Somos reféns dos sonhos. Mas é uma submissão justa.
Assim, a ternura não perderemos jamais.
Por Pedro Ribeiro
O vidro é uma substância inorgânica, amorfa e homogênea. Obtida por resfriamento de massa em fusão até atingir a condição de rigidez.
As Revoluções são orgânicas por natureza. Ganham forma nos sonhos, ações dos homens. Heterogêneas tais quais os seres humanos. Entretanto, obtidas pelo calor da massa e seguidas pelo resfriamento tardio.
Como o vidro, a revolução atinge a rigidez em certo momento. Mas se rompe mediante interferências externas.
Para revolucionários, outubro é mês de sonhos. Incompletos.
Há 90 anos, nasceu a Revolução Russa. Há 40 anos, morreu Ernesto Che Guevara. A Revolução e o Homem superaram o ínterim entre o começo e o fim. Entraram para a história.
A história do esporte, coadjuvante neste processo, às vezes torna-se estrela principal.
Ernesto Che Guevara morreu no dia 9 de outubro de 1967. Em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, foi morto por militares quando planejava uma revolução que se expandiria por todo o continente. Despediu-se solitário. Distante dos próprios sonhos.
Sonhos que começaram no esporte. Che chegou a praticar 26 modalidades esportivas. Apaixonou-se rapidamente pelo futebol. Contestador, tornou-se torcedor do Rosário Central, de Córdoba, sua cidade natal. Queria se diferenciar dos amigos, em geral adeptos dos populares Boca e River.
Chegou a ganhar dinheiro jogando futebol no norte do Chile. Mas ganhou mesmo o presente de sua vida quando foi contratado pela agência de notícias Prensa Latina para cobrir, como fotógrafo, a segunda edição dos Jogos Pan-Americanos na Cidade do México, em 1955.
Clicou bastante. Principalmente atletas americanos. Ironicamente, naquele ano, os Estados Unidos estabeleciam a hegemonia mundial no esporte.
No México ficou. Conheceu os irmãos Fidel e Raúl Castro. Pegou uma lancha para Cuba. De médico a líder da Revolução Cubana. Virou mito latino-americano.
Em outubro de 1917, começou a Revolução Russa, embrião do sonho cubano, do sonho de Che. O mundo, primeiramente encantado e posteriormente decepcionado com o capitalismo, viu surgir um novo caminho. A premissa era de que a alternativa fosse mais igualitária e libertária.
O comunismo tinha tanto erros e acertos quanto o capitalismo. Ruiu oito décadas depois. Mas o legado do esporte permaneceu.
Muitos pensadores consideram o esporte uma ciência, capaz de produzir um idioma universal. Os revolucionários também pensavam assim.
Fidel, Lênin e Che, líderes de duas das maiores revoluções políticas da história, são vistos como heróis por uns.
Outros os consideram sanguinários por natureza.
A verdade é que a natureza do ser humano é ambígua. Pelos nossos sonhos, somos vezes homens do mal, vezes homens do bem.
E contrariando os sonhos, eis a verdade: as revoluções, como todas as escolhas, são excludentes. E da exclusão surgem as ambigüidades.
O mesmo país capaz de produzir esportistas que defendem o governo até o fim é capaz de produzir campeões refugiados.
É assim no esporte. É assim na vida de milhões de excluídos e vitoriosos pelo mundo afora.
O futebol, paixão do asmático, sanguinário e sonhador Che, também é paixão de Eric Hobsbawn, pensador do mundo e redator da história:
“O futebol sintetiza a dialética entre identidade nacional e globalização”.
É a verdade. Hoje, os clubes são multinacionais. Semente capitalista. Mas preservam a fidelidade local das equipes. A fidelidade de Fidel. Da Rússia comunista. E de Guevara.
O mundo, também globalizado por natureza, nos ensina com os sonhos e as lamentações. De capitalistas e comunistas. Seus e meus. E o esporte, ludicamente, não exclui ninguém.
As Revoluções são orgânicas por natureza. Ganham forma nos sonhos, ações dos homens. Heterogêneas tais quais os seres humanos. Entretanto, obtidas pelo calor da massa e seguidas pelo resfriamento tardio.
Como o vidro, a revolução atinge a rigidez em certo momento. Mas se rompe mediante interferências externas.
Para revolucionários, outubro é mês de sonhos. Incompletos.
Há 90 anos, nasceu a Revolução Russa. Há 40 anos, morreu Ernesto Che Guevara. A Revolução e o Homem superaram o ínterim entre o começo e o fim. Entraram para a história.
A história do esporte, coadjuvante neste processo, às vezes torna-se estrela principal.
Ernesto Che Guevara morreu no dia 9 de outubro de 1967. Em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, foi morto por militares quando planejava uma revolução que se expandiria por todo o continente. Despediu-se solitário. Distante dos próprios sonhos.
Sonhos que começaram no esporte. Che chegou a praticar 26 modalidades esportivas. Apaixonou-se rapidamente pelo futebol. Contestador, tornou-se torcedor do Rosário Central, de Córdoba, sua cidade natal. Queria se diferenciar dos amigos, em geral adeptos dos populares Boca e River.
Chegou a ganhar dinheiro jogando futebol no norte do Chile. Mas ganhou mesmo o presente de sua vida quando foi contratado pela agência de notícias Prensa Latina para cobrir, como fotógrafo, a segunda edição dos Jogos Pan-Americanos na Cidade do México, em 1955.
Clicou bastante. Principalmente atletas americanos. Ironicamente, naquele ano, os Estados Unidos estabeleciam a hegemonia mundial no esporte.
No México ficou. Conheceu os irmãos Fidel e Raúl Castro. Pegou uma lancha para Cuba. De médico a líder da Revolução Cubana. Virou mito latino-americano.
Em outubro de 1917, começou a Revolução Russa, embrião do sonho cubano, do sonho de Che. O mundo, primeiramente encantado e posteriormente decepcionado com o capitalismo, viu surgir um novo caminho. A premissa era de que a alternativa fosse mais igualitária e libertária.
O comunismo tinha tanto erros e acertos quanto o capitalismo. Ruiu oito décadas depois. Mas o legado do esporte permaneceu.
Muitos pensadores consideram o esporte uma ciência, capaz de produzir um idioma universal. Os revolucionários também pensavam assim.
Fidel, Lênin e Che, líderes de duas das maiores revoluções políticas da história, são vistos como heróis por uns.
Outros os consideram sanguinários por natureza.
“O revolucionário deve ser uma fria e seletiva máquina de matar”
Ernesto Che Guevara
Ernesto Che Guevara
A verdade é que a natureza do ser humano é ambígua. Pelos nossos sonhos, somos vezes homens do mal, vezes homens do bem.
"Os poderosos podem matar uma, duas, até três rosas, mas nunca deterão a primavera"
Ernesto Che Guevara
Ernesto Che Guevara
E contrariando os sonhos, eis a verdade: as revoluções, como todas as escolhas, são excludentes. E da exclusão surgem as ambigüidades.
O mesmo país capaz de produzir esportistas que defendem o governo até o fim é capaz de produzir campeões refugiados.
É assim no esporte. É assim na vida de milhões de excluídos e vitoriosos pelo mundo afora.
O futebol, paixão do asmático, sanguinário e sonhador Che, também é paixão de Eric Hobsbawn, pensador do mundo e redator da história:
“O futebol sintetiza a dialética entre identidade nacional e globalização”.
É a verdade. Hoje, os clubes são multinacionais. Semente capitalista. Mas preservam a fidelidade local das equipes. A fidelidade de Fidel. Da Rússia comunista. E de Guevara.
O mundo, também globalizado por natureza, nos ensina com os sonhos e as lamentações. De capitalistas e comunistas. Seus e meus. E o esporte, ludicamente, não exclui ninguém.
Outubro se vai. Os sonhos ficam.
Pedro Ribeiro não acredita em modelo ideal. Mas o ideal de sonhar ele não abandona. Enquanto o jornalismo não o abandona, ele trabalha como coordenador de eventos no SPORTV. Escreve sobre Esporte e Cultura aos sábados.
2 comentários:
Dá-lhe Pedro, grande texto e uma visão bastante centrada do que são os regimes criados por nós humanos. Enquanto não melhorarmos moralmente, não atingiremos o sistema viável e justo que tanto os homens ambicionam.
Um abraço do amigo,
Olavo Braz
Olavo,
A alma do Redação SporTV!
Valeu amigo!
Abraços,
pedro
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