espécie de “epidemia da Copa de 1982” às avessas, já que muitos creditam a diminuição do “espetáculo no futebol” ao fato de a Seleção Brasileira não ter sido campeã daquele torneio, em detrimento da excelente e organizada Itália (isso mesmo, a equipe italiana era muito boa tecnicamente). Particularmente, acho isso uma bobagem, mas, como de costume, isso seria um tema para outra coluna.
Para essa tendência, contribuiu a conquista do Colts no último Super Bowl, mesmo com uma defesa que pode ser considerada fraca. Para se ter idéia, o sistema defensivo do Colts foi o décimo pior entre os 32 times da NFL. Foi a prova de que é possível vencer no futebol americano atacando. Se leva 35 pontos, faz 36.
A primeira rodada do campeonato mostrou bem essa tendência. O Pittsburgh Steelers meteu 34 pontos no Cleveland Brows. O New England Patriots venceu o New York Jets por 38 a 14. O Detroit Lions bateu o Oakland Raiders por 36 a 21. Em Dallas, o Cowboys protagonizou um tiroteio contra o New York Giants, vencendo por 45 a 35. Na segunda-feira, o Cincinnati Bengals bateu o Baltimore Ravens por 27 a 20, sendo que esses dois times fazem parte da elite defensiva da liga.
Quem deve estar rindo à toa com isso devem ser os jogadores e os torcedores do próprio Indianapolis Colts. Primeiro, porque o time joga “pra frente” há muito tempo e, sendo assim, está muito acostumado com a estratégia. E depois, porque Peyton Manning e sua incrível média de 31 touchdowns por temporada (a média de Joe Montana é 18) só existe um. E está do lado deles.
Com a defesa já quase perfeita (a segunda melhor da temporada passada, com apenas 14 pontos sofridos por jogo), o New England Patriots foi agressivo na pré-temporada e contratou o excelente wide-reciever Randy Moss, totalmente desmotivado no Oakland Raiders. Com isso, se reforça no ataque e em um setor que fez falta justamente contra o Colts na final da Conferência Americana: a recepção.
Agora, Tom Brady, um dos melhores quarterbacks da história e tricampeão da liga, tem um destino perfeito para seus passes milimétricos. Era o que faltava para, quem sabe, reconquistar a coroa na NFL. No primeiro jogo, Moss foi um dos destaques da rodada, com nove recepções, 183 jardas conquistadas e um TD.
Já dá para prever um dos melhores jogos da história do futebol americano entre Patriots e Colts lá no início do ano que vem, na final da conferência, decidindo quem vai para o Super Bowl.
Vitor Sérgio Rodrigues tem físico avantajado, mas opta pelo futebol de botão. Trabalhou no Diário Lance, Jornal dos Sports e Globoesporte.com. Cobriu as Olimpíadas de Atenas. Hoje, é comentarista da Band e da TV Esporte Interativo. Escreve para o Por Esporte às terças-feiras.
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