terça-feira, 2 de outubro de 2007

Falou 2007, lembrou do Botafogo

O jogo bonito tornou-se a decepção do ano (foto: globoesporte.com)

Por Emiliano Tolivia

Depois de uma semana em que “treinei” como o Roger e sumi como o Somália, espero ser perdoado como o Zé Roberto por não ter enviado a coluna. E por falar neste último, o Botafogo será o tema do abre desta edição. O Flamengo foi campeão do Carioca, o Fluminense conquistou a Copa do Brasil, o São Paulo deve mesmo confirmar o penta, mas 2007 ficará marcado como o ano em que o Alvinegro foi o clube mais comentado no futebol brasileiro.

Porém, ser o clube do ano não acontecerá exatamente como os botafoguenses imaginavam. A temporada, que se desenhou perfeita, com um futebol vistoso, termina como um dos maiores vexames dos últimos tempos. E a emenda sai pior do que o soneto a cada rodada. Não satisfeito em acabar com o pingo de moral que existia no elenco, Carlos Augusto Montenegro pôs o talentoso grupo (do meio para frente, é verdade) nas mãos do Mário Sérgio. Mário Sérgio!!!

Ok. O Cuca, assim como seu sucessor, também não ostenta qualquer título em sua carreira recheada de clubes grandes. Mas teve o mérito de salvar o Goiás do rebaixamento de forma milagrosa, começou a montar o time do São Paulo que Muricy Ramalho terminou de azeitar e pôs o Glorioso para jogar um futebol de primeira. Agora, este mesmo elenco jogará em função de zagueiros fraquíssimos e faltas, faltas e mais faltas. Antes do 4-4-2, 3-5-2 ou 4-5-1, é o pontapé o esquema preferido do novo comandante.

Existe, porém, o outro lado da moeda. Muita gente – boa – acha que Cuca “quebrou”. Eu acho que medrou. E aí fica a irritação de, depois, ouvir treinadores reclamarem que, no Brasil, não há paciência para trabalhos a longo prazo. Foi o Botafogo que o demitiu? Não. Alguém acha que, por exemplo, sir Alex Ferguson não enfrenta dificuldades nos tantos e tantos anos em que está à frente do Manchester United? Cuca medrou, sim. Ou não soube se reinventar.

Vou me permitir fazer uma projeção e correr o risco de queimar a língua, o que seria ótimo para o Rio – e péssimo para a minha gato-mestrice. O Botafogo não vai se classificar para a Libertadores, e Mário Sérgio não emplaca 2008. Isto se chegar ao fim de 2007. Os alvinegros ainda terão que ouvir um bocado de gozações, assistir a vídeos como o “Tropa de Sofredores”, uma paródia ao “Tropa de Elite”. Engraçadíssima, por sinal. Mas, no fim das contas, triste para o futebol carioca.

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Alguém disse ao Thiago Neves que ele é craque. E ele acreditou. Ia abordar este assunto na última semana, mas a novela ainda não acabou e, pior, parece ter voltado para o início da trama. Depois que Renato Gaúcho disse o que todos pensam, que o jogador é uma marionete nas mãos de seu empresário e que precisa tomar as rédeas do seu futuro, o que faz o meia? Fica do lado do agente.

Thiago Neves sonha com a seleção olímpica que irá a Pequim. Seria bom lembrar ao apoiador que ele ganhou o status de bom jogador há três meses, quando finalmente saiu da sombra de Carlos Alberto. Até então, era visto como um jogador razoável. Isto porque o nível do campeonato é baixíssimo. Antes deste período, ainda insuficiente para separá-lo do grupo de “atletas em boa fase”, seu maior feito havia sido um par de boas jogadas no Brasiliense do Japão, que por acaso colocaram no You Tube (será que foi o Luiz Alberto?).

O imbróglio traz de volta reflexões sobre o benefício da Lei Pelé. Os jogadores estão preparados para tomar conta do seu futuro? Porque o perna-de-pau sim precisa de um bom empresário, mas um jogador apenas mediano já se arruma, e bem, no futebol brasileiro. Mas mesmo este fica a mercê de sanguessugas, vampiros em busca de jugulares habilidosas. Então, é melhor o atleta ser escravo e enriquecer procuradores e afins, ou ser escravo e dar lucro aos clubes (em um futebol profissional que se ambiciona, claro, e não nas mãos de dirigentes desonestos)?

Enquanto os jogadores não derem seu verdadeiro grito de liberdade, olha, eu fico com os clubes.

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Só para não passar em Branco (com trocadilho): alguém ainda acha que o Fernando Henrique é um goleiro confiável para a Libertadores? Faz os seus milagres, mas em seguida entrega um chute de longe, como no frangaço contra o Paraná. O maior torneio das Américas não é por pontos corridos e, por isso mesmo, não permite tal tipo de erro.

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Mantenho o que venho dizendo desde a virada do turno. O Flamengo não vai cair para a Segunda Divisão. Contra o Atlético-MG, a torcida mais uma vez fez bonito. Como vai fazer contra o São Paulo na quinta-feira, no Maracanã. Se derrotar o Tricolor paulista, e o Fluminense passar pelo Corinthians na quarta-feira, o Fla-Flu de domingo promete quebra de recorde de público do Brasileirão. Decadente futebol carioca?

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Apesar da bela vitória sobre o Lanús pela Sul-Americana, a carruagem do Vasco, aos poucos, vai virando abóbora. Não era novidade para ninguém que o time vinha jogando em seu limite e contando com a força de São Januário. A briga pela Libertadores ainda está aberta, mas o Gigante da Colina vai ter que recuperar a pegada perdida, os tais 110% por jogo. Já são seis partidas sem vencer.

Celso Roth, que tinha um péssimo cartaz por aqui, de repente virou “um grande treinador, subestimado, como eu sempre disse”. Ouvi isso. Agora, voltou a ser “burro, burro, burro”. Nem gênio, nem asno. Roth é apenas mais um, que vai depender muito da combinação Perdigão-Conca-Leandro Amaral. E só.

Momento Carlos Augusto Montenegro
(ou frase da semana)
“Jorge Henrique, Túlio, Alex, Joilson e Zé Roberto acham que são melhores do que realmente são, que mereciam estar na seleção brasileira. Agora chega. Acabou a compreensão com isso. Não vejo a hora de o ano acabar para poder trocar esse elenco” – O próprio.

Seleção dos PIORES da rodada
Fernando Henrique, Alessandro, Renato Silva, Alex e Joílson; Amaral, Fabinho, Cícero, Toró e Lucio Flavio; Reinaldo
Técnico: Mário Sérgio

Emiliano Tolivia é melhor que o Eto'o, melhor que o Henry, mas respeita o Pelé. Passou pelo Lance, assessoria de vôlei de praia da CBV e atualmente é subeditor do Globoesporte.com, pelo qual cobriu a Copa 2006. Escreve sobre futebol carioca às terças-feiras.

10 comentários:

Anônimo disse...

O Botafogo de 2007 é o maior exemplo de "cavalo paraguaio". Tinha gente que ainda acreditava no "time que joga bonito"... mas, nunca me enganou. Só imaginava que podia ser menos vergonhoso.. A derrota para o River foi triste... é para todos os "fanfarrões" desistirem mesmo...
Outro que nunca me enganou foi o FH. Seria o maior pecado vê-lo daqui a uns anos como o goleiro do Flu que ficou mais tempo sem tomar gol, barrando Felix! Meus filhos e netos iam falar: "poxa, sorte sua que vc pôde ver o grande FH! Ele era bom mesmo? Me conta mais!" Eu teria que decepcioná-los e contar a verdade sobre o frangueiro.
E, pro meu espanto, eu descobri quem matou a Thais antes de saber se o Thiago Neves renova ou não. Outra tristeza... ver jogadores jovens e talentosos nas mãos de empresários que só querem se dar bem e garantir o seu... Valeu, Pelé!

Anônimo disse...

Eu acho que, mais do que cavalo paraguaio, o Botafogo se complicou sozinho mesmo. E não tinha elenco, apenas um ótimo time titular.
Se alguém no futuro perguntar pelo FH, pode deixar que eu respondo!
E Thiago Neves... ah, Thiago Neves...
Valeu!

Anônimo disse...

Boa coluna, Emílio! E muito bem escrita. Parabéns!

Anônimo disse...

Valeu, Erich!
Abração

LLSB disse...

Excelente coluna, Gringo!

Abraços,

Leo

Anônimo disse...

Você é amigo, Leo rs
Abraço!

Anônimo disse...

Quem é Thiago Neves?

Abs, Cauê.

Anônimo disse...

Só o Luiz Alberto sabe...
Valeu, favela!

Anônimo disse...

Tive que esperar 16 anos pra ver o Emiliano falando algo de bom da torcida do Flamengo... Quem diria! Acho que agora vai, Gringo!
Abração.

Anônimo disse...

hahahaha
Sou um cara justo, rapaz

Abraço!