terça-feira, 4 de setembro de 2007

Sobre Tuta e Roger

Tuta marcou três contra o Bota (fotos: Site oficial do Grêmio e EGO/Globo.com)

Por Emiliano Tolivia

Vou abrir a primeira coluna remando contra a maré. Está no inconsciente do torcedor carioca que o Tuta é ruim, o Tuta é caneleiro, o Tuta não joga nada. Pois eu acho que não é bem assim. Os três gols marcados na vitória do Grêmio por 3 a 0 sobre o Botafogo me relembraram as velhas discussões de última sua passagem pelo Rio, no Fluminense.

Claro, não é craque. E tem o hábito “Roberto Carlos” de rir após perder o gol mais feito de todos os tempos. Mas sua média pelo Tricolor carioca é de quase 0,5 por partida. Amigos, Romário só há (houve) um. Antes que falem do Ronaldo, ele quase não jogou no Brasil, não deu show no Maracanã, então, apesar de todo o meu apreço - obrigado pelo penta, Fenômeno -, não vai servir de referência aqui.

Uma rápida comparação. Tuta ou Somália? Ou Soares? Ou Souza? Ou Obina (se você acha que é craque, melhor que o Eto´o, desconsidere. E vá ver futebol)? Ou Abuda? Ok, Leandro Amaral vem jogando muito bem e é melhor do que o Tuta. Só precisa dizer onde esteve escondido entre o distante Brasileirão 1996 pela Portuguesa e 2006. Fazendo gols é que não foi. Vou deixar fora apenas o Dodô. Pré-doping.

Como bem definiu o jornalista e amigo Caio Barbosa, o Tuta tem todos os defeitos do mundo e algumas qualidades. A principal delas, fazer gol em clássicos. Isso já consagrou muito botinudo por aí. Alguns viraram lenda. Com o personagem supracitado, por algum motivo, não ocorreu em clube algum. E não vai acontecer novamente no Grêmio. É seu fardo.

***


Existe, claro, o outro lado da moeda, que são os jogadores superestimados. Até pela força de sua torcida, tal fato ocorre com alguma freqüência no Flamengo. Mas desta vez, o Rubro-Negro é inocente. Roger já chegou à Gávea com status de supercraque da galáxia. Afinal, o que houve com o jogador que ganhou de ninguém menos que Carlos Alberto Parreira o apelido de Maradoninha?

Roger nunca gostou de treinar. Jamais teve uma forma física exuberante. Quando se é jovem, fica fácil, mas o meia já não é nenhum garoto. Ao não treinar com afinco, não se esforçar para jogar futebol, seu rendimento cai ano após ano. Roger é um jogador que parou no tempo. Seu futebol é, hoje, igual ao de quando apareceu, em 97, e estourou, em 2000. Em dez anos, em nada evoluiu. E regrediu no aspecto físico.

Virou, de repente, o craque de Caras. Duas caras, para alguns ex-companheiros, já que outra característica forte do jogador é dividir grupos. Dividir por assim dizer. Em geral é o povo contra Larry Flynt mesmo. Nada contra, mas foi visto bebendo cerveja em um botequim em frente ao aniversário da filha da Xuxa e não teve idéia melhor do que ligar para o site que obteve uma foto da fugidinha para reclamar. Francamente...

Demorou menos do que o previsto. Joel Santana já está irritado com o jogador, que ou está suspenso por cartões ou afastado por simulação. Sem ele, o Flamengo saiu da zona do rebaixamento. Com ele, voltou sem pestanejar ao empatar com o Sport no Maracanã abarrotado. A solução é a mais simples de todas. Acorda, Joel!

***

Ótima a notícia de que Flamengo e Fluminense devem dividir a administração do Maracanã. Fla-Flu é a cara do Rio, então nada mais justo que seja o estádio dos dois clubes. Vasco tem o seu caldeirão São Januário, onde se sente mais à vontade. Com alguma reforma, a Colina histórica estará apta para ser um estádio nos moldes do futebol moderno, que é para onde se tenta enfim levar o esporte brasileiro nos próximos anos. O Botafogo já garantiu o Engenhão, gol de placa da diretoria alvinegra.

E temos o Maracanã, que um dia perigou tornar-se um elefante branco, e ficará nas mãos de seus dois maiores inquilinos. Fica sugestão de se fazer algo parecido com o que ocorre em Milão. O estádio é o mesmo, mas quando joga o Milan, chama-se San Siro. Na vez do Inter, atende por Giuzzepe Meazza.

Quando o dia for do Rubro-Negro, segue o nome Mário Filho, flamenguista e criador da expressão Fla-Flu. Na vez do Tricolor, o estádio então vira Nélson Rodrigues, irmão de Mário e maior cronista esportivo e pó-de-arroz que o país já teve.

***

Por falar em Maracanã, bom clássico entre Fluminense e Vasco. Partida dos meias. Conca gastou a bola no primeiro tempo e acabou premiado com um gol, contando com a colaboração de Fernando Henrique, o goleiro que mais oscila em uma mesma partida no Brasileirão. Algum vascaíno anda sentindo falta do Morais?

Do lado tricolor, segue a rotina de ser carregado pelos Thiagos. O Silva mostra a cada jogo que Renato Gaúcho tem alguma razão quando o aponta como o melhor jogador do Brasil. Ainda não sei se concordo com o técnico, mas não é uma opinião absurda. O Neves, único armador do elenco tricolor, fez a diferença na etapa final. Mas, ao contrário do caso cruzmaltino, não dá para dizer que Carlos Alberto não faz falta.

Por sinal, a torcida do Vasco fez bonito, assim como havia feito a do Fla contra o Sport. Lado direito do Maracanã lotado. A torcida do Flu esteve incansável, cantou sem parar, mas o número de pessoas decepcionou. Sei não. Acho que o tricolor já está esperando a Taça Libertdores começar. Espero que seja isso.

***

Frases da rodada:

“Não acho que falhei” – Fernando Henrique, goleiro do Fluminense, contrariando o óbvio

“A campanha é horrorosa e não dá para conversar de outra forma. As coisas têm de ser ditas da maneira como ocorrem. Não adianta contar história do tio Janjão porque nossa realidade é outra” - Joel Santana, técnico do Flamengo, em um dia de fúria

Seleção carioca da rodada:

Max, Wagner Diniz, Thiago Silva, Thiago Sales e Juan; Arouca, Perdigão, Conca e Thiago Neves; Jorge Henrique e Leandro Amaral

Técnico: Celso Roth (pelo primeiro tempo) e Renato Gaúcho (pela etapa final)

Emiliano Tolivia é melhor que o Eto'o, melhor que o Henry, mas respeita o Pelé. Passou pelo Lance, assessoria de vôlei de praia da CBV e atualmente é subeditor do Globoesporte.com, pelo qual cobriu a Copa 2006. Escreve sobre futebol carioca às terças-feiras.

14 comentários:

Anônimo disse...

Não deve ter visto a final da Libertadores para falar isso do Tuta. Aliás, deve ser algum colorado enrustido

Anônimo disse...

Concordo a respeito do Tuta. No fundo, tem lá sua eficiência e principalmente, estrela. O foda é que ele irrita a torcida como poucos antes de marcar seus gols, quase sempre importantes. Tb acho que tem vaga na maioria dos times cariocas. Teria no Vasco, mas, como torcedor, quero não, obrigado. Muito boa a coluna, Gringo. Abs.
OBS: Chamar de "colorado enrustido", na minha terra, dá até cadeia.

Anônimo disse...

Gringo, perfeito em quase tudo. O Tuta é um cara desidioso, mas sabe jogar futebol, tirando a noite e o chiclete seria um pouco melhor, algo que sua própria ruindade permitiria.

O Roger é um engana trocha e trocha tem muito no império do mal.

Um abraço do Thales.

Anônimo disse...

Fala sobrinho!!!!

Vou ter que discordar de você, colocar Juan, aquela bosta que não marca ninguém, na seleção da semana após o bisonho desempenho do mesmo no sábado (eu estava lá com teu primo) é demais. Agora, trocar o nome do Maraca e comparar o Fluminense ao Inter - já sei, o Fla é o Milan - não dá. Cadê a torcida do timinho? Cadê? O Maraca devia ser do Mengão!!!!!

[]s

Anônimo disse...

Caro anônimo, não, não sou colorado enrustido, pode ficar tranqüilo;

Zé, realmente o Vasco não está precisando, pois no momento - eu disse no momento - está bem servido com o Leandro Amaral. Lembrou que sabe jogar bola;

Thales, o chicletinho somado ao sorriso de "fiz merda. caguei" é terrível mesmo. Em relação ao Roger, vou deixar o comentário para você!

Obrigado e abraço!

Anônimo disse...

Tio só faz passa vergonha rs
Olha, foi difícil escolher um lateral esquerdo na rodada... Mas entre Junior Cesar, Guilherme e afins... Vou de Juan mesmo. Chorando, mas vou.

O segundo comentário eu te respondo depois, pessoalmente rs

Abração!

Anônimo disse...

O PVC, que é genial, tem a melhor definição do Tuta que eu já ouvi: quando está no seu time, você o odeia; quando ele sai, sente saudade...

Anônimo disse...

Acho que, tratando-se do futebol do Rio, o América deveria ser citado. Os rubros têm brilhado na Terceirona e merecem linhas do colunista, sem contar que um espaço na seleção da rodada cairia como uma luva para o ótimo futebol apresentado por André Gomes e Santiago na última rodada.

Saudações rubras

Anônimo disse...

Ok, Menezes, vou ver se tiro Thiago Silva, Perdigão ou Arouca pra colocar um dos dois, ok?

Abraço!

Anônimo disse...

É... É possível que o PVC tenha quase desvendado o mistério de Tustines

Valeu!

Anônimo disse...

Não sinto saudade do Tuta. Mas tenho que admitir: é melhor do que os atacantes do Fluminense. Também é melhor do que o "Bizarro" do Obina que tem entrado em campo. E se o Leandro Amaral andou sumido, sem ganhar nada nos últimos anos, o que podemos dizer do Tuta? Sempre esteve por aí... Sem ganhar um título! Ele faz tudo ao contrário do normal. Ri quando perde gol, discute com os outros quando está por cima, perde gol quando é pra fazer e faz quando é pra perder (lembrem-se do Venezia!). Não é normal!

E quanto ao Maracanã, acho até interessante a história dos irmãos... Mas em Milão não existem dois nomes pro estádio. Ele se chama Giuseppe Meazza. Como o citado jogou a vida inteira pela Inter, a torcida do Milan simplesmente se recusou a usar esse nome. Ela chama o estádio (que continua sendo municipal) de San Ciro, porque este é o nome do bairro em que fica.

Grande coluna Gringo!

Abço, Magrelo.

Anônimo disse...

Fala, Magrelo!

Bom, o Tuta ganhou o paranaense de 98 pelo Atlético-PR (artilheiro), o carioca de 2000 pelo Flamengo, o de 2005 pelo Fluminense e o gaúcho deste ano pelo Grêmio. E fez gols ao longo desses anos todos. Minha crítica ao Leandro Amaral é que ele passou dez anos sem fazer nada de nada, nem gols, nem títulos... E só em time grande. Aliás, fazendo uma rápida pesquisa aqui, ao que tudo indica, ele nunca levantou taça alguma profissionalmente.

Mas, como eu disse, pelo que mostra hoje, o Leandro Amaral é sim melhor do que o Tuta. Resta saber até quando.

Em relação ao estádio italiano, sempre foi essa a história que eu ouvi. Mas que seja, ainda assim eles usam dois nomes, já que torcida e imprensa chamam o estádio "do Milan" de San Siro. Nada melhor do que tornar isso oficial, no caso carioca.

Abração!

Anônimo disse...

Gringo,
Gostei do blog. Sabe q te admiro, mas, "nas mãos de seus dois maiores inquilinos", foi desnecessário, pra não dizer engraçado...
Abraço.
Chicão

Anônimo disse...

Chicão,
São os dois clubes que mais jogam no Maracanã, rapaz... historicamente. Tanto que, em breve o Fogão vai adotar de vez o Engenhão.
Ê, mania de perseguição

Abração