terça-feira, 30 de outubro de 2007

Fica para a próxima, Boston

Para colunista, trio terá de esperar mais um pouco para comemorar (foto: AP)

Por Vitor Sérgio Rodrigues

Hoje começa mais uma temporada da NBA. E depois de muitos anos, podemos dizer que o time mais tradicional da liga, o Boston Celtics, é um dos favoritos ao título. Algo que não acontecia desde o fim da década de 80. Depois de um período de quase duas décadas de reconstrução, graças a trocas infelizes, escolhas malucas no draft e contratos estapafúrdios, o gerente Danny Ainge acertou a mão e montou um trio imponente e assustador vestindo verde: Paul Pierce, Kevin Garnett e Ray Allen (na foto, respectivamente). Mas que não deve ser suficiente para levar conquistar o 17º título da NBA para a franquia.

A afirmação se baseia na história dos últimos 22 campeões da NBA. Desde a temporada 1986-1987, todos os campeões da NBA tinham ou um armador principal excelente (Detroit campeão em 89,90 e 2004) ou um super-pivô (Houston em 94 e 95, San Antonio em 99 e Lakers de 2000 a 2002). Quando não tinha os dois (Lakers em 87 e 88, San Antonio em 2003, 2005 e 2007 e Miami em 2006). A exceção que confirma a regra é o Chicago Bulls, dono de seis títulos. Mas aí não vale, pois o Bulls tinha Michael Jordan. O último time campeão sem esses dois “detalhes” foi justamente o Boston Celtics, na temporada 1985-1986, com Larry Bird fazendo chover.

Não há como fugir. Na NBA é assim. O show e as acrobacias dos alas e dos segundos armadores garantem muitos pontos. O pragmatismo dos armadores principais e dos pivôs garante títulos. E dando uma rápida olhada no elenco do Boston atual, percebe-se que, nas duas posições, o time não tem nomes capazes de levar o Celtics de volta ao topo da NBA.

O armador principal será Rajon Rondo, que entra na sua segunda temporada na liga apenas. Jogador muito rápido, oriundo da Universidade de Kentucky, Rondo ganhou mais tempo de quadra no fim da temporada passada, quando virou titular. Ele foi muito irregular, como é normal para os calouros, mas mostrou talento. Só que ainda é pouco para um time que sonha em brigar pelo título. A não ser que ele evolua imensamente, principalmente na transição e no número de desperdícios de bola, é pouco para controlar e dar o ritmo que uma equipe precisa, principalmente nos playoffs.

Como pivô, o Boston parece estar ainda pior com Kendrick Perkins. O jogador, escolhido diretamente do colegial há quatro anos, ainda não conseguiu mostrar o que dele se espera. Sua média de pontos evolui de 2,2 para 4,5 do primeiro para o quarto ano, sendo que seu tempo em quadra aumentou seis vezes. Perkins mostra sinais de talento, mas é muito estabanado, principalmente no ataque. Isso pode ser fatal para o Boston, na hora em que a dupla (ou tripla) marcação apertar em Garnett e a bola fatalmente sobrar para o pivô.

Claro está que não dava para o Boston ter cinco all-stars no time titular. Mas era melhor a equipe ter investido em um armador principal de respeito em vez de contratar Ray Allen. O ala, vindo do Seattle, pode acabar atrapalhando o rendimento de Paul Pierce (os dois vão acabar disputando espaço na quadra e alguns arremessos entre si) e na última temporada sofreu com lesões. Mas quando Ainge contratou Allen, ele não imaginava que conseguiria pescar Garnett do Minnesota...

Não ter um super-pivô pode nem ser tanto problema para o Boston na Conferência Leste, já que apenas o Miami Heat e o Orlando Magic o tem (alías, o Boston e todos os times do Leste deveriam secar o Miami para que Shaquille O’Neal continue sofrendo com lesões e/ou desmotivação, pois o Heat tem um armador excepcional e ainda um grande pivô). Mas na hora de cruzar com os rivais do Oeste, que vêm com Tim Duncan, Amare Stoudemire e Yao Ming, isso vai pesar e muito. Quem sabe no ano que vem, com uma troca para pescar um bom armador?

Vitor Sérgio Rodrigues comemorou o último título do Celtics ao som de Blitz e Menudos. Trabalhou no Jornal dos Sports, Diário Lance, por onde cobriu Atenas 2004, e Globoesporte.com. Hoje, é comentarista da TV Esporte Interativo. Escreve no Por Esporte às terças-feiras.

3 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com o colunista: não vai dar para o Boston. Realmente um armador decente vai fazer falta. Mas o pivô nem tanto assim, pois o excelente Kevin Garnett pode quebrar o galho ali. O que vai faltar é peça de reposição, principalmente nos playoffs.

Cláudio Galvão

Anônimo disse...

Cláudio:

Obrigado pelo comentário. Realmente o KG cai no pivô de vez em quando. Mas ele não fica tão à vontade na posição 5 quanto o Duncan, por exemplo.

E você tem razão. Vai faltar elenco também. Eddie house e James Posey não resolvem a vida de ninguém.

Abraço,
Vitor Sergio Rodrigues

Fernando Andrade disse...

Fala, Vitor!

Apesar de torcedor dos Lakers, acho lamentável a fase pela qual o Celtics passa. Ainda me lembro dos grandes jogos e da rivalidade que foi criada entre Lakers e Celtics na década de 80, com confrontos entre Magic Johnson e Larry Bird.



Abraço.