Rebeca desmaia no Troféu José Finkel: explicações sombrias (foto: Sátiro Sodré)
Por Lydia Gismondi
Semana para lá de oportuna para começar a nossa coluna de esportes aquáticos. Está sendo realizado, em Santa Catarina, o Troféu José Finkel de Natação. Depois do Pan e a um ano das Olimpíadas, a competição de clubes parece ficar à sombra, mas pergunta para os técnicos do Pinheiros e do Minas se tem alguém brincando de competir ali. As manchetes dos jornais de quinta-feira, entretanto, destacaram a competição por outros motivos.
Na última quarta, logo após a primeira final da competição, os 50 metros livre feminino, uma cena chocou o pequeno público que estava no novo Parque Aquático da Unisul ou quem assistia pela televisão. Rebeca Gusmão, principal nome da natação feminina brasileira na atualidade, nadou bem e garantiu a medalha de ouro com o tempo de 26s72. Tudo ótimo se logo depois de sair da piscina a nadadora não desfalecesse.
A TV transmitiu o exato momento em que a atleta, sem o menor controle do seu corpo, despencou na borda da piscina. Foram minutos de tensão. Rebeca tremia muito, não respirava direito e parecia estar realmente “apagada”. Confesso que a calma das pessoas que cercavam a atleta me deixou na dúvida se eles estavam vendo a mesma situação que eu estava.
Ela foi atendida, começou a demonstrar melhora, vomitou e conseguiu sair do local andando amparada. Fim do susto? Bom, diferente do que o técnico dizia em entrevista na televisão, para mim, aquilo não foi apenas um susto. Ninguém sabia ao certo o que se passava com a atleta, a não ser que ela havia sido levada para o hospital para fazer alguns exames.
A competição continuou, mas foi como se não tivesse continuado. Nem o primeiro ouro de Thiago Pereira na competição (200m peito) parecia ter alguma relevância perto da cena vista ali. Até agora não sei se estou mais chocada com as fortes imagens ou com as várias causas apontadas para elas. Ainda acho que dona Inês, mãe de Rebeca, é quem mais tem fundamentos em sua teoria. Ela contou que a filha, que sempre sofreu com crises asmáticas, já foi para Florianópolis doente. Segundo ela, antes de viajar, Rebeca chegou a fazer uma consulta com seu pneumologista, que afirmou que ela não tinha condições de ir para Santa Catarina competir. Dona Inês disse que ela só foi porque tinha “compromissos”.
O fato é que logo depois do comentário da mãe, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos mandou um comunicado com a declaração da médica coordenadora de Serviço Antidoping da CBDA, Doutora Renata Castro, sobre o caso. Renata disse que Rebeca teve abalos musculares e vômitos por causa de um sanduíche que ela tinha comido no dia anterior.
Nesta quinta, a própria Rebeca Gusmão resolveu falar sobre o assunto, mas mostrou pouquíssima disposição para tentar explicar o que realmente aconteceu. Afirmou apenas que foi um “acúmulo de coisas”: resfriado, mudança de temperatura, cansaço e sanduíche estragado.
Todas as explicações e palavras da própria Rebeca não trouxeram, até agora, uma luz ao caso. A discussão gira em torno dos limites físicos da busca pelas melhores marcas, que andam fazendo os atletas transporem seus limites, sem se dar conta de que estão expondo suas vidas. O caso da Rebeca não foi algo “corriqueiro”. Não somos médicos, mas não é necessário ser para saber que não é normal uma atleta ter uma convulsão depois de uma prova. Muito menos por causa de um sanduíche estragado.
Lydia Gismondi não precisa de sanduíches vitaminados para deixar os adversários na marola. Foi remadora do Botafogo. Trabalhou na assessoria Media Guide e hoje é repórter do Globoesporte.com. Escreve sobre esportes aquáticos às quintas-feiras.
Semana para lá de oportuna para começar a nossa coluna de esportes aquáticos. Está sendo realizado, em Santa Catarina, o Troféu José Finkel de Natação. Depois do Pan e a um ano das Olimpíadas, a competição de clubes parece ficar à sombra, mas pergunta para os técnicos do Pinheiros e do Minas se tem alguém brincando de competir ali. As manchetes dos jornais de quinta-feira, entretanto, destacaram a competição por outros motivos.
Na última quarta, logo após a primeira final da competição, os 50 metros livre feminino, uma cena chocou o pequeno público que estava no novo Parque Aquático da Unisul ou quem assistia pela televisão. Rebeca Gusmão, principal nome da natação feminina brasileira na atualidade, nadou bem e garantiu a medalha de ouro com o tempo de 26s72. Tudo ótimo se logo depois de sair da piscina a nadadora não desfalecesse.
A TV transmitiu o exato momento em que a atleta, sem o menor controle do seu corpo, despencou na borda da piscina. Foram minutos de tensão. Rebeca tremia muito, não respirava direito e parecia estar realmente “apagada”. Confesso que a calma das pessoas que cercavam a atleta me deixou na dúvida se eles estavam vendo a mesma situação que eu estava.
Ela foi atendida, começou a demonstrar melhora, vomitou e conseguiu sair do local andando amparada. Fim do susto? Bom, diferente do que o técnico dizia em entrevista na televisão, para mim, aquilo não foi apenas um susto. Ninguém sabia ao certo o que se passava com a atleta, a não ser que ela havia sido levada para o hospital para fazer alguns exames.
A competição continuou, mas foi como se não tivesse continuado. Nem o primeiro ouro de Thiago Pereira na competição (200m peito) parecia ter alguma relevância perto da cena vista ali. Até agora não sei se estou mais chocada com as fortes imagens ou com as várias causas apontadas para elas. Ainda acho que dona Inês, mãe de Rebeca, é quem mais tem fundamentos em sua teoria. Ela contou que a filha, que sempre sofreu com crises asmáticas, já foi para Florianópolis doente. Segundo ela, antes de viajar, Rebeca chegou a fazer uma consulta com seu pneumologista, que afirmou que ela não tinha condições de ir para Santa Catarina competir. Dona Inês disse que ela só foi porque tinha “compromissos”.
O fato é que logo depois do comentário da mãe, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos mandou um comunicado com a declaração da médica coordenadora de Serviço Antidoping da CBDA, Doutora Renata Castro, sobre o caso. Renata disse que Rebeca teve abalos musculares e vômitos por causa de um sanduíche que ela tinha comido no dia anterior.
Nesta quinta, a própria Rebeca Gusmão resolveu falar sobre o assunto, mas mostrou pouquíssima disposição para tentar explicar o que realmente aconteceu. Afirmou apenas que foi um “acúmulo de coisas”: resfriado, mudança de temperatura, cansaço e sanduíche estragado.
Todas as explicações e palavras da própria Rebeca não trouxeram, até agora, uma luz ao caso. A discussão gira em torno dos limites físicos da busca pelas melhores marcas, que andam fazendo os atletas transporem seus limites, sem se dar conta de que estão expondo suas vidas. O caso da Rebeca não foi algo “corriqueiro”. Não somos médicos, mas não é necessário ser para saber que não é normal uma atleta ter uma convulsão depois de uma prova. Muito menos por causa de um sanduíche estragado.
4 comentários:
Muito legal a matéria sobre a bombada. Agora falta um perfilzão do Nicholas Santos, o galã da natação brasileira.
Bem vinda ao blog, Bela matéria!!
Vou te acompanhar por aqui....
beijos
Parabéns, ótima matéria! A Rebeca tem que tomar cuidado!
Está para aparecer aquele ou aquela que vai investigar e provar que a nadadora Rebeca Gusmão não apenas se utiliza de complementos alimentares para a sua alta performance. É humanamente impossível uma pessoa ficar com aquela silhueta sem se utilizar de substâncias proibidas. Maquiar doping hoje não é fácil, mas é possível se tiver um bom staff. A substância proibida por um tempo fica no organismo e depois se disipa. Cultivar sangue "limpo" e, após o ciclo, introduzi-lo de volta no organismo para se maquiar o doping, é algo já praticado. Certamente deve haver outras formas. Rebeca Gusmão destoa das demais atletas brasileiras, é visível, é fato. "Gigante pela própria natureza" está tatuada em seu bíceps, se não me engano, esquerdo. De fato, ela é "gigante" em todos os sentidos.
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