domingo, 30 de setembro de 2007

Entrando por trás

Maradona e Caniggia: pontapé inicial para a realização do Mundial (foto: anônimo)

Por Odisseu Kapyn

Provando que futebol não é só coisa pra homem, as meninas estão mandando ver em disputadíssimas partidas do mundial organizado este mês. Ahn? Que Marta, o quê! Estou falando do Mundial de Futebol Gay, que teve a Argentina como sede e terminou neste sábado, com a vitória de um time da casa. Teve muita entrada dura por trás, bola nas costas, cabeceadas pra dentro, bola entre as pernas e tantos outros lances “charmosos”.

Mas, piadinhas à parte, a iniciativa é importante para derrubar barreiras, acabar com o preconceito e socializar essa parcela da população (desculpem-me os machões, mas sou jornalista com raízes na área cultural; não tem como eu não ter alguma simpatia por essa turma depois de tanto convívio...). A lamentar, apenas o naipe dos jogadores: todos amadores. São empresários, arquitetos, policiais (inspirados pelo Village People, talvez). Boleiro pra valer, nada. A verdade é que um campeonato desse tipo só vai ser legal mesmo quando pudermos ver profissionais disputando. É quando veremos os craques saindo do armário dos vestiários.

Pois é. Por ser um esporte supostamente másculo, ainda temos que fingir que não tem gay no futebol. O quê? Por que “supostamente másculo”? Ora, porque másculos mesmo são os esportes que precisam de um cara fortão, de porte físico avantajado, disposto a dar porrada e sem medo de levar na cara. É coisa como o futebol americano ou o rugby, nos quais jogadores como o Zico em início de carreira ou o Sávio, franzinos, nem chegariam perto. Tanto que o futebol feminino vem se desenvolvendo bem, mesmo com mulheres que depois de tirar as chuteiras não calçam botinas.

Mas, como eu ia dizendo, a comunidade futebolística tem que fechar os olhos para quem pisca os olhinhos. Aos torcedores, restam apenas os boatos para nos dar as pistas do que rola por trás.

As histórias são muitas. Se formos pelas especulações, no Brasil já daria para montar uma seleção só de jogador com dupla função, por assim dizer. Grandes craques já caíram na boca do povo. E quem tem boca vai a Roma e volta de terno. Já teve até jogador com fama de pegador de mulher que era visto com suspeita, ainda mais depois de ser solidário a outro jogador suspeito que ficou de fora de uma Copa. Não é só de gaúcho que rolam boatos. Dizem que era um baiano o tal namorado secreto do mundo do futebol que o ator Jorge Lafond (Vera Verão) afirmava ter. E só para contrariar, teve também uma historinha de um pagodeiro e um atacante. E recentemente, as insinuações vieram para um jogador que teria namorado o dançarino de funk Lacraia.

Isso tudo sem contar o caso Richarlyson, que chegou a negar que gosta de jogar enfiado. Estranho é como a gente acaba cheio de dedos para escrever sobre esses boatos, sem citar nomes. É medo de processo, temor por cometer uma injustiça ou subconsciente de torcedor, que fica mais confortável pensando que não existe boiolice no futebol? É bem mais relaxante ver uma partida sem ficar especulando sobre todo aquele agarramento na hora das comemorações. “Vambora Caniggia, vambora Maradona! Terminem logo esse beijo na boca másculo e voltem pro jogo!”

Bom, não estamos aqui pra julgar ninguém. Quem gosta de julgar é juiz. De preferência, um juiz como Jorge Emiliano, o popular Margarida. É, ele morreu (ou virou purpurina). Mas continua vivo no anedotário do futebol, com suas performances sendo vistas ainda hoje nos vídeos à disposição no You Tube.

Quem gosta de julgar também é juiz de Direito mesmo, como Manoel Junqueira, que deu parecer desfavorável a Richarlyson na ação por difamação que o jogador moveu contra o dirigente do Palmeiras. Diz o magistrado, na sentença, que no caso de um jogador ser homossexual, melhor é que funde “uma federação” à parte, já que “prejudicam a uniformidade de pensamento da equipe”. É. Acho que por um longo só vai ter perna-de-pau nos mundiais de futebol gay.

Odisseu Kapyn apóia a diversidade heterossexual. Ganhou fama no Cocadaboa. Hoje, escreve na Revista M e no blog Humor Marrom, e apresenta o Ponto Cômicos, grupo de comédia stand-up em cartaz no Saloon 79, no Rio. Faz suas gracinhas aos domingos.

sábado, 29 de setembro de 2007

Rosas


Existem três coisas que os homens podem fazer com as mulheres: amá-las, sofrer por elas ou torná-las literatura. Escolho as três.

Por Pedro Ribeiro

Uma bola, um átomo primordial. Big Bang! Uma explosão na aristocracia inglesa. Ares quentes, densos. De paixão. O encantamento inexplicavelmente se expande. Para os sonhadores da bola, surge um admirável mundo novo. Futebol: mundo para todos.

Na vitória por 4 a 0 sobre os EUA, quando vi Marta riscando o vento e seu desafio rebelde à gravidade. O toque, o retoque. E os gols. Pensei: o futebol é de todos, sim. Mas o esporte, em forma de arte, obra-prima imperfeita do homem, revela-se, ironicamente, um encantador universo feminino. Para nós, brasileiros, finalistas da Copa do Mundo, um sagrado universo feminino.

A velocidade do jogo não é a mesma. Tampouco a agressividade. O futebol das mulheres, talvez, surpreenda exatamente pelo que não tem. Ver as meninas em campo torna-se uma prazerosa volta ao passado. Tempos em que futebol e ludismo, liderados pelos pés dos craques, andavam de mãos dadas.

No esporte que ainda aprimora a técnica, a brasileira Marta é uma exceção. Eleita melhor do planeta pela FIFA em 2006, a menina de Alagoas é, agora, a artilheira do mundo com sete gols. Após os dois marcados na semifinal, ela dedicou a vitória à mãe: “Eu te amo, Tereza. Eu te amo”.
Apaixonados estamos nós.

Quando pensamos nas dificuldades enfrentadas para praticar o futebol feminino no país, o orgulho se multiplica. Sem apoio, patrocínio ou mesmo uma liga nacional.

Aline, capitã da seleção, por exemplo, recebe uma ajuda de custo no valor de R$250 da prefeitura de Salto para defender o clube da cidade. Tentando a sorte, as brasileiras precisam buscar na Europa a dignidade negada aqui.

Os problemas nos gramados refletem a luta feminina ao longo dos tempos no país. Reivindicações por direitos igualitários na política, na educação e no trabalho.

Nos últimos dez anos, o número de mulheres chefes de família cresceu 79%, passando para 18,5 milhões em 2006. Aumenta também o índice de mulheres matriculadas nas universidades, superior ao de homens na maioria das capitais.

Ao mesmo tempo, dispara o percentual de mães adolescentes. De 6,9% em 1996 para 7,9% em 2006.

Progressos e novos problemas. Uma contradição explicada. Um país culturalmente patriarcal, mas que, gradativamente, se entrega à democrática guerra dos sexos.

O sucesso no Pan-Americano e nesta Copa do Mundo pode ter o mesmo efeito reivindicatório no esporte. Espelho da sociedade brasileira, o futebol, feminino também, representa um pouco de angústias e sonhos.

Neste Mundial Feminino, vejo diferentes tipos de marmanjos torcendo por nossas meninas. Gostamos de vencer e, por esta razão, torcemos pela seleção feminina. É verdade. Mas é igualmente verdadeira a alegria espontânea de todos com o time que busca o título inédito na China.

Os craques brasileiros idolatram Marta e companhia. Treinadores idem. A torcida nem se fala. Dunga sugeriu uma estrela rosa na camisa da Seleção caso o título se concretize.

Muita coisa mudou. Viva!

Na decisão contra a Alemanha, domingo, tudo pode acontecer. Que tudo aconteça do jeito de sempre: com belas jogadas. E no fim, aquele nosso sorriso de quem aplaude de pé a alegria, o sagrado feminino brasileiro.

Pedro Ribeiro não dispensa uma cervejinha e um bom papo com os amigos, em qualquer dia e horário. Lê de Drummond a Paulo Coelho. Nas folgas, trabalha como coordenador de eventos no SPORTV. Escreve sobre Esporte e Cultura aos sábados.

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Os verdadeiros culpados

Massa, de favorito a possível desempregado em seis meses (foto: autosport)

Por Vicente Toledo

No começo do ano, Felipe Massa era considerado o favorito ao título mundial. A três corridas do fim da temporada, é candidato a perder o emprego na Ferrari e ter que aceitar um "rebaixamento" à Toyota para continuar correndo em 2008. Por enquanto, tudo não passa de especulação (já desmentida por Massa), pois tudo vai depender do destino da relação entre Fernando Alonso e McLaren.

Mas o que levou a situação do piloto brasileiro a opostos tão extremos em pouco mais de seis meses? Será que Massa decepcionou tanto a ponto de a equipe negociar a sua vaga com outro piloto? Ou foram os erros da própria Ferrari que tiraram o brasileiro da disputa pelo título (e por tabela deixaram Kimi Raikkonen em posição nada confortável)?

Na tentativa de descobrir a resposta para essas perguntas, fiz um pequeno levantamento, superficial e nada científico, dos fatores que afetaram negativamente o desempenho de Massa em 2007. A primeira constatação é que ele foi o que mais colecionou "zeros" entre os quatro primeiros: nas 14 etapas já realizadas, o brasileiro não marcou pontos em três, contra duas de Raikkonen, uma de Hamilton e nenhuma de Alonso.

O primeiro zero veio no Canadá. Massa não foi bem nos treinos e largou apenas em quinto. Mas fazia uma boa corrida e chegou a liderar antes de começarem as bandeiras amarelas. Na primeira delas, saiu do box quando a luz ainda estava vermelha e acabou desclassificado. Errou o piloto, por não prestar atenção nesse "detalhe", mas errou também a equipe, por não avisá-lo. Ficou meio a meio.

O segundo veio na Hungria. Começou no treino de classificação, quando a equipe "esqueceu" de abastecer o carro do brasileiro, que saiu atrasado para a pista, sem tempo para aquecer os pneus, e não passou do 14º lugar. Na corrida, o carro continuou desequilibrado, e Massa não passou do 13º lugar. Em condições normais, é difícil imaginar uma Ferrari fora dos oito primeiros lugares. Falha da equipe.

E na Itália, não há nem o que discutir. Massa largou em terceiro, chegou a atacar as McLarens na largada, mas ainda no começo da corrida um misterioso problema na "parte traseira" do carro o obrigou a abandonar. Mais uma falha da equipe, que vai "ganhando" o duelo de lambanças por 2 a 0.

Nas três vitórias do brasileiro em 2007 (Bahrein, Espanha e Turquia), mérito para ambas as partes - com destaque para o "chega pra lá" de Massa sobre Alonso na primeira curva em Barcelona -, assim como nas três vezes em que ele chegou na mesma posição em que largou (3º em Mônaco e Estados Unidos, 2º na Bélgica) e na única corrida em que melhorou sua colocação em relação à largada (Europa, de 3º para 2º).

Nos quatro GPs que restam, Massa chegou à zona de pontuação, mas marcou menos do que poderia. Começando pela Austrália, aonde chegou como favorito, mas teve problemas de câmbio nos treinos, largou na última posição e terminou em sexto. Mais um na conta da Ferrari. Já na Malásia, Massa deixou a desejar. Saiu na pole, mas perdeu posições para as duas McLarens. Afobado, tentou dar o troco em Hamilton na hora errada, saiu da pista e teve de se contentar com a quinta colocação. Resultado parcial: 3 a 1.

Na França, o brasileiro mais uma vez saiu na frente e deixou a vitória escapar. Perdeu para Raikkonen na "estratégia", o que é culpa da equipe. Mas também não fez a parte dele na pista, que era abrir vantagem suficiente sobre o adversário para voltar do pit stop à frente. Mais um empate, segue 3 a 1. E na Inglaterra, Massa ficou parado no grid de largada com o motor apagado. Largou dos boxes e fez várias ultrapassagens para chegar em quinto. Poderia ter conseguido coisa melhor.

Placar final: 4 a 1 para a Ferrari. Ou seja, as falhas da equipe prejudicaram o desempenho de Massa em quatro oportunidades, enquanto o piloto se embananou sozinho apenas uma vez (em dois casos, ambos contribuíram para o mau resultado). É claro que é uma análise simplista, mas ainda assim mostra que, se Massa não rendeu o esperado, é porque teve a "ajuda" da mesma Ferrari que agora cogita demiti-lo.

Vicente Toledo aprecia Massa à italiana aos domingos, mas dispensa as pizzas. Trabalha como repórter do UOL há seis anos, por onde cobriu diversos campeonatos ao redor do mundo. Hoje, apresenta o UOL News. Escreve sobre automobilismo às sextas-feiras.

Acabar, não vai

Lulinha deve seguir o mesmo caminho de William em breve (foto: UOL)

Por Alexandre Mortari

Há esperança. Mas ainda está escondida na sombra dos urubus. Difícil imaginar um time com a tradição e história do Corinthians se acabando totalmente, ou mesmo virando uma equipe sem força e apenas dessas que cumprem tabela. Provavelmente voltará com força a disputar e conquistar títulos. Para isso, há esperança. Mas ainda escondida na sombra dos urubus.

A esperança vive no talento de novos jogadores, que continuam surgindo. E precisam continuar surgindo. Porque os atuais, queiram ou não, terão de virar dinheiro para tapar buracos no cofre alvinegro. Como assim já aconteceu com William. Como deverá acontecer com Lulinha, Dentinho, entre outros.

Com um pouco de organização e tranqüilidade, até mesmo jogadores menos queridos, em alguns casos odiados mesmo, pela torcida, também poderão ajudar financeiramente. Ou vão dizer que não tem jogador brasileiro sendo exportado no mesmo nível de Rosinei e Betão, por exemplo?

Mas, se essas promessas mantêm o sonho corintiano vivo, os urubus ainda apavoram quem acompanha o clube alvinegro. Urubus que não se cansam de cometer os mesmos erros.

Pois nem bem uma parceria suja e falida foi pelos ares, chegam dirigentes sonhando com um empresário sei lá de onde, que ninguém conhece direito, mas que gostaria de injetar milhões para montar um grande time, construir estádio e fazer do Corinthians uma força mundial.

De novo? E vão cair na mesma conversa? Não será possível reconstruir o time com a força de sua marca, história e torcida, incluindo pobres mortais e figuras ilustres? Que mania triste de procurar um caminho curto para a glória.

Mania que faz o time merecer estar onde está. Ou melhor. Não merecer. Deveria estar em situação pior. Pagando por seus pecados. E não adianta dizer agora que foram poucos comandantes que levaram o time para o buraco. Pelo que me lembre, Kia dava autógrafos até pouco tempo atrás. Errou, tem de pagar. E se planejar para evitar os mesmos erros.

Alexandre Mortari é veterano nos estádios da terra da garoa. Trabalhou na Rádio Globo, no UOL e na agência MBPress. Hoje, é web editor do MSN. Escreve sobre futebol paulista às sextas-feiras.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A ameaça que vem do Centro-Oeste

CRAC, de Catalão (GO), está maduro para alcançar a Série B (foto: cracnet.com.br)

Por Márcio Menezes

Se um deles - ou dois - estiver no seu grupo, prepare-se: vai ser difícil passar por eles. Os times de Goiás estão atropelando seus adversários e são fortíssimos candidatos ao acesso à Segundona em 2008. Vila Nova, Atlético e CRAC pensam em deixar o caneco dentro do estado.

O domínio goiano é enorme, tendo em vista os números. Dos quatro times que começaram a competição, dois já estão garantidos no octogonal (Vila e CRAC), e um deve assegurar seu lugar no próximo domingo. O "patinho feio" da companhia foi o Itumbiara, que parou na segunda fase.

A regionalização da Série C demonstra ainda mais o poder da onda goiana. Dos dois grupos da terceira fase que repesentam o Centro-Sul do país, sairão quatro clubes para o octogonal, sendo três (75%) de Goiás. Rio de Janeiro (América), São Paulo (Bragantino) e Rio Grande do Sul (Ulbra) disputarão o outro lugar entre os oito melhores.

Rebaixado para a Terceirona ano passado, o Vila não poupou esforços para o retorno à Série B. Apostou na manutenção da base e se reforçou, formando um time experiente, que conta com uma linha de frente para lá de rodada, com Elvis (ex-Bota e Vitória) e Alex Oliveira (ex-Flu, Vasco e Atlético-PR) na armação, municiando Tulio Maravilha - que já está beirando o gol nº 800, e Wando, prata-da-casa, que já passou por Botafogo, Fluminense e Cruzeiro. Artur Neto é o treinador desde a segunda fase, quando substituiu Sérgio Cosme.

O Atlético segue em lua-de-mel com a sua torcida. Campeão goiano após 19 anos de jejum, o Dragão manteve a base e vem mostrando bom futebol nesta Série C. Também não falta experiência ao ACG, que tem Jairo com xerife da zaga e conta com o talento de Anaílson no meio-campo. Na frente, Rodrigo Silva e Marquinhos têm dado conta do recado e têm lugar cativo no time de Sérgio Alexandre, assim como o volante Robston, forte e técnico, que chegou a ser sondado para jogar a Série A pelo Botafogo.

De Catalão veio a maior surpresa. Sem alarde, o CRAC montou um time equilibrado, com jovens valores e nomes de muita rodagem. O técnico Wladimir Araújo, ex-Marília, conta com os trintões Marcinho Mossoró (ex-Guarani) e Ronildo (ex-Botafogo, Lusa e Goiás) no meio, municiando o também ex-alvinegro Tico Mineiro e o talentoso Danilo Santos no ataque. Essa forte linha ofensiva, aliada a um sólido esquema com três zagueiros e a força de se jogar no Genervino Fonseca, um verdadeiro caldeirão, tem dado muito certo para o time azul e branco.

Exagero ou malandragem?

Quando você acha que já viu tudo no futebol, dá de cara com a vitória por W.O do Bangu sobre o Bonsucesso, devido ao seguinte fato: um dos enfermeiros do Bonsuça não estava com a carteira do conselho regional da profissão. O time da Leopoldina contesta e irá à justiça fazê-lo. Não posso garantir, mas parece uma baita forçada de barra da FERJ. Pelo jeito, caminhamos apenas para ter um novo "Caixa D'Água". Rubinho, não faz isso!

Mengão no fundo do poço

O Flamengo vive a pior crise de sua história. Não me atirem pedras, rubro-negros do Rio: refiro-me ao do Piauí, que após duas escovadas nas semifinais da Segundona piauiense para o Picos (3x0 e 5x1), deu adeus ao sonho de voltar à elite do estado. A equipe, uma das mais tradicionais da região, corre o risco até de fechar suas portas.

Mercado alternativo em movimento

Dois nomes respeitados da alternatividade conseguiram emprego esta semana. O atacante Ademílson (aquele que corria feito um alucinado, lembra dele?), ex-Botafogo e Fluminense, acertou com o Tupi (MG). Já o eterno ídolo do Palmeiras, o volante Galeano, já assegurou presença no próximo Paulistão. O jogador, que estava no Joinville, vai vestir a camisa do Sertãozinho no estadual mais rico do país.

Você conhece?



Não tem jeito: clubes brasileiros seguem perdendo atletas para o exterior. Mas como você se sentiria se o destaque de seu time fosse embora seduzido por uma proposta "irrecusável" do poderoso futebol da Costa Rica? Então pergunte isso a um americano, que viu o meia-atacante Zada fazer as malas para defender a Liga Deportiva Alajuelense.

O Alajuelense é um dos grandes do futebol costarriquenho, ao lado do Saprissa, Herediano e Cartaginés. O time rubro-negro já faturou 24 vezes o título nacional, além de ter conquistado duas vezes o campeonato da Concacaf, em 1986 e 2004.

O novo time de Zada foi um dos fundadores da primeira Liga de Futebol da Costa Rica, em 1921. Seu estádio, o Alejandro Morera Soto, é muito bonito e tem o apelido de "Catedral do futebol de Costa Rica". É, praticamente, o Maracanã do Caribe.

A chegada do ex-rubro à Costa Rica promete um duelo alternativo: Zada versus Porras, goleiro imortalizado na última Copa do Mundo, que defende o Saprissa, rival do Alajuelense.

Márcio Menezes é alternativo por natureza. Torcedor fanático do América, do Rio, é profissional de boliche e de futebol de mesa. Trabalhou na assessoria de imprensa do América e foi colunista do Globoesporte.com. Escreve sobre futebol alternativo às quintas-feiras.

Travessia sem os fortes

Okimoto e a Travessia dos Fortes, cancelada por falta de patrocínio (foto: cbda.org.br)

Por Lydia Gismondi

O Brasil vem se destacando nos últimos anos na maratona aquática. Mas, apesar de o país ter uma geografia que facilita a prática do esporte, a maratona nem de longe tem o mesmo apoio que a natação. Um dos exemplos disso é o cancelamento da tradicional Travessia dos Fortes deste ano, que seria realizada dia 6 de outubro.

O principal evento do país na modalidade não será realizado este ano por falta de patrocinadores. Nem mesmo a visibilidade conquistada em sua estréia nos Jogos Pan-Americanos animou os investidores. Segundo a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, essa falta de investimento é explicada pelo fato de as grandes empresas já terem gastado muito com a realização do Pan.

O grande nome da maratona aquática do país, Poliana Okimoto, é uma das principais prejudicadas com isso. O técnico dela chegou a dar entrevistas logo após o cancelamento da Travessia dizendo que outras importantes provas nacionais de maratona aquática sumiram do calendário também.

Poliana, que já sofre com o fato de praticamente não ter adversárias dentro do país, agora terá que contar apenas com as experiências em competições internacionais. O que tem feito muito bem, por sinal. Na última etapa da Copa do Mundo, em Shantou, na China, a brasileira conquistou a inédita medalha de ouro para o país. Mas é claro que, para uma maior evolução de Poliana, e também para a modalidade se desenvolver no país, as competições nacionais precisam aumentar ao invés de diminuir.

A conclusão que se chega é que o que seria para ficar melhor depois da realização do Pan, piorou. Se agora as justificativas para a falta de apoio são o fim do Pan, será que os esportes amadores vão ter que esperar a realização de um grande evento no país novamente? Se tudo der certo, então a solução pode vir apenas em 2016.

Mas, mesmo durante o Pan, os atletas não lucraram tanto. A própria Poliana Okimoto, que foi prata na maratona da competição, mal pôde comemorar a conquista. A atleta estava preocupada porque a Universidade de Montserrat decidiu acabar com o centro de treinamento onde ela treinava para construir um shopping de automóveis. Poliana aproveitou o curto momento de evidência na mídia para pedir uma solução para o seu problema. Depois disso, a atleta começou a treinar no clube Pinheiros.

Diante desse quadro triste de falta de estrutura, resta dizer que os atletas brasileiros, como Poliana Okimoto, são verdadeiros heróis.

Lydia Gismondi lamenta a falta de fôlego dos empresários. Foi remadora do Botafogo. Trabalhou na assessoria Media Guide, e atualmente é repórter do Globoesporte.com. Escreve sobre esportes aquáticos às quintas-feiras.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Após a festa, o fantasma

Sam Bowie em ação pelo Portland (foto: nba.com)

Por Marcelo Monteiro

Em 28 de junho, o Portland Trail Blazers anunciou em seu site oficial uma “noite histórica” para o clube. Com o direito de fazer a primeira escolha do draft da NBA, a equipe do Oregon optou por aquele que muitos analistas da liga consideram um dos melhores pivôs surgidos nos Estados Unidos nos últimos anos: Greg Oden.

Três meses depois, o entusiasmo não é o mesmo. Greg Oden operou o joelho direito e está fora da temporada. A lesão do número um do draft fez um fantasma voltar a atormentar Portland. Um fantasma com nome e sobrenome: Sam Bowie.

Talvez os mais novos não o conheçam, mas quem acompanhou a NBA nas décadas de 80 e 90, já deve ter ouvido falar. Os torcedores do Portland com mais de 30 anos nunca vão esquecer.

No draft de 1984, o Portland não teve tanta sorte como neste ano, mas conquistou a chance de fazer a segunda escolha. Ao Houston Rockets, coube o direito de indicar um jogador em primeiro lugar. Optou por um gigante importado da Nigéria que jogava na cidade, pela Universidade de Houston: Hakeem Olajuwon, que comandou o time a dois títulos da NBA, em 94 e 95, no vácuo deixado por Michael Jordan em sua frustrada aventura no beisebol.

Em seguida, veio o Trail Blazers. Seus olheiros observaram os jogadores espalhados pelos EUA, opinaram e a diretoria optou também por um pivô, que mostrava muito potencial na Universidade de Kentucky: Sam Bowie.

A opção pelo pivô acabou se tornando o maior erro já cometido por um time na história da liga profissional de basquete do EUA. Não só porque Bowie, que já tinha problemas físicos, somente conseguiu atuar por 28 jogos em média nas cinco temporadas em que defendeu o Portland, e se submeteu a cinco cirurgias neste período.

O problema estava no jogador que o time preto, branco e vermelho deixou passar. O número três do draft de 1984 havia sido campeão olímpico pouco antes, em Los Angeles, e mostrava seu potencial na Universidade de North Carolina, pela qual foi campeão da NCAA. Você já deve saber de quem estou falando. Ainda não? Mais uma dica: com ele, o Chicago Bulls se tornou sinônimo de basquete ao redor do mundo e conquistou milhões de torcedores por todo o planeta.

Sim. O Portland havia perdido o trem da história ao recrutar Sam Bowie e deixar para o Chicago a possibilidade de contratar Michael Jordan. As desculpas dos dirigentes do Trail Blazers foram muitas: ninguém sabia que Michael seria, um dia, Michael; precisávamos de um pivô; tínhamos Clyde Drexler para a posição.

Ok. Drexler era excelente, mas Jordan era Jordan.

O Portland perdeu a chance de ter em suas fileiras o melhor jogador de todos os tempos e ainda teve que ver o renegado impedir que o time conquistasse o título de 92, comandando o Chicago à vitória na decisão por 4 a 2.

A lesão de Greg Oden fez vários torcedores temerem que o pesadelo volte a tomar forma. Se Oden era uma unanimidade meses antes do draft, essa percepção foi diminuindo com o tempo e alguns analistas chegaram a defender que Kevin Durant seria a melhor escolha para o topo da lista do draft. O Seattle, com a bolinha dois nas mãos, não teve dúvidas e indicou o ala, cujo talento é elogiado por dez entre dez especialistas em NBA.

Será que o fantasma Sam Bowie voltará a atormentar Portland, agora rebatizado de Greg Oden? Só o tempo dirá.

Bandejas

- O Pré-Olímpico feminino das Américas começa nesta quarta-feira, na cidade chilena de Valdívia. (Por que em Valdívia, não me pergunte). Com um time formado por estrelas da WNBA, os Estados Unidos não devem ter maiores dificuldades para ficar com a solitária vaga para Pequim em jogo. Ao Brasil, o torneio serve como ponto de partida para Paulo Bassul começar a implantar seu trabalho de renovação, preparando o time para o Pré Mundial, quando cinco vagas estarão em disputa e o Brasil tem totais condições de se classificar.

- Varejão ainda não renovou com o Cleveland Cavaliers. Uma novela que se arrasta e impediu o jogador de defender o Brasil no Pré-Olímpico. O jornal espanhol “Sport” fala que o ala-pivô tem uma proposta de US$ 2 milhões do Khimki Moscou (Rússia). O Cavs ofereceria US$ 1,2 milhão. Sinceramente, trocar a exposição da NBA pela Rússia? Não sei se vale a grana a mais.

Marcelo Monteiro mal chega a 1,70m, mas é mortal nas bolas de três. Torcedor fanático do Atlanta Hawks, trabalhou por nove anos em sites das Organizações Globo. Hoje, empresta seus conhecimentos à Textual Assessoria. Escreve sobre basquete às quartas-feiras.

1947, o fim da vergonha

Jackie Robinson protagonizou a entrada dos negros na MLB (foto: mlb.com)

Por Fernando Andrade

No último fim de semana, vi uma entrevista com o Pelé no canal Sportv e parei para pensar sobre o que seria do esporte sem a presença do negro. Coincidentemente, este ano, o beisebol comemora 60 temporadas desde que o primeiro jogador negro atuou por uma equipe na Major League Baseball (MLB).

Até o final da década de 40, os negros disputavam uma liga paralela, a Negro National League (NNL), que contava, ainda, com a presença de muitos latinos que viviam nos Estados Unidos. Isso motivava, inclusive, a nomeação das equipes, como: New York Black Yankees e New York Cubans. Os dois times, aliás, possuíam a mesma rivalidade existente entre as equipes nova-iorquinas da MLB: Yankees e Mets.

Mesmo com muitos jogos de exibição entre equipes de estrelas da NNL e da MLB, com um equilíbrio muito grande no número de vitórias de cada liga, somente em 1947 um time da Major League decidiu colocar um jogador negro em campo. Depois de três anos no exército e uma temporada no Kansas City Monarchs (NNL), Jackie Robinson assinou, em 1946, com o Brooklyn Dodgers, passando, ainda, uma temporada no Montreal Royals, equipe de base dos Dodgers, antes de, no ano seguinte, fazer sua estréia como segunda-base de um time Major.

Não havia outra opção para Robinson que não fosse a de ser excelente, o melhor. Qualquer outra performance que o colocasse no mesmo nível, ou abaixo, dos brancos jogaria no lixo os esforços de poucos contra a resistência de muitos, para que, finalmente, terminasse o preconceito no beisebol e que brancos, negros e latinos jogassem juntos.

Carregando a responsabilidade de mudar a história do esporte, Jackie Robinson conquistou, em 1947, o título de Rookie of the Year (Melhor Novato do Ano), na Liga Nacional. Na temporada seguinte, mais uma vez foi o destaque da Liga Nacional, levando o troféu de MVP (sigla em inglês para Most Valuable Player, jogador mais valioso), dado ao melhor jogador. Ele foi convocado, ainda, seis vezes para o time das estrelas da Liga Nacional, para disputar o All-Star Game.

Se não fossem as excelentes atuações de Robinson, hoje não apreciaríamos as rebatidas de Barry Bonds ou os arremessos de Pedro Martinez, entre outros. Na verdade, se Jackie Robinson não tivesse derrubado a barreira de preconceito que cercava o beisebol, não veríamos Alex Rodriguez, Ichiro Suzuki, Mariano Rivera, Vladimir Guerrero, Magglio Ordoñez, Chien Ming Wang e muitos outros, já que não eram somente os negros que sofriam com a discriminação nos campos.

A importância de Jackie Robinson para o beisebol é tão grande que, em 1997, a MLB decidiu retirar a camisa 42 de todas as equipes, número que era usado por ele, e só quem já o utilizasse poderia continuar a carregá-lo. Hoje só há um caso, o do arremessador Mariano Rivera, do Yankees. De qualquer forma, após a aposentadoria de Mariano, o número será duplamente imortalizado, se é que é possível imortalizar algo duas vezes, para homenagear Robinson e Rivera, que, para muitos, incluindo eu, é o maior closer de todos os tempos.

Não bastasse tudo que fez pelo beisebol dentro do campo, Jackie Robinson ainda dá exemplo fora deles. Desde 1973, ele está à frente da Fundação Jackie Robinson, que ajuda na educação e desenvolvimento de jovens carentes, oferecendo bolsas de estudo em universidades, além de promover cursos de formação e liderança.

Quando algo ruim acontece, dizemos que a coisa está preta. Mas, no beisebol, isso foi o que de melhor já aconteceu.

***

Dois times da Liga Americana já garantiram o título de suas conferências. Na Central, o Cleveland Indians não pode mais ser alcançado pelo Detroit Tigers. Na Oeste, o Los Angeles Angels of Anaheim também possui vantagem que não pode mais ser tirada pelo Seattle Mariners.

Fernando Andrade passou de fã a companheiro de transmissões de Ivan Zimmerman. Jornalista, trabalhou nas rádios Tupi, Nativa, Jovem Pan e Paradiso. É jogador, treinador e presidente da Federação Carioca de Beisebol e Softbol, e escreve sobre o esporte às quartas-feiras.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Tecla mute, por favor

Rússia, de Kirilenko, vence o Europeu com técnico americano (foto: fiba.com)

Por Vitor Sérgio Rodrigues

E o Grego falou! Depois de um silêncio ensurdecedor após a péssima quarta posição no Pré-Olímpico de Las Vegas, o presidente da Confederação Brasileira de Basquete abriu a boca em entrevista ao competente colega Cláudio Nogueira, do jornal O Globo, na última quarta-feira. Reli o texto cinco vezes e confesso que preferia que ele tivesse permanecido calado.

A forte possibilidade de termos um técnico estrangeiro, possivelmente um espanhol, foi o único trecho digno de nota em todo o discurso do dirigente. No mais, só mentira e exemplos da passividade que é marca da administração Grego, que turbinou o processo de destruição do basquete nacional.

A primeira declaração preocupante é que ele não viu nada de novo no basquete jogado no Campeonato Europeu (Grego foi o único brasileiro que esteve na Espanha para acompanhar a competição, que tem o nível técnico mais alto do mundo, até mais do que Mundial e Olimpíada, pois não há babas).

Essa eu não digo que é mentira, pois ele tem razão. O basquete na Europa não tem nada de novo. Vem sendo jogado com valorização da posse de bola, pressão defensiva e com rigorosa seleção de arremessos há, pelo menos, dois ciclos olímpicos. Pena que o Brasil ainda não descobriu isso, e insiste em jogar no contra-ataque, rezando para todo dia ser “o dia que a mão está boa”.

Logo depois, aí sim, Grego mentiu. Mentiu (para não dizer que usou de má fé com quem não acompanha o cotidiano do basquete) ao dizer que ficar fora das Olimpíadas não é o fim do mundo, pois França (de Tony Parker) e a Itália (vice-campeã olímpica), entre outros países, não têm chance de ir a Pequim.

Isso é mentira, pois ele quer comparar o Pré-Olímpico das Américas (na prática, uma vaga para Brasil e os reservas da Argentina disputarem) com o Pré-Olímpico Europeu (seis vagas para dezesseis seleções fortíssimas, das quais o Brasil perderia sistematicamente para 13 delas, tirando Polônia, Portugal e República Tcheca).

Para fechar a lamentável entrevista, Grego me alarmou ainda mais ao dizer que vai definir a questão do novo treinador em dezembro. É uma decisão digna de um administrador competente: jogar quatro meses no lixo. Quatro meses que poderiam fazer a diferença na reconstrução de nosso time masculino.

Se a definição do novo técnico acontecesse logo, ele teria um ano para montar um time, dentro dos conceitos aceitáveis no basquete atual, para o Pré-Olímpico Mundial. Mas não, fica para dezembro. Pensando bem, fica para o depois do Reveillon. Na verdade, o ano no Brasil começa apenas depois do Carnaval...

***

Quer exemplo de que um ano é suficiente para mudar a cara do nosso basquete? Então segura: a Rússia, que muitos consideravam morta para o basquete, ganhou o Europeu, batendo na final a Espanha, campeã do mundo, dentro de Madri. O técnico do time russo é o americano (!!!) David Blatt, que assumiu há menos de um ano. A média de pontos cedidos pelos russos no torneio foi de apenas 65,7 pontos por jogo.

***

Com nosso presidente reformulando o time masculino a passos de mamute, não temo ser pessimista e afirmar que não teremos chance no Pré-Olímpico Mundial, esmiuçado de forma excelente pelo amigo Marcelo Monteiro neste espaço na semana passada.

Fazendo um exercício rápido, comparando com o basquete apresentando por nosso time em Las Vegas, perderemos de muito para Grécia, Croácia e Eslovênia (que, no Europeu, segurou a Alemanha, com Nowitzki, a míseros 47 pontos). Contra a Alemanha, faremos um tiroteio insano de arremessos e podemos até vencer. Como de costume, vamos entregar um joguinho para Porto Rico. Se Nash jogar pelo Canadá, mais um ferro. Rezo para estar errado, mas Feliz 2012 para nossa seleção masculina.

Vitor Sérgio Rodrigues espera não estar falando grego. Trabalhou no Jornal dos Sports, Diário Lance, por onde cobriu as Olimpíadas de Atenas, e Globoesporte.com. Hoje, é comentarista da TV Esporte Interativo. Escreve para o Por Esporte às terças-feiras.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

A festa da turma do contra

Cesc Fabregas está cotado para a Bola de Ouro (foto: premierleague.com)

Por Thiago Dias

Dê uma olhada na tabela do Campeonato Inglês:

1º - Arsenal
2º - Manchester United
3º - Manchester City
4º - Liverpool
5º - Newcastle
6º - Chelsea

Agora, confira o Italiano:

3º - Atalanta
6º - Juventus
9º - Milan

No Francês, o Lyon é o quarto!

Bonito, não?

Não sou um Márcio Menezes, companheiro especialista em futebol alternativo, mas também gosto de ver os favoritos se darem mal. E, nesse início de temporada, a coisa está boa pra galera que torce contra.

Na Inglaterra, o Liverpool foi o clube que mais gastou. Conseguiu tirar até Fernando Torres do Atlético de Madri, algo que eu jamais pensei que aconteceria. Mas a alegria mesmo, para quem quer ver o circo pegando fogo, é o Chelsea. Nada dá certo para o clube do bilionário Abramovich e, para “melhorar”, José Mourinho foi embora.

Belo exemplo nos dá o Arsenal. Parecia que o mundo cairia quando Henry arrumou as malas e se mandou para a Catalunha. A torcida ficou órfã, o técnico Arsene Wenger também. A principal contratação foi o jovem Eduardo da Silva, brasileiro naturalizado croata. Mas o substituto de Henry no coração dos fãs e da equipe já estava no elenco: Francesc Fábregas.

O espanhol está jogando tanto que já está sendo cotado para disputar a Bola de Ouro da France Football com Kaká, maior nome da última temporada européia. A história dele é parecida com a de alguns brasileiros, que a gente só conhece quando está estourado em clube estrangeiro: em 2003, com apenas 16 anos, trocou o Barcelona pelo Arsenal. Rapidamente, tornou-se o jogador mais jovem a entrar em campo com a camisa dos Gunners, quando tinha 16 anos e 177 dias, e a marcar um gol pela equipe.

Vamos para a Itália. Tudo bem que Roma e Inter de Milão, duas potências, estão na cabeça. Mas, “galera do contra”, não é lindo ver a Velha Senhora Juventus, maior campeã nacional, e o Milan, atual rei da Europa, longe dos líderes?

A Juve tem até a desculpa de estar voltando à Série A, a ansiedade. E o Milan? A campanha rubro-negra prova o que todo mundo sabe, mas o título da Liga dos Campeões fez a maioria esquecer: Carlo Ancelotti é um senhor retranqueiro. São três empates e apenas uma vitória em quatro rodadas. Muito pouco para quem tem nomes como Pirlo, Kaká, Seedorf, Gilardino e Inzaghi, que gostam de ir ao ataque, chutam bem e costumam balançar as redes.

***

A partir de hoje, vou deixar no ar uma pergunta aos internautas. Já disse, há algumas semanas, que meu time de infância na Europa era o Napoli, por causa de Maradona, Careca e Alemão. Quero saber de vocês: qual trio de estrangeiros marcou mais nas décadas de 80 e 90 no futebol italiano?

Thiago Dias costuma ser interrompido no cinema por ligações de jornalistas gringos. Trabalhou no Lance. Hoje, é repórter do Globoesporte.com. Cobriu o título mundial do Inter e prepara um livro sobre o assunto. Escreve sobre futebol internacional às segundas-feiras.

Morrer como antigamente

Mortes durante as corridas eram comuns na F1 (foto: arquivo pessoal)

Por Otto Jenkel

Quando o tricampeão mundial de F1, Jackie Stewart, começou uma campanha a favor de maior segurança nas pistas, no final dos anos 60, um proprietário de circuito, preocupado com os gastos que isso iria causar, usou uma frase emblemática "Os pilotos de F1 já não morrem mais como antigamente". Por mais absurda que seja a declaração, ela refletia um pensamento muito comum na época, a de que os pilotos deveriam entender que o automobilismo era um esporte de alto risco, em que a morte deveria ser encarada normalmente.

De fato, o risco era enorme. Durante as décadas de 60 e 70, 42 pilotos de F1 morreram nas pistas, em diversas categorias, sendo a metade na própria F1. Os pilotos eram vistos como gladiadores. A morte, inevitável.

Lembrei de tudo isso por ocasião do GP da Bélgica último, mais precisamente quando Alonso passou Hamilton na Eau Rouge. Foi uma manobra genial, sem dúvida, mas ela seria possível um tempo atrás? Antigamente, um erro numa ultrapassagem custava ao piloto, muitas vezes, a própria vida. Em 1985, por exemplo, numa corrida de esporte protótipo, o promissor Stefan Bellof morreu na mesma Eau Rouge, numa manobra parecida com a de Alonso, quando tentava passar Jacky Ickx.

O que teria acontecido se Alonso e Hamilton tivessem se chocado? Depois da pancada que Robert Kubica deu em Montreal, e saiu ileso, é difícil acreditar que a F1 ainda mata. Claro, o risco ainda está lá, mas o que importa é que estamos há 13 anos sem um acidente fatal, desde o fatídico 1º de maio de 1994, de triste lembrança. Alonso, para os padrões da F1 atual, fez uma ultrapassagem muito arriscada, mas ainda dentro de uma margem de segurança.

Segurança que era precária na maioria das pistas antigas e no qual um dos maiores exemplos é justamente Spa Francorchamps. A pista flamenga tinha, até 1970, 14 quilômetros de extensão, o dobro do circuito atual. Na verdade, circuito era modo de dizer. Eram aproveitados trechos de estradas cercadas de casas e precipícios, ligando as cidades de Spa, Francorchamps, Malmedy e Stavelot.

Para se ter uma idéia do que era essa pista, nada melhor do que assistir ao filme Grand Prix, de John Frankenheimer, de 1966, que é o melhor documento em video mostrando o que era a F1 dessa época. Vendo o filme, você chega à seguinte conclusão: não é que a segurança era precária. Ela simplesmente não existia.



A corrida de 1960, em Spa, é o maior exemplo disso. A equipe Lotus levou cinco carros para seus pilotos: Jim Clark, Stirling Moss, Alan Stacey , Innes Ireland e Mike Taylor. Nos treinos, Moss perdeu uma roda, seu carro foi atirado contra um barranco e ele quebrou as duas pernas. Taylor também bateu forte e o carro ficou inutilizado. Alinharam, portanto, três Lotus para a corrida.

Logo no início, Ireland sofreu um acidente, mas saiu ileso. Restavam Clark e Stacey. Na 24ª volta, veio a tragédia. Um pássaro atingiu em cheio, a 220 km/h, a cabeça de Stacey, que morreu na hora. Até então, o capacete era aberto no rosto, com uma máscara para proteger os olhos. Não foi o único acidente fatal do dia. Um pouco antes, Chris Bristow, da Cooper, havia perdido a vida numa disputa de posição com Willy Mairesse. Só Clark conseguiu levar uma Lotus ao final da prova. Outros tempos.

A preocupação de Stewart com segurança começou depois de um acidente em Spa, em 1966, em que ele ficou preso dentro de seu BRM destruído, enquanto o combustível vasava. A corrida continuou, o que era comum, enquanto alguns fiscais e até pilotos buscavam tirar o escocês do carro. Depois de mais de meia hora, ele foi retirado. Uma simples faísca e tudo terminaria para Stewart; não havia um único extintor nas proximidades. Definitivamente, os tempos eram outros, os pilotos também.

Hoje, um piloto pode errar à vontade, porque sabe que existem áreas de escape e caixas de brita em exagero. O risco praticamente sumiu. A manobra de Alonso é celebrada com justiça, porque foge da regra e assustou muita gente. Nada comparável com o passado, contudo. Os pilotos eram heróis. Eu me lembro que tinha lá meus 13 anos, quando fui ao hotel onde estavam hospedados os pilotos de F1, por ocasião do GP do Brasil de 1982, no Rio. Meu ídolo era Gilles Villeneuve.

Quando o vi, parecia adivinhar que ele não duraria muito. Na época, a F1 era tão perigosa que um piloto como Villeneuve, que arriscava demais e não ligava a mínima para segurança, não poderia viver muito tempo. Não viveu. Pouco mais de um mês depois, morreria na pista de Zolder. Guardo até hoje seu autógrafo como se fosse um troféu.

Zolder foi justamente a pista que veio a substituir a antiga Spa quando esta foi alijada do calendário da F1 por falta de segurança. Curiosamente, após a morte de Villeneuve, ocorreu o inverso. Zolder foi considerada maldita e Spa voltou ao calendário reformada. Sobre a antiga Spa, a melhor definição é do próprio Jackie Stewart: "O piloto que afirma que dá 100% em uma volta em Spa, mente. Isso é impossível". E era mesmo.

Otto Jenkel trabalhou no FOCA TV, cobrindo o GP do Brasil, quando a prova era disputada no Rio. Acompanha Fórmula 1 desde meados da década de 70, "quando a F1 era perigosa e o sexo seguro, hoje inverteu". Escreve sobre Fórmula 1 às segundas-feiras.

domingo, 23 de setembro de 2007

Sobre você e eu


Não permita que a honra te desfaça. Nem que a ética te apague. Ou que a hipocrisia te ilumine ao extremo. Tenha um brilho próprio, mas verdadeiro.

Por Pedro Ribeiro

A honra sempre motivou espetáculos variados ao longo da humanidade. Guerras, homicídios e ataques à foca. Honradez, por exemplo, é palavra inerente a qualquer religião. É fácil presumir que, para se tornar honrado, o homem comum enfrente dilemas ao longo da vida.

Ética é o dilema mais doloroso e complicado. Convido-o, amigo leitor, a imaginar um mundo maravilhosamente egoísta. Um mundo em que você é a chave de todas as questões. Não precisa se preocupar com nada ou com ninguém. Apenas com a ética própria. Há, porém, algo neste mundo perfeito que nunca o deixará só: a hipocrisia. A tríade Honra-Hipocrisia-Ética é importante em nosso caso, não se esqueça.

Para mostrar que nosso modelo é democrático, vamos ao escurinho do cinema. Tropa de Elite, considerado por muitos como o melhor filme da Retomada, é, em sua essência, uma hipocrisia sem limites. Seja pelo roteiro propositalmente confrontador, seja pelas cópias piratas espalhadas pelas cidades do Brasil. Muito jornalista ético viu.

Do escurinho do cinema para os holofotes do estádio. Cinema e futebol servem como bons modelos da sociedade moderna. Bastaram alguns segundos no Mineirão para que todos nós, efusivos, virássemos não defensores, mas o próprio futebol arte.

Esquecemos de quando vibramos com a raça exacerbada de nossos grandes jogadores em outros momentos. A raça de uns é a violência de outro. Ou quando, pela danada da honra à pátria, nos permitimos driblar algumas leis do futebol. Como a malandragem de Nilton Santos na Copa do Mundo de 1958 contra a Espanha. “Uma jogada de gênio”. E pela pátria tudo é permitido!

E o que seria do futebol brasileiro, de arte pura, se o STDJ disparasse sua hipocrisia no Mundial de 70? Pelé, Carlos Alberto e Tostão certamente não jogariam a final daquele ano contra a Itália.

Amigo leitor, a verdadeira honra é aquela que a ninguém agride. Nossa ética é efêmera, varia conforme nosso tempo e nossos objetivos. Nem por isso somos maus. E se hipocrisia é lutar contra a pirataria e as agressões nos campos de futebol, lhe pergunto: Não vale a pena ser hipócrita?

Pedro Ribeiro tinha doze anos quando foi chamado de hipócrita pela irmã. Nem ele, nem a irmã sabiam o que significava tal palavra. É Coordenador de Eventos do SporTV. Escreve sobre esporte e cultura aos sábados.

sábado, 22 de setembro de 2007

O drible da Foca e o gol de bunda

A Foca não olha pra frente e esbarra com o coelho (foto: anônimo)

Por Odisseu Kapyn

Na década de 80, foi lançado um disco infantil chamado Arca de Noé, com músicas de Vinícius de Moraes. Não precisa dizer que as letras eram bem mais inteligentes e instrutivas que essas coisas de “Ilari-lari-ê”, tão imbecil que serviu de coro para a torcida argentina. Umas das músicas da Arca de Noé se chamava A foca, entoada por Alceu Valença, que, em alguns momentos, parava a melodia para narrar a entrada em cena de uma rica e avarenta foca americana, uma chique foca francesa e uma pobre foca brasileira, que caía de fome no chão. Bons tempos em que uma música infantil falava da realidade brasileira. E usando focas.

Hoje em dia, nossas focas não caem mais no chão só de fome. Caem de levar porrada. Caramba, isso tem que ser cantado em música também. Não só em canções infantis, mas nas adultas. Alguém, por favor, convoque o Gabriel o Pensador para fazer um rap protestando contra a violência sofrida pelas focas brasileiras nos campos. Sim, é do Kerlon, do Cruzeiro, que estou falando, sabichão. Mas é que não vou chamá-lo de Kerlon, pois esse é um nome muito muito escroto.

Jogador de futebol que se preze tem que ter apelido – hoje em dia, os apelidos mais maneiros não estão mais no futebol, mas no mundo do tráfico, como já falei em um artigo do Cocadaboa. Então vamos parar com essa coisa de chamar o cara de Kerlon. O nome dele agora é Foca. Não temos um craque chamado Pato? E o babaca que baixou porrada no Foca quando levou o belo drible não é um tal de Coelho? Então.

Vamos ser sinceros: mais importante do que salvar as foquinhas no Ártico é salvar o Foca e seus futuros imitadores. Sim, pois essas focas de verdade que temos por aí, assassinadas por caçadores de peles, ainda têm chance de se perpetuarem através de sexo abundante. Mas as focas que serão caçadas nos nossos gramados não têm tantas chances de se reproduzirem, pois casar com uma Maria Chuteira não é garantia de geração de um filho com talento para o futebol. Temos que chamar o Greenpeace para essa luta. Até o nome do grupo tem a ver com a causa. Paz no verde do gramado.

Vejam bem, não é desrespeito dar o drible da foca. É humilhação. E não há nada melhor do que humilhar o adversário. É saudável. A torcida adora. E se é bom pra torcida, é bom pro futebol. Não é humilhação gritar “olé”? E alguém se mete a punir a torcida por isso, como se tivessem invadido o campo? Não. Então que venha o drible da foca. E cartão vermelho com suspensão de três jogos para quem derrubar a foca. Será só o começo. Em breve, os bons atacantes perderão a vergonha de fazer o ápice da humilhação no futebol: o gol de bunda.

Quem já fez um gol de bunda em alguma pelada jamais esquece. Esse lance magnífico tem que ser incorporado no futebol profissional. Imaginem o Maracanã lotado, aí vem o atacante, passa pelos zagueiros, dribla o goleiro que saiu da área para tentar interceptá-lo, chega à linha do gol sozinho, senta-se sobre a bola e empurra a pelota para dentro com suas nádegas. Sensacional. E aí, no fim do jogo, cercado de repórteres, ele dedica o gol à bandeirinha Ana Paula Oliveira, a mais bela bunda do futebol brasileiro.

Aproveitando que estamos falando em bunda, vamos agora falar de outra prática. Sim, voltemos à proposta inicial desta coluna, que é regulamentar o que é esporte de verdade, denunciando práticas erroneamente descritas como tal. Como avisei na semana passada, abordaremos agora o...

Nado Sincronizado

Não é preciso falar muito. Aqui, neste espaço, já expliquei por que a ginástica rítmica não é um esporte, e sim uma modalidade de dança. Os mesmos argumentos valem para o nado sincronizado, que também é dança, mas molhada. Dança molhada. É até bonito de se ver. Quando se vê. Isso porque só dá para vislumbrar tudo direito com câmeras debaixo d’água.

E é claro que não teria a mesma graça se fosse nado sincronizado de rapazes. Uma coisa é ver as gêmeas Isabela e Carolina de Moraes. A outra seria ver Renato Aragão e Marcelo Barreto (apresentador do Sportv) de maiô, desempenhando uma coreografia sincronizada. Taí outro motivo para dizer que o nado sincronizado não é esporte. Se você vê a mulher praticando, mas não veria um homem na mesma atividade, então não é esporte. É espetáculo visual.

Odisseu Kapyn se identifica com os mãe da foca. Ganhou fama no Cocadaboa. Hoje, escreve na Revista M e no blog Humor Marrom, e apresenta o Ponto Cômicos, grupo de comédia stand-up em cartaz no Saloon 79, no Rio. Faz suas gracinhas aos domingos (às vezes, antes).

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Dick Vigarista

O problema do bicampeão Fernando Alonso é de caráter (foto: Autosport)

Por Vicente Toledo

Quem tem mais de 20 anos provavelmente vai se lembrar do personagem malvado do desenho animado Corrida Maluca. Ao lado de seu cachorro Muttley, aquele da risadinha inconfundível, Dick Vigarista bolava os planos mais mirabolantes possíveis para sabotar seus adversários e chegar em primeiro lugar.

Qualquer semelhança com a F-1 dos dias de hoje não passa de mera coincidência, afinal, como todo bom programa infantil, a Corrida Maluca procurava ensinar as crianças que a trapaça não compensa. Por isso, não importa o quão perto estivesse da vitória, o Dick Vigarista sempre se dava mal (e tome hihihihihi do Muttley).

Ao longo dos anos, vários pilotos encarnaram, de certa forma, o espírito de Dick Vigarista na F-1. Nelson Piquet era mestre em explorar as brechas do regulamento para levar vantagem, Alain Prost e Ayrton Senna jogaram seus carros uns contra os outros em disputas nada limpas, assim como Michael Schumacher fez diversas vezes, especialmente no início da carreira.

Mas ninguém foi tão longe nesse caminho quanto o espanhol Fernando Alonso, um dos poucos pilotos no mundo que pode dizer com orgulho que enfrentou o maior de todos os tempos na pista e saiu vencedor. Não só uma vez, mas duas consecutivas.

Jovem e boa pinta, ele tem tudo para ser um ídolo incontestável do automobilismo. Ou melhor, quase tudo. Falta o bom caráter. Depois de tudo o que fez nesta temporada, Alonso mostrou que não possui o respeito e a honestidade dos grandes heróis. Em vez disso, pratica a mesquinharia e a trapaça, não somente contra os adversários de outras equipes (como mostrou a sua participação mais do que ativa na pilhagem de informações confidenciais da Ferrari), mas também contra seus próprios colegas de trabalho.

Enquanto apenas reclamava por não receber o tratamento diferenciado que considerava merecer, estava em seu direito. Já diz a sabedoria popular: quem não chora, não mama. Mas acuado pelo sucesso inesperado do novato inglês, ele passou a jogar cada vez mais sujo.

Primeiro, tentou comprar o respeito da equipe ao oferecer prêmios em dinheiro para que os mecânicos o ajudassem a bater Lewis Hamilton. Depois, sentindo-se prejudicado por uma atitude infeliz do concorrente, fez aquele papelão na Hungria: ficou parado no pit stop para impedir Hamilton de voltar à pista, e perdeu a razão.

Alonso ultrapassou todos os limites do bom senso ao chantagear o próprio chefe, ameaçando revelar à FIA o esquema de espionagem do qual ele também se beneficiou. O tiro saiu pela culatra, Ron Dennis abriu o jogo primeiro e, desde então, não falou mais com o espanhol.

Ainda assim, ele se safou. Como todo bom malandro, soube o momento de recuar e não bater de frente com quem pode mais. Por isso, mesmo depois de tudo, Alonso está muito próximo do terceiro título mundial. E como a F-1 não é a Corrida Maluca, o Dick Vigarista pode vencer.

P.S. Peço perdão aos fãs da Corrida Maluca se escrevi algum nome errado, ou se em algum dos episódios o Dick Vigarista se deu bem. Já faz muito tempo que eu não vejo um episódio. Eu sei, já inventaram o Google, mas às vezes ele também falha.

Vicente Toledo aprecia Massa à italiana aos domingos, mas dispensa as pizzas. Trabalha como repórter do UOL há seis anos, por onde cobriu diversos campeonatos ao redor do mundo. Hoje, apresenta o UOL News. Escreve sobre automobilismo às sextas-feiras.

O campeão da chatice

Este título já está assegurado para o técnico (foto: saopaulofc.net)

Por Alexandre Mortari

Muricy Ramalho já é campeão, antes mesmo de o Campeonato Brasileiro terminar. Campeão da carência e da chatice. A entrevista do técnico são-paulino após a vitória sobre o Santos foi algo irritante de se ver.

O São Paulo mostrou bom futebol, foi superior ao seu adversário, convenceu e, mesmo assim, Muricy estava irritado no vestiário. Difícil saber o porquê. Talvez um tênis apertado ou uma noite mal dormida.

E não adianta dizer que esse é o jeito dele, que ele é sincero e fala o que pensa. Ele não tem educação mesmo. E, ao mesmo tempo que afasta as pessoas com essa chatice e irritação, fica pedindo carinho e cafuné.

Pede sim, ao ficar o tempo todo reclamando de suposta falta de reconhecimento de seu trabalho, tentando lembrar o tempo todo que o time só está na atual fase porque ele é o técnico. Ou então que certos jogadores, como Hernanes e Breno, estão jogando bem por sua causa.

Muricy trabalha bem, arrumou o São Paulo e não precisaria disso. Mas não vai mudar. Ele acha que é assim e que assim está bom. Azar o dele. Não deve saborear direito o bom momento que vive, pouco após ter sido muito pressionado no cargo.

Porque, não faz muito tempo, o momento era bem ruim. E Muricy não demonstrou tanta segurança assim no cargo. Ou usar Jadílson como titular em toda a Libertadores e, logo após a eliminação, deixar o jogador como segundo reserva e disponível para outros clubes, mostra planejamento e certeza em sua atitude?

Mas isso passou. Muricy vive um grande momento. Mas parece que ainda não percebeu isso. Ou não sabe conviver com seu sucesso.

Alexandre Mortari é veterano nos estádios da terra da garoa. Trabalhou na Rádio Globo, no UOL e na agência MBPress. Hoje, é web editor do MSN. Escreve sobre futebol paulista às sextas-feiras.

Pitacos sobre a Davis

Equipe brasileira passeia na linda Áustria (foto: Marcelo Ruschel/Poa Press)

Por Bernardo Calil

Neste fim de semana, acontecem as semifinais da Copa Davis 2007, paralelas aos playoffs para o Grupo Mundial em 2008. Sem muita conversa, vamos às análises dos confrontos, privilegiando as disputas decisivas que ocorrem em Moscou e Gotemburgo.

Rússia x Alemanha
Atuais campeões, os russos são favoritos neste confronto, não só porque têm Nicolay Davydenko (4° no ranking mundial de simples) em grande fase, mas porque jogam em casa e são mais versáteis – o confronto será no saibro indoor. Safin não vai atuar, nem Tursunov, e a Rússia pode se dar o luxo de guardar Youzhny para as duplas. Todos têm ranking melhor que Igor Andreev (37°), o escolhido para encarar as simples. Vale lembrar, entretanto, que ele foi fundamental na vitória sobre o Chile na primeira rodada, ganhando de Massú e Gonzalez, e contra a França, nas quartas, vencendo as duplas ao lado de Davydenko. À Alemanha, resta apostar em Tommy Haas (11°), quadrifinalista do US Open, e Philipp Kohlschreiber (32°), ambos sem grandes resultados em quadras lentas.

Suécia x Estados Unidos
Roddick (5°) e Blake (7°) contra os Johansson, Thomas (56°), o mais experiente, e Joachim (162°), o mais jovem. Pelos rankings, poderíamos apontar um favorito destacado, mas nunca devemos descartar a Suécia dentro de casa. O piso escolhido foi o carpete, o que favorece os potentes saques de Roddick e Joachim. Sábado guarda ainda o esperado duelo entre os irmãos Bryan, melhores duplistas do mundo, e Aspelin/Bjorkman. Ainda aposto em uma vitória dos Estados Unidos, maiores campeões de Davis, 31 vezes, mas que vivem um jejum desde 1995, o maior de sua história.

***

Pelos playoffs, três confrontos merecem atenção especial: Sérvia versus Austrália, Grã-Bretanha versus Croácia, e República Tcheca versus Suíça. O Brasil? Não tem a menor chance contra a Áustria – a fraca Áustria, diga-se. Os vencedores dos oito confrontos estarão na elite do tênis mundial em 2008, junto com os semifinalistas de 2007 e mais Bélgica, França, Espanha e Argentina. Confira:

Áustria x Brasil
Provavelmente, o duelo mais desequilibrado do fim de semana. Só um milagre salva a equipe tupiniquim no carpete indoor de Innsbruck. Não que Jurgen Melzer (42°) e Stefan Koubek (54°) estejam em grande fase, mas, se com Saretta e Marcelo Melo já estava difícil, imaginem sem os melhores jogadores em simples e duplas, respectivamente? Gustavo Kuerten claramente não queria atuar no duelo, mas foi forçado a jogar ao lado de André Sá nas duplas. Em simples, Ricardo Mello (204°) fará o (pouco) que puder, e Thomaz Bellucci (248°), de apenas 19 anos, foi escalado para ganhar experiência. E é só isso que o Brasil ganhará. Aliás, o COB não quis bancar este passeio até a Europa, e, se não fosse o Ministério dos Esportes, os brazucas iriam ao Velho Continente a nado.

Grã-Bretanha x Croácia
Disputado na grama de Wimbledon, o confronto é um dos melhores do fim de semana. O experiente Tim Henman (92°) e o garoto Andy Murray (18°) tentarão parar a campeã de 2005, que aposta no astro da companhia, Ivan Ljubicic (12°), e no garoto Marin Cilic (108°), 18 anos, quadrifinalista em Queen’s este ano. Mario Ancic e Ivo Karlovic, gigante de 2,08m, possuidor do saque mais poderoso do mundo, estão fora do confronto. A partida de duplas Andy Murray/Jamie Murray contra Ljubicic/Lovro Zovko deverá ser fundamental no resultado final.

Sérvia x Austrália
Quem já acompanhou uma partida de basquete na Sérvia entende qual será o clima deste confronto. Ana Ivanovic e Jelena Jankovic, no feminino, e a sensação Novak Djokovic, no masculino, fizeram do tênis uma febre no país. O Beogradska Arena, em Belgrado, tem capacidade para 20 mil pessoas e estará completamente tomado. Lleyton Hewitt (21°), entretanto, não costuma se preocupar com multidões. Quem não se lembra das quartas-de-final contra o Brasil em 2001, em Floripa? Desta vez, o confronto também será no saibro, mas a quadra é coberta. O australiano Peter Luczak (91°) e o sérvio Janko Tipsarevic (53°) completam os duelos em simples. Djokovic/Zimonjic (5° melhor duplista do mundo) e Hanley/Hewitt duelam nas duplas. Sei não, mas acho que dá Sérvia.

República Tcheca x Suíça
É em Praga, e é no carpete. Mas a Suíça tem Roger Federer, o que permite dizer que os suíços começam dois pontos à frente. O problema são os outros três jogos. Stanislas Wawrinka (44°) é franco-atirador contra Radek Stepanek (34°) e Tomas Berdych (10°). Nas duplas, Federer e Yves Allegro encaram o número 5 do mundo em duplas, o veteraníssimo Martin Damm, de 35 anos, jogando ao lado de Lukas Dlouhy. Está aí a chave da vitória no confronto.

Israel x Chile
Único confronto que começou na quinta-feira, Israel e Chile empatam em 1 a 1. Dudi Sela (105°) surpreendeu e superou Massú (72°) por 3 sets a 1. Gonzalez, um Top Ten (6°), deu o troco na partida seguinte, contra Noam Okun (186°), pelo mesmo placar. Acredito em uma vitória do Chile, mas, nas duplas, os israelenses podem dar trabalho. Erlich/Ram estão, ambos, em 18° no ranking de duplas. Uma vitória chilena favorece ao Brasil, que não terá o país como adversário no Zonal Americano.

Peru x Belarus
O país de nome controverso (segundo o IBGE, Belarus, popularmente conhecido como Bielo-Rússia) não terá vida fácil em Lima, no saibro. O veterano Max Mirnyi (97°) e seu bom saque terão dificuldades na quadra lenta e ao nível do mar, mas o bielo-russo ainda é um grande trunfo nas duplas. Seu companheiro, Vladimir Voltchkov (463°), ajudou na vitória nas duplas contra a Suécia na primeira rodada do Grupo Mundial. Do outro lado, Luis Horna (86°) e Ivan Miranda (231°) tentam levar o país pela primeira vez ao Grupo Mundial, após os fracassos em 1989 e 1994. Difícil prever o vencedor, apesar da maior experiência de Belarus.

Japão x Romênia
No carpete de Osaka, Andrei Pavel (88°) e Victor Hanescu (106°) são favoritos contra os japoneses, que participaram do Grupo Mundial pela última vez em 1985. Takao Suzuki (216°) e Go Sueda (230°) tentarão surpreender. Florin Mergea e Horia Tecau devem repetir a vitória nas duplas conquistada sobre os franceses, na primeira rodada, a única dos romenos na derrota por 4 a 1.

Eslováquia x Coréia do Sul
Sem Dominik Hrbaty, os eslovacos surpreenderam e escalaram a jovem promessa Martin Klizan, de apenas 18 anos, sétimo no ranking nacional e 418° no ranking mundial. Finalista da Davis em 2005, quando perdeu por 3 a 2 para a Croácia em Bratislava – mesmo local do confronto com a Coréia -, a Eslováquia contará ainda com Lukas Lacko (165°) e com a dupla Ivo Klec/Michal Mertinak. A principal força dos coreanos, que tentam ser a primeira nação da Ásia no Grupo Mundial em 10 anos, está em Hyung Taik-Lee, 39° do mundo. O coreano, porém, prefere as quadras duras, rápidas, e o confronto acontecerá no saibro, em ambiente coberto.

Bernardo Calil ainda se pergunta por que Ivanovic tem tanto e Jankovic tão pouco. Trabalhou como jornalista no UOL, no Globoesporte.com e na Globosat. Hoje, milita em outros fronts. Escreve sobre tênis às sextas-feiras.

O próximo xodó da Copa

Complexo J. S. Blatter, em Samoa, palco das eliminatórias (foto: Fifa.com)

Por Márcio Menezes

Toda Copa do Mundo é assim, pelo menos pra mim: além da nossa seleção, eu elejo uma zebra para dispensar atenção especial. E, geralmente, é batata: esses times viram o xodó de uma grande quantidade de torcedores.

Foi assim com Camarões em 90 e 94 (passei a jogar de calças como meu ídolo N'Kono), despertando a minha atenção para países que eu só conhecia recorrendo ao Atlas. Esse sentimento ficou adormecido até a Copa de 2006, quando voltou à tona com força ao acompanhar o simpático futebol de Trinidad e Tobago, do atacante Dwight Yorke e do goleiro Shasa Hislop, que pegou tudo o que veio na direção do gol contra os poderosos suecos.

Em 2010, podemos ter uma oportunidade histórica: ver um país nanico da Oceania (ou seja, qualquer um deles) na Copa do Mundo. Como a Austrália disputará as eliminatórias asiáticas, a chance de ver um estreante aumentou consideravelmente, embora ainda não seja fácil. Dez times começaram a disputa, e só há meia vaga. Isso mesmo, meia vaga, porque o vencedor das eliminatórias da Oceania disputa com o quinto colocado da Ásia.

Depois de um torneio preliminar - disputado em Samoa -, três times se juntaram à Nova Zelândia: Nova Caledônia, Fiji e Vanuatu. Os quatro disputarão a Copa das Nações, em jogos de ida e volta, todos contra todos. Os dois primeiros fazem a final, também em jogos de ida e volta, para definir o campeão e representante do continente na disputa com o quinto melhor asiático. É emoção garantida. E sou Vanuatu desde pequenininho.

Na Série C, só se pede futebol

Batido o martelo em mais uma questão extra-campo na disputa da Terceirona. O Imperatriz, devido à escalação de um jogador irregular - havia tomado o terceiro cartão amarelo na partida anterior -, perdeu 12 pontos na segunda fase e a sua vaga na terceira etapa. A Tuna Luso foi a substituta. Esperamos que seja a última vez que o Tapetão tenha aparecido no torneio.

Mais bonito do que nunca!

Saiu na semana passada, mas vale à pena dar uma olhada na entrevista do ídolo René Higuita no site da Fifa. A entidade máxima do nosso futebol reconhece toda a alternatividade do colombiano - que completou 40 anos - qualificando o craque como "excêntrico", "espetacular" e "colorido". Além disso, há fotos de antes e depois da cirurgia plástica que mudou o rosto do polêmico jogador.

Esse eu já vi pessoalmente...

Saíram os dois times que conquistaram o acesso à divisão principal do Campeonato Pernambucano: o Salgueiro e o Sete de Setembro. Em dezembro de 2005, passei 15 dias em Garanhuns e pude conhecer o campo do Sete e da AGA, o clube rival na cidade, uma das melhores que conheci no Brasil.

Você conhece?

Leônico

Somente os mais velhos conhecem este simpático clube baiano. Considerada um ex-grande clube da Bahia, a Associação Desportiva Leônico - campeã estadual em 1966 - voltou este ano a disputar competições oficiais após um período de afastamento. Mas os resultados não são nada parecidos com a histórica campanha da década de 60.

Naquele torneio, Bahia, Fluminense, Galícia e Leônico só entraram no segundo turno do campeonato, porque a Federação havia interditado a Fonte Nova por suas más condições de conservação. Como a questão acabou sendo resolvida posteriormente, os quatro clubes entraram em campo para o segundo turno, e o Leônico fez bonito, vencendo oito jogos e empatando apenas dois.

Na finalíssima, em melhor de três jogos, realizados apenas em 1967, o adversário foi o Vitória, mas o Rubro-Negro não foi páreo para o time grená, que venceu o primeiro jogo por 2 a 0.

A invencibilidade caiu no segundo jogo, vencido pelo Vitória por 2 a 1, mas o título não escaparia. Na terceira partida, com 20 mil pagantes na Fonte Nova e renda de 36.183,50 cruzeiros novos - que entrara em vigência dois meses antes -, Zé Reis fez não apenas ambos os gols da vitória por 2 a 1. Ele fez história.

Márcio Menezes é alternativo por natureza. Torcedor fanático do América, do Rio, é profissional de boliche e de futebol de mesa. Trabalhou na assessoria de imprensa do América e foi colunista do Globoesporte.com. Escreve sobre futebol alternativo às quintas-feiras.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O lado B da canoagem

Slalom é o patinho feio da canoagem no Brasil (foto: Lydia Gismondi)

Por Lydia Gismondi

Que o esporte amador "não tem investimento, não tem apoio, não tem visibilidade…" todo mundo já está cansado de saber. Mas existem modalidades que parecem viver mais no anonimato ainda. Com a realização do Pan, algumas delas, enfim, foram conhecidas pelo grande público. Outras, entretanto, não tiveram nem a chance de desfrutar dessa oportunidade única. É o caso da canoagem slalom, o único esporte do quadro olímpico que não participou dos Jogos do Rio.

Esta semana, está sendo realizado o Mundial de Canoagem Slalom, em Foz do Iguaçu (PR). Além de reunir os melhores atletas do mundo, a competição ainda é classificatória para as Olimpíadas de Pequim, mas nem isso parece animar os atletas brasileiros. Eles ainda não engoliram terem ficado fora do Pan.

Gustavo Selbach, o principal nome do país no esporte, diz que a participação no Pan era a grande chance de a modalidade ter algum crescimento. O atleta de 33 anos, que já esteve em duas Olimpíadas, se diz cansado de ouvir tantas promessas e nenhuma ação. Ele chegou a dizer, inclusive, que a canoagem slalom é discriminada em relação à velocidade.

De fato, a realização de competições e investimento no slalom são muito mais caros do que na velocidade. As diferenças começam no local de realização das disputas. A primeira precisa ser realizada em corredeiras. Já a segunda, em qualquer água parada. O slalom ainda requer a construção de uma pista com controle da pressão da água, pedras, entre outros detalhes.

Apesar de ser mais caro, o slalom é muito mais plástico. Realizado em corredeiras, o esporte lembra o rafting. Mais bonito, mais emocionante e, contando com a diversidade de rios do Brasil, o esporte tinha tudo para crescer no país. Os europeus, principais potências da modalidade, afirmam que a pista do Canal de Itaipu, em Foz do Iguaçu, é uma das melhores do mundo. Não só pelas qualidades técnicas, mas também pela natureza em volta.

Mas, infelizmente, as expectativas não são tão animadoras para o futuro do esporte no país. Se a equipe atual já não tem grandes resultados a não ser participações em Olimpíadas, provavelmente até isso ficará difícil nos próximos anos. Digo isso porque Gustavo Selbach e Cassio Petry, os dois principais atletas da equipe que já estiveram em Olimpíadas, estão bem perto da aposentadoria. Com a saída deles, o que estava ruim pode ficar pior.

O início para a solução do problema seria começar urgente um trabalho de base. A esperança para que o esporte continue no país e, quem sabe, até cresça, é que novos talentos surjam das escolas e de projetos sociais. Para isso, alguém tem que se coçar e investir.

Lydia Gismondi é radical, mas descartou o rafting nas Cataratas. Foi remadora do Botafogo. Trabalhou na assessoria Media Guide, e atualmente é repórter do Globoesporte.com. Escreve sobre esportes aquáticos às quintas-feiras.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A metade européia da (bola) laranja

A Grécia será uma das pedras no sapato do Brasil (foto: athensnews.com)

Por Marcelo Monteiro

O Pré-Olímpico Europeu de basquete, que terminou no último domingo, confirmou o equilíbrio que marca o basquete do Velho Continente. Depois da disputa, mais dois países, além da Espanha (campeã mundial), asseguraram presença em Pequim: Rússia (campeã do Pré) e Lituânia (terceira colocada, classificada na vaga da Espanha, que foi vice). Foram conhecidos também os quatro europeus que vão disputar o Pré-Olímpico Mundial: Grécia, Alemanha, Croácia e Eslovênia.

Principal herdeira da campeoníssima Iugoslávia, de onde muitos querem que venha o novo treinador do Brasil, a Sérvia foi eliminada na primeira fase. A Itália, atual vice-campeã olímpica, não terá a oportunidade de tentar uma nova medalha em Pequim: ficou em 9º lugar no Pré, onde se classificavam do terceiro ao sexto lugares - excluindo os espanhóis. Outra força, a França, de Tony Parker, também verá os Jogos Olímpicos pela televisão.

Vice-campeã mundial no ano passado, com uma vitória sobre os Estados Unidos/NBA no currículo, a Grécia perdeu a disputa da medalha de bronze e terá que suar a camisa para ir à China. E a Rússia, que não conseguiu se classificar para os Jogos de Atenas e nem para o Mundial de 2006, retornou em grande estilo ao cenário, vencendo a Espanha por um ponto na decisão dentro de Madri. Kirilenko (Utah Jazz), eleito o melhor jogador do campeonato, e Holden, o americano naturalizado russo (imagina o que seria isso no tempo da Guerra Fria), comandaram o time ao título.

Há grande chance de termos seis europeus entre os 12 participantes dos Jogos de Pequim. Grécia, Alemanha (se Dirk Nowitzki jogar), Croácia e Eslovênia, herdeiros da velha Iugoslávia, têm tudo para brigar entre si pelas vagas. O Brasil é uma incógnita sem treinador (que será realmente um estrangeiro, mas que somente começará a trabalhar em janeiro, segundo o presidente da CBB, Gerasime 'Grego' Bozikis, em entrevista ao jornal O Globo). Porto Rico, Canadá (salvo a presença de Steve Nash), Líbano, Coréia do Sul, Nova Zelândia, Camarões e Cabo Verde estão abaixo dos europeus.

As chances do Brasil aumentam significativamente se o torneio for disputado na Arena Olímpica do Rio. Em casa, com o apoio da torcida e sob nova direção, o time pode superar dois europeus e levar a sonhada vaga.

Muito se fala da disputa pela sede da competição, mas o Brasil/Rio só tem um adversário: a Coréia do Sul. A idéia da Fiba é que o Pré Mundial seja realizado em julho, bem próximo dos Jogos Olímpicos, que começam em 8 de agosto. E quadras sul-coreanas seriam as ideais pela proximidade das de Pequim. Depende do interesse do país asiático.

Não acredito que a competição ocorra na Europa. Será que alemães, croatas e eslovenos aceitariam de bom grado, por exemplo, jogar na Grécia, nos verdadeiros caldeirões montados pelos torcedores locais? Nenhum time europeu vai querer jogar na casa de outro, dando uma vantagem significativa para o adversário.

Um país neutro seria a solução, mas quem toparia pagar milhões de dólares para organizar um torneio sem a presença de sua seleção? Segundo Grego, o Pré europeu custou US$ 3,8 milhões e o das Américas, US$ 3 milhões. Temos que torcer para que os sul-coreanos não queiram gastar esse dinheiro. Mas la plata é que não falta a eles.

Bandejas

- Começa no dia 26 o Pré-Olímpico feminino. Por ter ficado em terceiro lugar no Mundial de 2006 (vencendo o Brasil por 40 pontos na decisão do bronze), os Estados Unidos precisam brigar pela única vaga em disputa e, com atletas da WNBA, só não ficam com ela se houver uma zebra gigantesca. Ao Brasil, deverá restar o Pré Mundial, que dará cinco vagas para Pequim. A seleção feminina não é muito melhor que a masculina. Consegue melhores colocações mais pela fraqueza das adversárias do que por grandes atuações.

- Alex precisa se benzer. Depois de ser dispensado de San Antonio Spurs e New Orleans Hornets por lesões, o ala-armador sofreu um problema muscular no primeiro treino no Spurs após o convite para testes. Com grande arsenal técnico e bom na defesa, Alex poderia se tornar um jogador bem melhor e ainda mais importante para seleção se atuasse na NBA. Mas os deuses do basquete parecem não querer dar essa oportunidade ao jogador.

Marcelo Monteiro mal chega a 1,70m, mas é mortal nas bolas de três. Torcedor fanático do Atlanta Hawks, trabalhou por nove anos em sites das Organizações Globo. Hoje, empresta seus conhecimentos à Textual Assessoria. Escreve sobre basquete às quartas-feiras.

Um por todos, todos por um

Jake Peavy levará o troféu Cy Young da Liga Nacional (foto: MLB.com)

Por Fernando Andrade

Certamente, quando o escritor francês Alexandre Dumas criou sua principal obra, em 1844, não passou pela sua cabeça que um esporte sem espadas e, até então, recém-criado, se encontraria tão de acordo com o lema adotado por seus protagonistas em “Os Três Mosqueteiros”.

O beisebol deve ser o mais individual dos esportes coletivos. E digo mais. Em determinados momentos, chega a ser solitário, mesmo com tantas pessoas em campo. No futebol, por exemplo, se um goleiro engolir um frango e seu time perder, ele pode ficar marcado pela torcida, provavelmente ficará, mas não carregará uma estatística oficial de derrota pessoal. Assim como não receberá números oficiais de salvação da equipe ao defender uma cobrança de pênalti.

Se bem que, no beisebol, não é em qualquer posição que essa responsabilidade toda é depositada em um único jogador. Somente o arremessador carrega esses números pelo resto da vida. É por isso que, nesse jogo tão americano, se encaixa tão bem a célebre frase gritada por Athos, Porthos e Aramis, que, ao lado de d’Artagnan, defendiam bravamente o reino francês de Luís XIII.

Se a partida de beisebol terminar com nenhum jogador adversário chegando em bases, o arremessador recebe o crédito de ter realizado um jogo-perfeito, mesmo que, para realizar as eliminações, tenha sido necessário um esforço sobre-humano de seus companheiros de equipe. Além disso, será creditada a ele mais uma vitória em seu histórico pessoal, enquanto seus companheiros acrescentarão a seus currículos somente mais um jogo disputado. Da mesma forma, se um deles falhar na defesa e isso custar o triunfo da equipe, por mais que lhe seja creditado um erro, a estatística de mais uma derrota na carreira sobra ao arremessador.

De fato, essa é uma posição tão peculiar que gera a única diferença de regras entre as ligas Nacional e Americana, que formam a Major League Baseball (MLB). Enquanto na primeira o arremessador é obrigado a participar da rotação de rebatedores, na segunda existe a figura do DH (sigla em inglês para Designated Hitter, ou rebatedor-designado), que não assume nenhuma posição durante o tempo em que seu time está defendendo, mas que rebate no lugar do arremessador, ajudando, assim, a poupar o braço dessa peça tão fundamental ao andamento do jogo.

Assim como os mosqueteiros são condecorados com o título de cavalheiro da corte, o melhor arremessador de cada temporada recebe uma honraria, o troféu Cy Young, em homenagem a quem, para muitos, foi o maior pitcher de todos os tempos. Confesso que, talvez por ter nascido 79 anos depois, não lembro muito bem da temporada de 1901, quando Young alcançou a tríplice coroa da Liga Americana com o maior número de vitórias (33), maior número de eliminação por strikes (158) e o menor ERA (1.62).

Na atual temporada, o principal candidato a receber o troféu Cy Young pela Liga Americana é Josh Beckett, do Boston Red Sox, que ainda sofre uma ameaça por parte de C. C. Sabathia, do Cleveland Indians. Na Liga Nacional, o prêmio vai ficar com Jake Peavy, do San Diego Padres. Peavy, aliás, tem números muito mais impressionantes que os de Beckett, que, juntando as duas ligas, só é líder em quantidade de vitórias, 19, contra 18 do arremessador dos Padres.

Como já é líder da MLB em ERA, com um índice de corridas cedidas de somente 2.39, e de eliminações por strike, 225, basta Jake Peavy empatar com Beckett no número de vitórias para conquistar a tríplice coroa da Major League Baseball.

Agora, lembram do lema dos mosqueteiros? Mesmo tendo o arremessador número um da MLB, o San Diego Padres ainda precisa muito da ajuda de todos para garantir uma vaga nos playoffs. Por enquanto, a vaga pelo Wild Card está ficando com San Diego, mas o Philadelphia Phillies ainda promete uma disputada batalha.

Fernando Andrade passou de fã a companheiro de transmissões de Ivan Zimmerman. Jornalista, trabalhou nas rádios Tupi, Nativa, Jovem Pan e Paradiso. É jogador, treinador e presidente da Federação Carioca de Beisebol e Softbol, e escreve sobre o esporte às quartas-feiras.