Por Lydia Gismondi
A coluna desta semana discute um tema que vem mexendo com a natação brasileira desde o Pan. Tenho uma opinião divergente de grande parte do público e da imprensa, mas acredito que o nome do Brasil na competição foi César Cielo. Para muitos, a afirmação é descabida diante dos brilhantes resultados de Thiago Pereira, mas o caminho para as Olimpíadas de Pequim faz dos tempos conquistados algo tão ou mais importante que as medalhas do Rio 2007.
Antes de mais nada, nem de longe tiro o mérito de Thiago. Ele realmente é um nadador completo. Mesmo que o nível do Pan tenha sido bem abaixo de um Mundial, Thiago fez sua parte, vencendo com tranquilidade seis das oito provas que participou. Realmente é impressionante a técnica e a resistência dele. Mas acho que os holofotes ficaram tão fixados em Thiago que César Cielo parece ter ficado injustamente à sombra do companheiro.
Antes de começar o Pan, em uma entrevista com Gustavo Borges, pedi que ele me apontasse o grande nome da natação brasileira na atualidade. Fiquei surpresa com a resposta: César Cielo. Gustavo me explicou o que, na época, era difícil de entender, mas hoje é mais claro:
“Thiago é um nadador completo e com certeza será o grande nome do Pan. Ele provavelmente vai conquistar medalha em todas as provas. Mas, para mim, César Cielo é o melhor nadador brasileiro da atualidade. Ele é o que tem mais chances de uma medalha olímpica”.
Dito e feito. Thiago conquistou seis ouros, uma prata, um bronze e o Brasil. Nenhum dos tempos alcançados, entretanto, seriam suficientes para fazer o brasileiro sequer subir ao pódio no último Mundial, em março, em Melbourne, na Austrália.
Já a incrível marca de Cielo nos 50m livre (21s84), garantiria ao atleta o ouro no Mundial deste ano e nas últimas Olimpíadas. Cielo, que venceu três provas nos Jogos do Rio (50m, 100m e 4x100m), não só bateu o recorde sul-americano dos 50m como conseguiu a quinta melhor marca do mundo na história. O melhor tempo (21s64) é do russo Alexander Popov, conquistado em 2000. Além disso, aos 20 anos, Cielo tornou-se o primeiro brasileiro em todos os tempos a superar a duríssima barreira dos 22 segundos.
Quando acabou o Pan, tinha a certeza que Cielo devia estar, no mínimo, frustrado por seu feito histórico não ter tido um décimo do reconhecimento que as vitórias do Thiago tiveram. Errei. Conversei com ele por telefone, e ele não me pareceu nem um pouco chateado com isso. Pelo contrário, elogiou muito Thiago e disse que até prefere ficar "longe dos holofotes", para que nada atrapalhe o seu objetivo principal: o ouro olímpico.
E que ninguém duvide disso.
2 comentários:
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