sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Um olho na pista, outro no tapetão

Alonso e Hamilton, da McLaren: investigações reabertas (foto: Autosport)

Por Vicente Toledo

A Fórmula 1 chegou a Monza novamente envolta em polêmica. Novas evidências fizeram a FIA reabrir as investigações sobre os atos de espionagem em que informações secretas da Ferrari pararam nas mãos da McLaren.

Segundo noticiou a imprensa internacional, a novidade é uma troca de e-mails entre os espanhóis Fernando Alonso e Pedro de la Rosa, informação confirmada nesta sexta-feira pela própria FIA. Na conversa, os dois compatriotas discutiam o melhor acerto para o carro da McLaren com os pneus Bridgestone.

Até aí, nada de anormal. Mas a coisa começa a ficar feia para a equipe inglesa quando seus dois pilotos falam como se soubessem exatamente qual era o segredo da Ferrari para obter o máximo de desempenho dos pneus.

Até o ano passado, a McLaren usava pneus Michelin, assim como a Renault do bicampeão Fernando Alonso. A adaptação do carro (e do piloto) ao novo fornecedor de pneus foi uma das maiores dificuldades da equipe no início da temporada, talvez até explique a superioridade da Ferrari nas primeiras corridas (três vitórias em quatro provas), afinal, a escuderia italiana já tinha anos de experiência com a Bridgestone.

Amigo de Mike Coughlan, o engenheiro-espião, De la Rosa teria recebido dele as informações surrupiadas da concorrente e as repassado para Alonso, o grande "acertador" de carros da McLaren. Coincidência ou não, os carros prateados logo passaram a andar tão rápido quanto os vermelhos (ou até mais).

Estaria aí o elo que faltava para ligar o roubo de Coughlan, com a ajuda do "traíra" Nigel Stepney, ao desempenho das McLarens. Mais do que isso, esta seria uma prova de que os pilotos sabiam da sujeira e a usaram em benefício próprio.

No primeiro julgamento, a FIA considerou a equipe inglesa culpada de espionagem, mas disse não ter encontrado elementos suficientes para provar que ela tinha usado essas informações. Agora, não teve outra alternativa a não ser voltar atrás e convocar nova reunião do Conselho Mundial para a próxima quinta-feira, dia 13.

Se comprovada, essa tese é mais do que suficiente para eliminar a McLaren dos Mundiais de construtores e pilotos. Mas por razões políticas, não é isso que a FIA deve fazer. Já ofereceu uma espécie de "delação premiada" aos pilotos que revelarem o que sabem, abrindo uma brecha para livrar a cara de Fernando Alonso e Lewis Hamilton e punir somente a equipe. Dessa forma, limpa as próprias mãos e não estraga o melhor campeonato dos últimos 20 anos.

Resta saber se a Ferrari, que vê uma chance de os dois títulos caírem no seu colo, vai se contentar com tão pouco. De qualquer forma, quando largarem para o GP da Itália na manhã deste domingo, as duas equipes e os quatro pilotos terão um olho na pista, e outro no tapetão.

Rapidinhas

- Está cada dia mais próxima a estréia de Nelsinho Piquet na F1. Há algumas semanas, o repórter Carlos Gil, da Rede Globo, tentou tirar do rapaz a confirmação de que ele vai correr pela Renault em 2008. Escaldado pela bronca que levou depois de dizer no início do ano que tinha contrato fechado para entrar na vaga de Giancarlo Fisichella, ele desconversou. Mas agora parece que é oficial. Leio no blog do Téo José que a equipe francesa deve anunciar em Monza sua dupla de pilotos para a próxima temporada: Heikki Kovalainen e Nelsinho Piquet, "cravou" o Téo. O filho do tricampeão mundial pode até estrear ainda em 2007, no GP do Brasil, mas na mesma entrevista à Globo ele disse que prefere não entrar na "fogueira". Eu também não entraria, e você?

- Enquanto isso, em Chicago, a IRL chega à sua última etapa com três pilotos disputando o título: o escocês Dario Franchitti, o neozelandês Scott Dixon e o brasileiro Tony Kanaan. Trinta e nove pontos atrás do líder, o baiano precisa vencer, liderar o maior número de voltas e torcer para que os dois primeiros façam péssima corrida: Franchitti não pode passar do 16º lugar, e Dixon do 13º. Eu diria que Tony precisa de um milagre, mas depois de tudo o que aconteceu no campeonato - os seguidos "strikes" nos ovais, as incríveis decolagens de Franchitti e a "marcha ré" de Dixon para cima do escocês em Detroit -, eu não duvido de mais nada. Se tivesse que apostar, botaria uma graninha no brasileiro.

Vicente Toledo aprecia Massa à italiana aos domingos. Trabalha como repórter do UOL há seis anos, por onde cobriu diversos campeonatos ao redor do mundo. Hoje, apresenta o UOL News. Escreve sobre automobilismo às sextas-feiras.

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