terça-feira, 28 de agosto de 2007

A outra metade da missa

O alemão Kai Vorberg, bicampeão mundial de volteio (Foto: Kai Vorberg Fan Club)


Rodrigo Pessoa, Doda Miranda, Luiz Felipe Azevedo e André Johannpeter. É deles que lembramos quando pensamos em hipismo. Também, pudera. São eles os nossos únicos medalhistas olímpicos – bronze em Atlanta 1996 e Sydney 2000 – na modalidade de saltos por equipes. Pessoa ainda levaria o ouro individual em Atenas 2004. Não o trouxe da Grécia, é verdade, o que talvez lhe tire emoção, mas não importância. Recebeu-o no Rio de Janeiro, mais de um ano depois, após a constatação de doping em Waterford Crystal, cavalo do irlandês Cian O’Connor, na final dos Jogos.

Após o Pan de 2007, no entanto, mais duas modalidades começaram a entrar no páreo do conhecimento dos brasileiros: o Adestramento e o CCE (Concurso Completo de Equitação). Em ambas, o Brasil conquistou o bronze por equipes. No Adestramento, a equipe contou com Rogério Clementino (Nilo Vo), Renata Costa (Monty) e Luiza Almeida (Samba). No CCE, levamos com André Paro (Land Heir), Renan Guerreiro (Rodízio AA), Fabrício Salgado (Butterfly) e Carlos Paro (Political Mandate). – Sim, os Paro são irmãos. – Esses resultados garantiram vagas em Pequim às equipes brasileiras.

Já sabe, então, que poderemos torcer pelas três modalidades olímpicas no ano que vem. Maravilha, mas saiba agora que nos Jogos não está presente nem a metade do total de modalidades consideradas pela Federação Eqüestre Internacional (FEI).

Ponto aí para Claudia Carvalho, assessora de imprensa da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH). Ao saber que eu escreveria sobre o esporte não sendo um atleta, depois de assustar-se sapecou uma série de dicas de sites especializados e fez questão de alertar-me para a existência das demais modalidades.

Vamos a elas: Adestramento, CCE, Enduro, Especial, Rédeas, Salto e Volteio. A FEI ainda considera mais uma modalidade, chamada driving, em inglês, que não passa muito de uma moderna corrida de carroças.

Adestramento: modalidade na qual o cavalo deve apresentar movimentos em que são necessárias precisão e harmonia;

CCE (Concurso Completo de Equitação): aqui há uma combinação de adestramento, cross-country e saltos;

Enduro: uma prova de resistência e entrosamento entre homem e animal. O conjunto deve percorrer distâncias que podem chegar a 160km em um único dia, em terrenos com obstáculos naturais. Além de chegar ao final, o cavaleiro deve preocupar-se com a saúde do animal, que passa por vários exames veterinários ao longo da competição. Caso haja alguma alteração em seu metabolismo muito significativa, pode ser impedido de continuar;

Especial: semelhante ao adestramento, com a única diferença de ser uma modalidade para-olímpica;

Rédeas: competição em que é testada a habilidade do cavaleiro em dominar o cavalo em diversos movimentos pré-definidos. O conjunto deve realizar uma seqüência de manobras (a mais interessante consiste em uma parada brusca na qual o cavalo escorrega sobre as patas traseiras);

Duane Latimer (Canadá) é o campeão mundial de Rédeas (Foto: Kit Houghton/FEI)

Salto: a modalidade mais conhecida, onde o conjunto tem que percorrer um percurso com obstáculos, derrubando o menor número possível de barreiras. O tempo do trajeto serve como critério de desempate;

Volteio: uma espécie de ginástica sobre o cavalo. Semelhante à modalidade de cavalo com alças da ginástica rítmica. A diferença é que, neste caso, o cavalo está vivo.


* * *

Para responder a pergunta que aqui deixei na semana passada, passo a palavra para Valter Santos Lopes, treinador de L’Amico Steve, o cavalo vencedor do GP Brasil 2007. “O cavalo corre porque é treinado para isso, mas cada um é uma história. Alguns gostam de correr na frente; outros, atrás. O L’Amico, por exemplo, no treinamento, sempre que está ao lado de outro animal, tenta manter-se pelo menos meio corpo à frente. É um pouco como aquela história do chefe da manada, que precisa liderar os demais".

Juan Torres não sabe rezar, mas tem fé: um dia será Kai Vorberg. Até lá, é colaborador de publicações da Editora Abril. Foi repórter do Globoesporte.com e coordenou o serviço de notícias do Pan 2007 no Maracanãzinho. Escreve sobre esportes hípicos às segundas-feiras.

Um comentário:

Anônimo disse...

Juan,
parabéns pelo site e pelo texto. Achei muito interessante o conteúdo além de ser uma forma a mais de acesso às informações esportivas.

Saudações,

Kécio.